Maconha e Tabagismo

As matérias sobre o Tabagismo se encontram ao final da página, iniciando-se a partir da palavra TABAGISMO.
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Jornal FSP 01.12.2013
Para Mujica, regulação da maconha se respalda em "tradição" uruguaia

Em entrevista ao "TV Folha" deste domingo, o presidente uruguaio, José Mujica, fala sobre a legalização da maconha no país: "Vamos regular um mercado que já existe. Não podemos fechar os olhos para isso. A via repressiva fracassou".
O mandatário é responsável por transformar o Uruguai no primeiro país a regulamentar produção e venda da maconha, algo inédito no mundo.
"Por que plantar? Pela tradição que tem o Uruguai. O país foi o primeiro a reconhecer a prostituição na América Latina e a organizou", diz o ex-guerrilheiro que, além da nova medida, já aprovou o casamento gay e legalizou o aborto.
País de tradição liberal, onde fumar maconha não é crime (ao contrário do Brasil), o Uruguai começou a discutir a regulação da droga há pelo menos dez anos.
Aos enviados especiais Lucas Ferraz e Félix Lima, que visitaram a chácara em que Mujica vive, na zona rural de Rincón del Cerro, o presidente ressalta que o Uruguai vai regulamentar, e não legalizar a maconha. A venda será controlada pelo Estado.
Baseado ele afirma que nunca fumou. "Não defendo a maconha, gostaria que ela não existisse."
Na entrevista a seguir, Mujica também garante que o país não se transformará na terra do "fumo livre".
Já aprovado na Câmara, o projeto de lei que regulamenta a droga permite ainda que os usuários, mediante licença, plantem a erva em casa.
De acordo com o governo, se quiserem sair da clandestinidade, os cerca de 200 mil usuários de maconha no país deverão se cadastrar para ter acesso limitado à droga.
A votação do projeto pode ser concluída nesta semana pelo Senado, último estágio antes da sanção presidencial. Na prática, a experiência começará no ano que vem.
Ainda será preciso regulamentar a medida, estabelecendo limite de cigarros que podem ser comprados --um número citado é 40 por mês.
A prerrogativa será restrita a uruguaios e residentes no país, uma forma de inibir o turismo da droga.
Como o governo Mujica tem maioria no Senado, espera-se que o projeto seja aprovado com folga.

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Carta Capital 25.10.2013

Maconha: Colorado, muito obrigado pelo exemplo

A Medical Marijuana Enforcement Division, do governo de Colorado, disciplina a produção legal de quatro toneladas da erva por mês.
Pedro Abramovay

Não é todo dia que a gente se sente no futuro. Nem é todo dia que fica tão claro que o futuro pode ser tão melhor do que o presente. Foi na periferia de Denver, no estado do Colorado, nos EUA. Uma fábrica de 300 funcionários envolvida em processo de produção absolutamente lícita que, no Brasil existe, mas não gera empregos, gera cadáveres.
O Colorado decidiu em 2012, por plebiscito, legalizar a produção e venda de maconha para fins recreativos. A maconha já tinha mais de 100.000 usuários medicinais no Estado. Mas a população do Colorado resolveu dar um passo além e aceitar o desafio do pioneirismo de questionar que a única forma possível de abordar o problema das drogas é por meio de prisões, armas, guerra.
Alias, é curioso perceber como essa trajetória – da maconha medicinal para a regulamentação do uso recreativo - parece ser uma tendência nos EUA. Há pelo menos mais uma dezena de Estados que já aceitam o uso da maconha medicinal e que, segundo as pesquisas, devem, nos próximos 3 anos, aprovar o uso recreativo.
Para mim a explicação para esse fenômeno parece óbvia. Como a maconha pode ter diversos tipos de uso medicinais, o número de pacientes pode ser muito alto. No caso da Califórnia fala-se em mais de um milhao de pacientes . No caso do Colorado, a média de idade dos usuários de maconha medicinal era de 41 anos. Assim, o fenômeno da maconha medicinal faz com que a imagem do usuário deixe de ser associada preconceituosamente ao jovem problemático. Ao se ver o uso por senhoras de idade ou por executivos de sucesso, os preconceitos vão se dissolvendo e o debate pode se dar em torno dos riscos e benefícios reais e não daqueles inventados pela ideologia da Guerra às drogas.
A retirada dos preconceitos, portanto, parece ter gerado um debate na sociedade norte-americana que mudou completamente a visão que a opinião pública tinha sobre o tema. O Instituto Gallup aponta que, se em 1997, 73% dos Americanos eram contra a legalização da maconha, em 2013, após a maioria da população do pais viver estados onde a maconha medicinal é regulamentada, 58% dos americanos apoiam a legalização e apenas 39% são contrários.
Revólveres e sangue
Este processo tornou possível o que eu vi aqui em Denver. Era parte de um evento que reuniu funcionários do estado do Colorado e do Uruguai – que está prestes a regulamentar o uso recreativo- para a troca de experiências e ideias sobre a implementação do modelo.
As apresentações dos funcionários do governo do estado do Colorado, mostrando uma tecnologia avançada para calcular o número de plantas, controlar a produção e cobrar impostos foi impressionante. Mas, para mim, o mais curioso era entrar por aqueles corredores, escaninhos, máquina de Xerox e ver a placa do setor daquela repartição: “Medical Marijuana Enforcement Division”. Isso mesmo. A telefonista atendia o telefone assim: “Marijuana Enforcement Division, good morning”. A maconha não era um problema de polícia. Era uma questão de política pública.
Isso ficou ainda mais claro na apresentação da responsável pela área de prevenção. A funcionária nos explicou que eles tinham dados de que as campanhas feitas na base do medo não funcionam com jovens (aqui nos EUA tinha uma famosa na qual mostravam um ovo fritando e dizia: “este é o seu cérebro quando você usa drogas”). Mas aquelas que mostram dados reais, que valorizam e informam a escolha do jovem sobre o tema, têm um efeito muito maior. Ela nos disse que, com o fim da proibição – mesmo que a proibição se mantenha para menores de idade-- eles vão poder fazer campanhas de prevenção mais eficientes e tem a expectativa de que caia o consumo entre adolescentes.
Se isso tudo já apontava que um caminho mais inteligente para lidar com esse tema parece ser possível. O grande choque veio com a visita que fizemos à Live Well. Uma enorme fábrica de produção de maconha.
Um galpão de 11.000 m2. Com 80.000 plantas adultas e uma produção de 1 tonelada por mês --um quarto da produção autorizada no estado. 300 funcionários trabalhando. Em janeiro serão 430. Por mais que eu já tenha lido e estudado muito sobre o assunto, é muito diferente quando você vê aquilo materializado na sua frente.
A primeira coisa que me veio à cabeça foi a ideia de que, no Brasil, este mesmo processo produtivo utiliza as mesmas centenas de pessoas (talvez até mais) – algumas no Paraguai- mas elas não tem carteira assinada. Têm revólveres. Têm uma expectativa de vida de menos de 25 anos. Alimentam uma história de violência que mancha de sangue a história recente do Brasil.
Fiquei me imaginando um jovem vindo do Brasil escravagista. Chegando a um pais que tinha a capacidade de se desenvolver economicamente sem a escravidão e pensando: “nossa, é possível um mundo sem escravidão”. Tenho poucas dúvidas de que no future se olhará para a guerra às drogas como hoje olha para a escravidão. Com uma vergonha dos antepassados. “Como foi possível terem aceitado isso?”
A regulamentação do uso recreativo apresenta desafios enormes. Evitar os erros que nossa sociedade comete com o álcool é o maior deles (nenhum dos modelo que estão sendo colocados em pratica aceita o consumo público ou a propaganda de maconha). Mas já sabemos que o modelo criminalizador que vigora atualmente não consegue reduzir o consumo, cuidar da saúde das pessoas e produz mortes em séries e cárceres superlotados.
Sou e serei sempre grato a esses pioneiros do Colorado, de Washington e, em breve do Uruguai, por abrirem o caminho para que possamos saber se há alternativas melhores para o nosso futuro. Aqui eu vi apenas a primeira página deste livro. E ela me pareceu ser muito melhor do que a tragédia na qual temos vivido no último meio século.
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O Globo 14.08.2013
Menina de 6 anos trata epilepsia usando maconha.

Depois de vários tratamentos, os pais de Charlotte Figi apelaram para uma medida pouco convencional no Colorado (EUA). A fim de tratar uma forma rara de epilepsia (Síndrome de Dravet), eles passaram a tratar a menina americana de 6 anos com óleo de maconha medicinal.
Deu certo.
"Charlotte está comendo e bebendo sozinha pela primeira vez em anos. Ela está dormindo bem toda a noite. O seu comportamento de automutilação, choro, movimentos repetitivos, violência, fuga do contato olho no olho, insônia, falta de contato social é coisa do passado. Ela tem a mente tranquila, está focada, não tem mais déficit de atenção. Charlotte monta em cavalos, patina, pinta, dança, faz caminhadas. Pela primeira vez ela fez amigos. Seu cérebro está sendo curado. Ela está saudável. Ela está feliz", contou Paige Figi, a mãe da menina, em um blog para auxiliar pessoas que passam pelo mesmo problema.
De acordo com Paige, com oito meses de tratamento com maconha medicinal, os desmaios semanais de Charlotte foram reduzidos de 300 para três. Ela salientou que o programa alternativo foi aprovado por neurologistas e pediatras.
Em 2000, eleitores do Colorado aprovaram uma lei que obriga o estado a fornecer tratamento com maconha medicinal.
O caso de Charlotte levou Sanjay Gupta, o famoso médico e comentarista de saúde da CNN, a se desculpar por ter tido impressões precipitadas sobre os benefícios da maconha medicinal. Ele escreveu um artigo chamado "Por que eu mudei minha opinião sobre a erva".
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The Independent 09.08.2013
O bom senso do Uruguai sobre a MACONHA

Finalmente temos um país que está se curvando às exigências da lógica, bom senso e política sólida, tornando-se o primeiro no mundo a regular a produção, distribuição e venda de cannabis. A Câmara dos Deputados do Uruguai aprovou o projeto de lei necessário, que agora só precisa da aprovação do Senado.
Este é um momento muito significativo na longa marcha da histeria à sanidadeque é a chamada guerra contra as drogas. O argumento para acabar com a proibição é uma combinação de princípios e praticidade. Em princípio, este jornal acredita que o Estado não tem qualquer direito de parar as pessoas de fazer algo que possa prejudicar a elas mesmas, desde que não prejudique os outros. Um século de evidências mostra que as drogas criminalização aumenta em vez de diminuir o mal aos outros.
Isso nos leva ao aspecto prático. Mesmo a descriminalização das drogas - como aconteceu em Portugal - não evita que gangues mantenham o controle da mais lucrativa das indústrias. Só legalizando a distribuição e a produção pode o seu domínio ser quebrado.
Em sua recente turnê no Brasil, o papa Francisco condenou qualquer movimento em direção à legalização. Pouco importa: a fé e a superstição religiosas do pontífice dificilmente o qualificam para se pronunciar sobre tais assuntos, e - animadoramente - os governos da América Latina, que têm de lidar com as consequências catastróficas de proibição em termos de saúde pública e criminalidade, são cada vez mais favoráveis.
Juan Manuel Santos, o presidente da Colômbia, apoia a legalização. Felipe Calderón, que foi presidente do México até novembro, insinuou a mesma coisa. Enquanto isso, as pesquisas sugerem que metade dos Estados Unidos apóia a legalização completa; na Grã-Bretanha, uma porção semelhante favorece a descriminalização da cannabis. A Proibição - liberal, em princípio, desastrosa na prática - falhou. A dinâmica está mudando contra ela. A coragem do Uruguai vai ajudar a garantir que esse progresso não vire fumaça.
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G1 01/08/2013
Legalização da maconha põe Uruguai na vanguarda, diz presidente Mujica




Ele defendeu projeto de lei aprovado na véspera pela Câmara.
Mandatário criticou narcotráfico e disse que combate a ele 'não é fácil'.
O projeto de lei que legaliza a maconha no Uruguai, aprovado na véspera pela Câmara dos Deputados, converte o país em um "experimento de vanguarda" a nível mundial, disse nesta quinta-feira (1º) o presidente José Mujica, responsável pela iniciativa.
"Isso tem o caráter de uma batalha em todos os terrenos. Porque temos o mundo para presenciar isso", disse Mujica em seu programa de rádio.
Ele criticou o narcotráfico, que, segundo ele, tem margens de lucro tão grandes que é capaz "de corromper tudo".
"Em nenhuma parte do mundo a repressão deu resultado", disse. "Nós queremos parar essa coisa na fronteira, onde começa a adição às drogas. Não é fácil, porque não temos uma receita. Não é simples, estamos conscientes de que estamos fazendo um experimento de vanguarda no mundo inteiro."
Ele também descartou o fato de a maior parte de seu projeto não receber o apoio de uma parte maior de "uma população envelhecida".
"É uma batalha pela saúde pública porque, se o consumidor for identificado, podemos interferir quando ele começar a passar dos limites", explicou.
A Câmara dos Deputados uruguaia aprovou na madrugada de quarta-feira o projeto de lei que legaliza a produção e o consumo da maconha, enviando o expediente ao Senado, também controlado pelos governistas da Frente Ampla.
O texto, aprovado por 50 dos 96 deputados presentes, após quase 14 horas de debate, pretende fazer do Estado uruguaio o primeiro do planeta a assumir o controle de todo o processo de produção e venda da maconha.
Além de legalizar a maconha e ter lançado duras medidas contra o cigarro, em 2006, o governo uruguaio também enviou ao parlamento um projeto de lei para regular o mercado do álcool, principalmente limitando a propaganda de bebidas alcoólicas.
O polêmico projeto, promovido pelo presidente, é rejeitado por 63% da população, segundo recente pesquisa do instituto Cifra.
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A Maconha
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Estadão 03.06.2013
Ex-gerente da Microsoft lança ‘Starbucks da maconha’
Empreendedor lançou projeto de captação de acionistas com apoio do ex-presidente do México Vicente Fox
Legalizar a maconha para combater cartéis
SEATTLE - "Esse negócio vai criar mais milionários do que criou a Microsoft", afirma Jamen Shively , um ex-gerente da Microsoft que trabalhou na área de estratégias industriais da gigante de softwares entre 2003 e 2009.
Baseado em estudos sobre o tamanho do mercado mundial, Shively está lançando uma nova empresa que pretende tornar-se tão grande quanto a sua ex-empregadora. A diferença é que ao invés de trabalhar com informática, ela vai atuar no comércio de maconha.

Assista o vídeo onde Jamen explica seu negócio.
O empreendedor pretende arrecadar US$ 100 milhões com o lançamento de ações da nova companhia, conforme anunciou para uma plateia de jornalistas e potenciais investidores em Seattle, na sexta-feira, 31.
O dinheiro será usado para comprar terras nos estados onde é permitido plantar e comercializar a erva, seja para fins terapêuticos e recreativos. E também para abrir uma rede que pretende ser a 'Starbucks da marijuana'.
Nos Estados Unidos, 18 Estados já aprovaram o uso da maconha para fins médicos. Em Colorado e Washington, a planta também está liberada para 'entretenimento'.
O projeto da start-up deShively inclui um plano de cultivo no Colorado e o estabelecimento de uma rede de distribuição que poderia chegar a 100 lojas.
Shively já sonha com o mercado internacional. Na apresentação do seu projeto, o empresário estava sentado ao lado de Vicente Fox, ex-presidente do México, que será o porta-voz de uma proposta de regulamentação do comércio de maconha no México.
"Eu prefiro estar sentado falando sobre essas coisas com um empresário como Shively do que discutir isso com os comandantes dos cartéis de drogas", disse Fox, ex-executivo da Coca-Cola que presidiu o México entre 2000 e 2006.
O potencial econômico de uma multinacional da maconha é inegável. De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas, em 2005 o mercado global movimentava cerca de US$ 142 bilhões.
No entanto, existem obstáculos jurídicos. Nos Estados Unidos, em 32 estados a substância permanece ilegal.
Por enquanto, Shively já conta com o valioso apoio de um membro do Governo do Estado de Washington, o democrata Reuven Carlyle, que promete apoiar o projeto dizendo que compartilha com o espírito empreendedor típico dos habitantes de Seattle.
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rev Galileu jan/2013
Uruguai chama a atenção por políticas de vanguarda, que contrariam grandes interesses.
Tarso Araújo
Famoso pela qualidade de suas carnes e doces de leite, o Uruguai pode parecer, à primeira vista, um pequeno rancho gaúcho. Nem tanto. Sob a batuta do ex-guerrilheiro e atual presidente José “Pepe” Mujica, o país tem chamado atenção com políticas de vanguarda, especialmente nas áreas de direitos humanos e saúde, como fez ao descriminalizar o aborto em outubro.
Em relação às drogas, o país é o único das Américas que nunca criminalizou o uso, e é famoso pelo pioneirismo no controle do tabaco. Em 2006, foi o primeiro do continente a proibir o fumo em locais públicos fechados, proibiu totalmente a propaganda e aumentou os impostos para triplicar o preço do maço. Em três anos, o número de enfartos caiu 17%. Nesta entrevista, o chefe da Secretaria Nacional Antidrogas do Uruguai, Julio Calzada, explica porque agora o governo está decidido a regulamentar o comércio de maconha.
Por que regulamentar a venda de maconha?
Porque o consumo de maconha é um problema de saúde, mas a forma como ela está regulada gera um problema adicional de segurança pública. A política quase universal que se reproduziu nos últimos 50 anos fez aumentar o consumo, o crime organizado, o número de pessoas presas, a lavagem de dinheiro e ações violentas. Ela não deu o resultado que se esperava, sem dúvida. Então é melhor mudar, buscar uma política alternativa. E tentar controlar o mercado, e não ignorá-lo.
O governo não teme que o consumo aumente?
Sim, mas há experiências de outros países. A Holanda legalizou, na prática, e em 30 anos tem menos pessoas que consomem maconha do que vizinhos como Espanha e Itália. Aqui teremos um amplo controle do estado. Temos a capacidade para fazer isso, pensando numa população de 3,5 milhões de habitantes.
Mas a disponibilidade comercial e a queda na percepção de risco não podem fazer o consumo aumentar?
Sim, por isso elaboramos um projeto em que não existe propaganda. E o mercado vai ser regulado para que não exista lucro nem qualquer promoção de consumo. Esse é um marco da estratégia: reduzir o consumo, em geral, e, particularmente, retardar a idade que se inicia o uso. Hoje, se começa por volta dos 15 anos e queremos que isso aconteça mais tarde, pois teríamos um impacto menor para a saúde.
Também se trata de um ataque ao tráfico?
Sim, mas não é uma medida isolada. Note que não falamos em liberação ou legalização, mas de regulamentação do mercado. Hoje ele está totalmente desregulado, o Estado não pode interferir sobre o financiamento, a produção, a distribuição nem nada. Temos capacidade para controlar isso e assim atacar o que mais sustenta o tráfico, que é a venda dessa mercadoria.
Mas acha que tráfico acabaria por completo?
Não vai ser de um dia para o outro, é uma estratégia progressiva. E sempre vai haver algum aspecto do mercado negro em funcionamento. Hoje temos um amplo controle sobre o mercado de tabaco. No entanto, sempre existe um contrabando de cigarros. Assim como aqui no Uruguai temos contrabando de pinga e de outros produtos brasileiros. O que pensamos é que é possível reduzir exponencialmente o volume de dinheiro que hoje o crime organizado tem nas mãos.
Quanto vale o mercado de maconha uruguaio para eles?
Considerando o consumo estimado de 20 toneladas de maconha e os preços praticados no país, são cerca de 12 milhões de dólares. Outras substâncias têm muito menos consumidores.
Quanto a maconha representaria do total do mercado de drogas proibidas? Metade?
Acho que mais da metade.
Como o governo lida com a falta de apoio da população uruguaia ao projeto?
O governo tem que fazer o que está convencido de que tem que fazer. Hoje estamos trabalhando para mudar a principal preocupação da opinião pública, de que a medida faria disparar o consumo, como você insiste. Não queremos isso, ao contrário. E ele vai se reduzir, ainda que não significativamente. Também queremos mostrar que podemos acabar com o efeito colateral do desenvolvimento do tráfico.
O governo não teme que algo não funcione?
Sim, claro. Por isso vamos monitorar o cumprimento da lei e estabelecer as correções que a experiência mostre necessárias. Isso me parece muito importante, especialmente se comparamos com as políticas dos últimos 50 anos, que não foram avaliadas. Ou que, quando foram avaliadas, não foram modificadas, mesmo quando se constatou que produzia resultados inversos do que se desejava.
Estamos propondo implementar outra política porque acreditamos que esta não funciona, então obviamente estamos totalmente abertos, dispostos e interessados em monitorar e ir modificando nossa estratégia para atingir o resultado proposto. Caso não os conquistemos, vamos nos certificar sobre as razões disso, e, se for preciso mudar a política, é claro que podemos modificá-la.
Estudou-se muito para formular esse projeto?
Sim, porque toda política pública, nas apenas as que falam sobre drogas, tem que ser realizada com base na ciência. Toda substância que altera consciência é algo que pode proporcionar risco para as pessoas e não podem ter propaganda do mesmo modo que sapatos ou gravatas. Ainda que uma pessoa possa se enforcar com uma gravata, é obvio que o uso da gravata em si não gera nenhum dano a terceiros. Sabemos que álcool e tabaco tem riscos para saúde. Não são proibidos, mas precisam ser regulados. A política de regulação precisa ser baseada em evidências, e a evidência diz que a maconha tem riscos específicos, diferentes do de outras substâncias. Não se pode levar em conta um parâmetro geral, comparando-a, por exemplo, com a heroína ou a cocaína.
O que acontecerá se algum Uruguai for flagrado vendendo drogas a um menor de idade ou a um turista?
Será processado pela lei atual, que continuará valendo, respondendo ao crime de tráfico, com pena de prisão de 2 anos ou mais.
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O Globo 01.01.2013
Clubes para usuários de maconha são inaugurados no Colorado
Estabelecimentos não vendem a droga, mas uso da erva está liberado
DENVER - Na noite de ano novo, diversos clubes para usuários de maconha foram inaugurados no Colorado, em comemoração a legalização do consumo da erva no estado. Ao som de reggae e luzes estroboscópicas, a boate Club 64 foi uma das que abriu as portas na virada, recebendo cerca de 200 pessoas na zona industrial ao norte de Denver.
A entrada da casa custou US$ 29,99 e cada participante levou sua própria maconha, segundo os organizadores. A boate é uma das primeiras a abrir dentro das especificidades legais da liberalização no Colorado.
- Tínhamos muito medo que isso se tornasse uma loucura. Mas isso é uma loucura. As pessoas querem isso - brincou Chloe Villano, dona da discoteca e que participou da inauguração.
A ementa constitucional da liberalização foi promulgada pelo governador John Hickenlooper há menos de um mês. Ela proíbe o fumo da erva em lugares públicos, assim como o uso do cigarro comum. No entanto, o advogado do Club 64, Robert Corry, disse que a norma permite a maconha dentro das boates, pois os estabelecimentos não vendem a droga, nem bebidas e alimentos.
Salgadinhos Goldfish e Cheetos e refrigerantes foram distribuídos de na festa, em referência a uma brincadeira que o governador Hickenlooper fez ao firmar a lei: “Não abram rápido demais seus pacotes de Goldfish e Cheetos.”
Segundo o jornal “Denver Post”, uma boate similar foi aberta na cidade de Del Norte, no norte do Colorado, e também permite o uso da maconha.
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FSP 14.05.2013
Maconha reduz espasmos da esclerose múltipla.
João Wainer
O estudo analisou 30 pacientes com idade média de 50 anos que necessitavam de ajuda para caminhar ou utilizavam cadeiras de rodas.
Um estudo publicado nesta segunda-feira (14) na revista da Associação Médica do Canadá ("CMAJ") disse que o uso de cannabis alivia a espasticidade e a dor nas pessoas que sofrem de esclerose múltipla, mas alertou que existem "efeitos cognitivos adversos".
O estudo, realizado por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego, analisou 30 pacientes com uma idade média de 50 anos dos quais mais da metade necessitavam de ajuda para caminhar e 20% utilizavam cadeiras de rodas.
A doutora Jody Corey-Bloom, do Departamento de Neurociência da Universidade de San Diego, assinalou no estudo que "observamos um efeito benéfico da cannabis fumada na espasticidade resistente ao tratamento e na dor associada com a esclerose múltipla entre nossos participantes".
"Embora geralmente bem tolerada por nosso pacientes, a maconha fumada esteve acompanhada por agudos efeitos cognitivos", acrescentou a médica.
Os pesquisadores indicaram que são necessários mais estudos de longo prazo para confirmar as descobertas "e determinar se doses menores podem ter efeitos benéficos com um impacto cognitivo menor".
Porém, o estudo também apontou que em outras pesquisas centradas nos efeitos da cannabis administrada oralmente na espasticidade relacionada com a esclerose múltipla, "qualquer redução da espasticidade foi geralmente observada em classificações subjetivas".
No entanto, neste estudo, os pesquisadores disseram que utilizaram um método "objetivo".
Os médicos usaram uma escala Ashworth modificada, ferramenta que serve para avaliar a intensidade do tônus muscular, para determinar a espasticidade dos músculos.
Os resultados indicam que o grupo de pacientes que fumou maconha experimentou uma redução na escala Ashworth de quase um terço (2,74 pontos) em comparação com o grupo que utilizou um placebo.
Além disso, as pontuações de dor foram reduzidas em torno de 50%.
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UOL 22.05.2013
Fumar maconha reduz o risco de diabetes.
Rick Wilking
Pessoas que fumam maconha regularmente têm menor risco de desenvolver diabetes, segundo um novo estudo publicado no The American Journal of Medicine. De acordo com o trabalho, os pesquisadores descobriram que pacientes que fumam a erva regularmente têm níveis menores de insulina em jejum em comparação aos que nunca fumaram.
No estudo, os pesquisadores analisaram dados obtidos durante o National Health and Nutrition Survey entre 2005 e 2010 e estudaram os dados de 4.657 pacientes que completaram um questionário sobre uso de drogas. Destes, 579 eram usuários de maconha, 1.975 já tinham usado a droga no passado, mas não eram usuários e 2.103 nunca tinham usado a droga.
Os cientistas analisaram a quantidade de insulina em jejum de nove horas e a glicose por meio de amostras de sangue. Os usuários de maconha apresentaram níveis 16% menores de insulina em jejum em comparação aos pacientes que nunca tinha usado a droga na vida.
Um dos pesquisadores do estudo, Murray Mittleman, da Unidade de Pesquisa de Epidemiologia Cardiovascular do Beth Israel Deaconess Medical Center, em Boston, disse que pesquisas anteriores já haviam encontrado taxas de obesidade e diabetes mais baixas em usuários de maconha em comparação com pessoas que nunca usaram maconha.
Embora as pessoas que fumem maconha geralmente consumam mais calorias do que os não usuários, dois estudos anteriores também descobriram que eles apresentam menor índice de massa corporal (IMC), outro fator que está associado ao risco de diabetes.
Joseph Alpert, professor de Medicina na Universidade do Arizona College of Medicine, afirmou ao jornal Daily Mail que as observações do estudo são notáveis e apoiadas por outros estudos que encontraram resultados semelhantes.
"Precisamos desesperadamente de uma grande quantidade de pesquisa clínica a curto e longo prazo dos efeitos da maconha em uma variedade de situações clínicas, tais como câncer, diabetes e fragilidade nos idosos", completa Alpert à publicação.
Legalização
A maconha medicinal é legal em 18 Estados dos Estados Unidos e pesquisas recentes sugerem que a maioria dos norte-americanos deseja que a droga seja legalizada.
Uma pesquisa realizada pelo Centro PewResearch mostrou que, pela primeira vez em 40 anos, 52% acham que a droga deveria ser legalizada e 72% afirmam que a repressão à droga não vale o dinheiro que custa ao governo.
Já no Reino Unido, o Sativex, um spray de boca derivado da cannabis, foi licenciado pela agência reguladora do país, mas ainda continua de difícil acesso aos pacientes devido ao seu custo.
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FSP 24.03.2013
Apoio à maconha se espalha nos EUA
Segundo instituto Gallup, 49% dos americanos aprovam descriminalização da droga; em 18 Estados ela já é liberada
Colorado planeja um 'maconha-tour' pelo Estado, onde uso da erva é liberado para fins medicinais e recreativos
Raul Juste Lores
O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, anunciou que a partir do mês que vem nenhum usuário de maconha vai passar a noite na delegacia, como acontece até agora. "Será registrado, como uma infração no trânsito." "Nossos policiais poderão ser remanejados para atividades mais prioritárias", afirmou.
Há dois meses, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, anunciou em seu discurso anual sobre o Estado que apresentaria projeto para legalizar a maconha.
Ambos anúncios foram acompanhados de polêmica quase zero, sem protestos, como tem acontecido nos últimos tempos nos cantos mais liberais dos Estados Unidos.
Segundo o instituto Gallup, 49% dos americanos aprovam a legalização da maconha, quase o dobro do que em 1995 (25%). Assim como o casamento gay, já aprovado por 53% dos americanos, a aprovação cresce a cada ano.
Em novembro, os eleitores do Colorado e de Washington aprovaram em plebiscito o uso da maconha em caráter "recreativo". Os governos estaduais têm até o final deste ano para regulamentar o cultivo, a produção, a venda e a distribuição da erva.
Apesar de a lei federal americana considerar a maconha ilegal, o presidente Barack Obama falou à TV em dezembro que não era "prioridade" perseguir usuários de maconha nos dois Estados.
Em 18 Estados e no Distrito de Columbia, onde fica a capital, Washington, a maconha para uso medicinal já é legalmente liberada.
Por enquanto, só a DEA, a agência de combate às drogas, pediu ao secretário de Justiça e procurador-geral, Eric Holder, para que não deixe de cumprir as leis federais por cima das estaduais recém-aprovadas. Holder ainda não se pronunciou, mas poucos acham que ele contrarie Obama.
APOIO REPUBLICANO
Já há quem pense em faturar com o novo momento da maconha no país. Denver, capital do Colorado, ganhou seu primeiro clube para degustadores da erva, o Club 64, que usa o número da emenda 64, a da legalização, e pode ser frequentado por maiores de 21 anos. O setor turístico do Estado, que abriga a famosa estação de esqui de Aspen, já imagina um "maconha-tour" de simpatizantes ao Colorado.
Uma associação local começou um curso prático de plantio de maconha na União dos Estudantes de Tivoli, na mesma cidade.
Também há um componente econômico na virada de um grande opositor à erva. O líder republicano no Senado, o senador Mitch McConnell, do Kentucky, juntou-se a dois senadores democratas e a outro republicano para apresentar uma emenda que legaliza o plantio de maconha.
Até recentemente, McConnell dizia que a "maconha pode matar".
Na semana retrasada, ao apresentar sua proposta, disse que "os agricultores do Kentucky podem se beneficiar enormemente das possibilidades da produção de canabis." Em Oregon, uma lei estadual já permite plantações que servirão para a demanda do vizinho Estado de Washington, onde o consumo foi liberado.
AJUDA POP
Também como no casamento gay, a cultura pop teve seu papel em ampliar a aceitação.
Depois do sucesso do seriado "Weeds", onde uma dona de casa vendia a erva, em um dos filmes de maior bilheteria do ano passado no país, "Ted", o protagonista e seu amigo ursinho de pelúcia passavam fumando maconha em boa parte da história, chapados, sem julgamento. Sinal de prestígio, o diretor, Seth McFarlane, foi o apresentador do último Oscar.
"Estamos vivendo enorme mudança de costumes e muita gente que jamais fumou maconha acha injusto prender milhares de pessoas que fumavam um baseado. Acabaremos tratando como álcool: taxando, regulando e impedindo o acesso a menores", diz Ethan Nadelmann, diretor-executivo da Aliança para Políticas de Drogas.
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 Globo 01.01.2013
Clubes para usuários de maconha são inaugurados no Colorado
Estabelecimentos não vendem a droga, mas uso da erva está liberado
DENVER - Na noite de ano novo, diversos clubes para usuários de maconha foram inaugurados no Colorado, em comemoração a legalização do consumo da erva no estado. Ao som de reggae e luzes estroboscópicas, a boate Club 64 foi uma das que abriu as portas na virada, recebendo cerca de 200 pessoas na zona industrial ao norte de Denver.
A entrada da casa custou US$ 29,99 e cada participante levou sua própria maconha, segundo os organizadores. A boate é uma das primeiras a abrir dentro das especificidades legais da liberalização no Colorado.
- Tínhamos muito medo que isso se tornasse uma loucura. Mas isso é uma loucura. As pessoas querem isso - brincou Chloe Villano, dona da discoteca e que participou da inauguração.
A ementa constitucional da liberalização foi promulgada pelo governador John Hickenlooper há menos de um mês. Ela proíbe o fumo da erva em lugares públicos, assim como o uso do cigarro comum. No entanto, o advogado do Club 64, Robert Corry, disse que a norma permite a maconha dentro das boates, pois os estabelecimentos não vendem a droga, nem bebidas e alimentos.
Salgadinhos Goldfish e Cheetos e refrigerantes foram distribuídos de na festa, em referência a uma brincadeira que o governador Hickenlooper fez ao firmar a lei: “Não abram rápido demais seus pacotes de Goldfish e Cheetos.”
Segundo o jornal “Denver Post”, uma boate similar foi aberta na cidade de Del Norte, no norte do Colorado, e também permite o uso da maconha.
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FSP 17.11.2012
Maconha vendida em São Paulo está mais potente, indica estudo
Análise encomendada pela Folha apontou alta no teor da principal substância psicoativa da droga
De acordo com médico, maior potência da droga prolonga os seus efeitos e aumenta os riscos de danos para usuários.
Morris Kachanide
A maconha vendida em São Paulo está mais potente. Uma análise do Instituto de Criminalística em 35 amostras apreendidas entre julho e agosto na capital apontou uma média de 5,7% no nível de THC, a principal substância psicoativa da droga.
O estudo foi feito a pedido da Folha. Análise semelhante realizada entre 2006 e 2007 mostrou uma média de 2,5%.
"O resultado pode indicar uma certa tendência no aumento do princípio ativo da maconha vendida nas ruas, como se tem observado em alguns países desenvolvidos", diz Mauricio Yonamine, professor de toxicologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP.
O teor de THC aferido é maior do que a média na maconha apreendida no mundo: de 0,5 a 5%, de acordo com relatório da ONU.
Na Holanda e nos Estados Unidos, onde a tecnologia do plantio da droga é mais avançada, essa escalada atinge níveis médios de 15% e 10%, respectivamente.
A análise do IC mostrou também um baixo teor de canabidiol -0,6%, em média. A substância presente na planta Cannabis modula o efeito de THC, diminuindo a sensação de ansiedade.
"Para reduzir a chance de delírio e alucinação, a proporção deveria ser de um para quatro", explica Elisaldo Carlini, da Unifesp.
Quanto mais potente a maconha, mais forte e prolongado é o seu efeito. "Se pensarmos no uso por adolescentes, os riscos seriam em princípio maiores [de alterações cognitivas, por exemplo]", afirma o médico psiquiatra Dartiu Xavier, da Unifesp.
De acordo com levantamentos feitos pela Senad (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas) em 2010, 13,2% dos estudantes brasileiros entre 17 e 18 anos e 26,1% dos universitários já tinham fumado maconha pelo menos uma vez na vida.
RESSALVAS
Especialistas ouvidos pela reportagem apontam ressalvas com relação aos estudos, no que diz respeito à representatividade da amostragem e o tempo de armazenamento das apreensões. Mas a escassez de estudos mais aprofundados sobre o tema torna as medições relevantes.
A análise feita agora e a anterior adotaram a mesma metodologia e protocolo de medição. O espaço amostral, porém, foi reduzido. Em 2006 e 2007, foram analisadas amostras de 55 apreensões, contra as 35 da investigação atual.
Em ambos os estudos, a escolha das amostras foi aleatória e sem preocupação com o estado de conservação da droga. Foram analisados de cigarros prontos a tijolos de 500 gramas os mais, com apreensões feitas tanto no atacado como no varejo.
Em função da decomposição natural, quanto mais antiga for a apreensão, menor o nível de THC. José Luiz da Costa, perito do Instituto de Criminalística e presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia, explica por que a interpretação de resultados com análise de maconha é mais complexa que a de outras drogas: "Ela é vegetal. Se eu plantar a mesma semente no pé do morro ou no alto da montanha, o resultado já vai ser diferente", explica.
"Mas a verdade é que a maconha é uma droga tão barata que não justifica você encontrá-la adulterada", acrescenta Costa.
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O Globo 07/11/2012
Colorado e Washington aprovam uso recreativo da maconha
WASHINGTON — Colorado e Washington se tornaram os primeiros estados americanos a aprovar o uso recreativo da maconha nesta terça-feira, com a aprovação de uma emenda à Constituição estadual.
No Colorado, a referendo popular terminou com 53% votos a favor e 47% contra. Em Washington, foram 56% favoráveis. Já no Oregon, a proposta foi rejeitada por 55% dos eleitores.
O estado de Massachusetts também aprovou o uso medicinal da maconha, segundo resultados parciais.
Paralelamente às eleições presidenciais e legislativas, iniciativas sobre a maconha estão sendo votadas em alguns estados. Oregon e Washington estão decidindo também sobre a permissão do uso indiscriminado por maiores de 21 anos. No Arkansas, os eleitores escolhem se a droga deve ser usada apenas em casos medicinais, e em Montana, se uma lei já existente deve ser mais restritiva.
Pesquisas mostram que as medidas de legalização estão na frente no estado de Washington, onde registros de financiamento de campanha apontam que seus patrocinadores levantaram 6 milhões de dólares, e no Colorado, onde partidários levantam quase 2 milhões de dólares. Mas a legalização perdia no Oregon, onde uma campanha nas bases estava lutando para convencer os eleitores.
O diretor-executivo da Drug Policy Alliance, Ethan Nadelmann, cujos grupos afiliados têm financiado iniciativas de legalização atuais e do passado, disse que estava mais otimista sobre as perspectivas de legalização agora do que antes de um referendo de legalização na Califórnia, que os eleitores rejeitaram em 2010.
De acordo com o Conselho Nacional de Legislação, 17 estados e o Distrito de Colúmbia já tem leis que aprovam o uso da maconha para fins medicinais.
Os defensores da lei - em geral, liberais e adultos com menos de 29 anos - afirmam que a aprovação pode criar uma nova forma de receita fiscal. Mas os oponentes dizem que a legalização pode levar a um abuso do uso da maconha e criar novos problemas.
A discussão ganhou força nos últimos anos, e a legalização é apoiada por 50% dos americanos, segundo pesquisa do Instituto Gallup em outubro de 2011. Há dez anos, a aceitação era de 34%.
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16/08/12 O Globo
Avós da Suazilândia cultivam maconha para criar netos
Maior índice de HIV do mundo faz do país um mar de órfãos em extrema pobreza
Lydia Polgreen
Sibongile Nkosi, 70 anos, com os netos: ‘quando se é pobre, é preciso fazer o possível para sobreviver
PIGGS PEAK, Suazilândia - Depois que suas filhas morreram, Khathazile pegou os 11 netos órfãos para criar, sem hesitação. É o que uma gogo, ou avó, faz num país onde a mais alto índice de infecção pelo HIV no mundo deixou um mar de crianças sem mães.
- Deus nos ajude - disse ela.
Talvez, mas Khathazile tem um seguro para o caso de a intervenção divina falhar: Swazi Gold (Ouro Suazi), uma muito potente e valiosa variedade de maconha bastante procurada no próspero mercado da vizinha África do Sul. Numa área no interior da floresta, no topo de uma montanha distante nesse árido canto da minúscula Suazilândia, Khathazile cultiva Swazi Gold para alimentar, vestir e mandar os netos para a escola.
- Sem a erva nós estaríamos famintos - diz Khathazile, que pediu que apenas o seu nome do meio fosse utilizado.
Ela é uma das milhares de trabalhadores que, a duras penas, conseguem levar a - magra - vida das áreas rurais deste reino do sul da África plantando maconha, segundo membros de serviços humanitários. Abraçam o cultivo como uma turbinada - mais do que necessária - da renda.
Khathazile não se considera parte de uma vasta cadeia global de cultivo de drogas que inclua fazendeiros de papoula no Afeganistão e plantadores de coca na América Latina. Ela apenas tem netos de que cuidar e diz que começou a plantar quando as tentativas com outras culturas falharam.
- Se você plantar milho ou repolho,os babuínos roubam -, diz.
Preenchendo os vazio da Aids
Última monarquia absoluta da África, a Suazilândia é oficialmente um país de renda média. Mas a pobreza profunda continua a ser uma regra aqui nas áreas rurais ao redor de Piggs Peak, uma empoeirada cidade no Noroeste montanhoso do país. Pouca coisa cresce neste solo rochoso, e empregos são difíceis de encontrar. Muitos jovens fogem para as duas cidades grandes do país, Mbabane e Manzini, ou para a África do Sul, em busca de trabalho.
Ficam para trás diversas mulheres idosas e crianças. Uma campanha agressiva de terapia antirretroviral ajudou a controlar o índice de mortalidade por Aids, mas a doença causou vazios em praticamente todas as famílias de uma forma ou de outra, deixando filhos mais velhos com a responsabilidade de cuidar dos mais novos e frágeis avós lutando para, mais uma vez, criar crianças pequenas.
É a história da família de Khathazile. Em 2007, a filha Tensile morreu com 24 anos, deixando quatro órfãos para ela cuidar. Dois anos depois, outra filha, Spiwe, morreu, e deixou mais três bocas para serem alimentadas. Eles também, vieram morar com a gogo. Aí, em julho, sua filha Nomsa morreu - mais quatro crianças. Não havia nada a fazer a não ser abrigá-las, também, em sua cabana de um cômodo.
- Eu não posso abandonar esses meninos - diz a idosa.
Tais famílias lutam para conseguir se sustentar.
- Há muitos órfãos e viúvas que têm dificuldade para sobreviver - diz Tshepiso Mthimkhulu, um membro da Cruz Vermelha da Suazilândia.
Há, certamente, um mercado para a fonte de renda alternativa encontrada pelas avós. De acordo com a ONU, a África do Sul registrou aumento do consumo de maconha, e a Suazilândia parece ser um ávido fornecedor. O país, uma nação minúscula de aproximadamente 1,4 milhão de pessoas, tinha mais terras dedicadas ao cultivo de maconha em 2010 do que a Índia, um país com mais de 180 vezes seu tamanho.
Colheitas de até 11 kg, ganhos de US$ 400
Sibongile Nkosi, de 70 anos, diz que começou a cultivar maconha antes mesmo de sua filha morrer e a deixar com dois órfãos para alimentar. Ela tinha ouvido de outras mulheres do vilarejo, que fica no topo de uma montanha na periferia de Piggs Peak, que a planta poderia dar um dinheiro decente.
- Eu coloco as sementes na terra, rego, e elas crescem -, diz ela sobre sua primeira safra. - Eu consegui alimentar as minhas crianças.
O plantio de maconha pode prover uma rede de segurança, mas as avós de Piggs Peak dificilmente podem ser comparadas a barões da droga. Elas têm de encontrar um terreno secreto para plantar, normalmente floresta adentro, onde chegam após horas de caminhada. Limpá-lo é um trabalho árduo até mesmo para mulheres acostumadas com isso.
Elas têm que comprar as sementes, se estão se iniciando no plantio, e esterco. Se o fertilizante não for colocado em quantidade suficiente, a safra resultará menos lucrativa. A plantação tem de ser cuidadosamente limpa para produzir o tipo certo de flores. E é preciso tomar cuidado com as ervas daninhas.
- Ervas são muito ruins para a erva - diz Nkosi.
Há também a polícia, que normalmente sai em busca das plantações de maconha em março e abril, pouco antes da colheita, e ateiam fogo. Uma boa colheita pode render até 11 kg de maconha. Mas as avós vendem para os intermediários, que vêm às aldeias durante o período de safra, e têm pouco poder de barganha. Muitas ganham menos de US$ 400 por colheita.
- Os homens vêm da África do Sul para comprar, mas nos enganam -, diz Nkosi. - O que podemos fazer? Se você fala com a polícia, ela vem e te prende.
Agricultoras mais empreendedoras enterram na floresta parte da colheita, em barris impermeáveis, guardando parte da produção até dezembro, quando o fornecimento cai e os preços sobem. Mas a maioria precisa do dinheiro para ontem, e não para daqui a seis meses.
Nkosi diz que nunca se sentiu tentada a experimentar o que produz
- Faz você ficar bêbado -, diz ela quando perguntada se já fumou a droga. - Se eu tentar, eu caio no chão!
A maconha deu à família dela o suficiente para sobreviver, mas ela se questiona se realmente valeu a pena.
- Eu não quero plantar mais -, diz Nkosi. - Ganha-se muito pouco.
Mas, com o começo do período de plantio deste ano, ela começou a se preparar para uma nova safra. As taxas escolares para os dois netos que ainda continuam na sua casa vão lhe custar cerca de US$ 400 no próximo ano letivo, e ela não tem outra maneira de arrumar o dinheiro.
- Quando você está na pobreza deve fazer o que pode para sobreviver. Se eu ganhar um pouquinho, meu coração ficará feliz.

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01.08.2012 O Globo

Maconha é consumida diariamente por 1,5 milhão de brasileiros
Estudo revela que uso entre adolescentes cresceu 40%, principalmente no sexo masculino
JAQUELINE FALCÃO
SÃO PAULO - No Brasil, 1,5 milhão de pessoas usa maconha diariamente. O índice de dependentes deste tipo de droga chega a 37%. E os homens usam três vezes mais a maconha que as mulheres. Os dados constam do II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas - Uso de Maconha no Brasil, realizado pelo Instituto Nacional de Políticas de Álcool e Outras Drogas (INPAD) da Unifesp, em 149 municípios em todo o país, apresentados nesta quarta-feira pelo psiquiatra Ronaldo Laranjeira, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
De acordo com Laranjeira, o consumo entre adolescentes cresceu 40%, principalmente no sexo masculino, entre 2006 e 2012. E eles experimentam a droga cada vez mais cedo, antes dos 18 anos. Isso pode levar a ter surtos psicóticos na vida adulta.
- O índice de dependência também nos chamou atenção, 37%. Eu achava que ficaria em torno de 20%. Algo muito sério em termo de saúde pública, já que faltam programas e centros de tratamentos para usuários de droga no país - explica o psiquiatra. Segundo ele, dos 1,5 milhão de usuários diários de maconha, cerca de 500 mil são adolescentes. No grupo de jovens, os índices de dependência alcançam 10%. - Destes 500 mil, estima-se que 50 mil podem ficar psicóticos e vão precisar de tratamento psiquiátrico. Uma grave questão de saúde pública. Qual o impacto desse aumento do ponto de vista da saúde mental dos adolescentes? - diz Laranjeira.
A pesquisa aponta que 62% revelaram ter usado a maconha pela primeira vez antes dos 18 anos. E ainda que 7% da população adulta (8 milhões de pessoas) já provaram a droga. E 3% (3 milhões de pessoas) admitiram o uso no último ano. - Quando a pessoa admitia ter usado no último ano, era entregue uma segunda parte do questionário dentro de um envelope, para abordar o uso diário. Desta forma aumenta a confiabilidade - explica Laranjeira.
As entrevistas foram realizadas em domicílios, com 4.607 pessoas com idade a partir de 14 anos. Os questionários foram respondidos de maneira sigilosa.
O índice de dependência - 37% - surpreendeu o especialista. - Eu achava que ficaria em torno de 20%. Claro que, no Brasil, o consumo não é algo estrondoso como nos Estados Unidos, Canadá e alguns países europeus. Mas cada país tem que buscar a solução - avaliou o psiquiatra. Enquanto no Brasil 3% admitem ter usado a droga no último ano, nos EUA o percentual é de 10% e no Canadá, 14%. Na Itália, 11%.
Contra a legalização
A discussão em torno da legalização do uso da maconha também foi abordado na pesquisa da Unifesp. A maioria - 75% - não concorda. Já 11% concordam e 14% dizem ainda não ter uma opinião formada.
- Quem defende a legalização não nos dá a resposta sobre como tratar os dependentes - aponta Laranjeira.
Para ele, mais provável é que tenha havido um aumento do consumo de maconha nos últimos anos após o que ele chamou de “ frouxidão” legislativa. No Brasil, o porte de drogas, mesmo que para consumo próprio, é crime, mas o usuário é punido com penas restritivas de direitos, e não da liberdade.
- Os países com menor consumo de maconha, como Suécia e Japão, têm mais rigor e restrições. A solução não é colocar os usuários na prisão, mas nesses lugares há uma certa intolerância com o consumo. Que tipo de país queremos? - questiona o psiquiatra.
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29.06.2012 TIME
Marijuana Now the Most Popular Drug in the World
REUTERS / Nir Elias
According to a U.N. report on global drug use, cannabis was the world’s most widely produced, trafficked, and consumed drug in the world in 2010.
Marijuana boasts somewhere between 119 million and 224 million users in the adult population of the world (18 or older). And there are no signs to indicate the popularity of marijuana will fall anytime soon. Cannabis is consumed in some fashion in all countries, the report says, and it is grown in most. Though the use of the drug is stabilizing in North America, and Oceania, smoking pot is on the rise in West and Central Africa, Southern Africa, South Asia and Central Asia.
In 2010, marijuana use was most prevalent in Australia and New Zealand. The U.S. and Canada came in second, followed by Spain, France, Italy, and the Czech Republic. Nigeria, Zambia, and Madagascar were tied for fourth place.
The U.N. report also noted shifts in cultural trends. Some interesting standouts: The European market is moving away from cannabis resin (hashish) and towards the herb, which is more popular in America; cannabis became Afghanistan’s most lucrative cash crop in 2010, replacing heroin; and the marijuana seed market grew immensely from 2008 to 2010, with 100 to 200 brands available online when the report was written.
The U.N. also reported that cannabis is becoming more potent in developed countries. The popularization of hydroponic cultivation, a method that uses mineral nutrient solutions to grow plants in water without soil, means marijuana is a) more likely to be grown indoors and b) stronger than traditionally grown plants.
But beware of marijuana imitations. Or imitations of any drug, really. New chemically engineered substances are popping up all across the world (see bath salts), and weed is no exception to the trend. Synthetic cannabinoids that emulate the effects of weed but contain uncontrolled products have been detected since 2008 in herbal smoking blends.
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http://www.planetamaconha.com 7 DE MAIO DE 2012
Confira 11 argumentos para a legalização da Maconha
Mesmo que algumas pessoas relutem ainda a ideia da legalização da maconha, alguns pontos devem ser colocados explicitamente, tais como a atual política de drogas, comandada pelos EUA, é completamente fracassada, além de historicamente não ter conseguido diminuir nem a oferta e nem a demanda, que cada dia mais crescem paralelamente. Confira  11 argumentos do por que a maconha deveria sim ser legalizada.
1 - Esse ano “comemoramos” 4 décadas de proibição, sendo que, apenas nos últimos 10 anos o consumo cresceu 4 vezes, assim como o tráfico;
 2 – São registradas em média 85000 mortes causadas pelo álcool ao ano, 5800 por cafeína e 2390 por cocaína; e claro, nenhuma por Maconha.
 3 – São necessários mais que 800 cigarros de maconha pra matar alguém, e a causa ainda seria por asfixia de monóxido de carbono, e não pelo THC (delta-9-tetrahidrocanabinol - princípio ativo da maconha), o que reforça a estatística de que não existe um registro sequer de morte pelo uso da erva; é completamente impensável alguém morrer por uso de maconha.
 4 – A maconha é considerada um analgésico importantíssimo em fase pós-infarto cerebral ou qualquer outra condição clínica associada a um quadro importante de dor crônica;
 5 – Apesar de existirem medicamentos melhores, pacientes de quimioterapia defendem o uso da maconha pra evitar náuseas e vômitos, por não causar efeitos colaterais desconfortáveis;
 6 – É um importante “recuperador” de apetite para pessoas que sofrem de AIDS, câncer ou anorexia; entre outras doenças que causam a perda do mesmo.
 7 – A erva é responsável por quase metade da renda gerada para o tráfico; uma vez que a maconha é a droga ilícita mais utilizada no mundo.
 8 – Para o traficante, é mais interessante a venda de drogas com maior grau de vício, o que motiva-o a oferecer drogas pesadas a usuários de maconha; fazendo com que a maconha, erroneamente, leve a fama de porta de entrada para outras drogas, o que é completamente absurdo.
 9 – O governo desembolsa 127,6 milhões por ano no combate às drogas; o que poderia ser revertido em escolas, hospitais, área de lazer, ou tudo aquilo que podemos enquadrar como bens coletivos.
 10 – A fibra da Cannabis, de longe, é a fibra mais resistente do planeta, podendo ser utilizado em vários setores industriais; inclusive como substitutivo do tão cobiçado petróleo.
 11 – A maconha é uma droga leve, não a compare com a cocaína e o crack, heroína entre outras. A primeira coisa que o cidadão deve ter em mente ao discutir o abuso de substâncias entorpecentes, é justamente o grau de ofensividade que cada droga possui.
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rev. Super Interessante   junho. 2007
Maconha pode ajudar a curar o câncer.
E o governo dos EUA sabe disso há 3 décadas.
Tarso Araujo
    A pesquisa veio de Harvard – e não da cabeça de algum doidão em Kingston. Foi nos laboratórios da melhor universidade do mundo que cientistas trataram com THC, o princípio ativo da maconha, ratos preparados para desenvolver câncer no pulmão. Depois de 3 semanas, chegaram à seguinte conclusão: os ratos que receberam o tratamento com THC apresentaram tumores 50% menores que um outro grupo de ratos, esse sem acesso ao tratamento especial. A pesquisa de Harvard tem sido tratada como pioneira pela imprensa americana. Mas não é bem assim. Tão surpreendente quanto o resultado é saber que os médicos não descobriram nada de novo. Maconha pode ajudar a tratar o câncer? Tem gente falando disso desde 1974!
    Há 7 anos um estudo semelhante feito na Espanha mostrou resultados bem parecidos. Na pesquisa da Universidade Complutense de Madri, 1 em cada 5 ratos tratados com THC se curou de um tumor no cérebro. Mais velha ainda é a descoberta dos pesquisadores da Faculdade Médica da Virgínia. Em 1974, eles notaram que o tratamento de 20 dias com THC reduziu significativamente o tamanho dos tumores em ratos com câncer de pulmão. Que fique bem claro: nenhuma dessas pesquisas permite afimar que “maconha cura câncer”. Mas todas apresentam uma importante linha de investigação na luta contra a doença, que mata 7 milhões de pessoas por ano.
    E por que você nunca soube disso? Porque a descoberta dos anos 70 causou um efeito bizarro: a suspensão de todas as verbas federais americanas para pesquisas sobre os efeitos da maconha. Mais tarde, o governo dos EUA ainda estimularia as universidades a destruir as pesquisas feitas com o THC. “Havia uma pressão ideológica para diminuir os estudos nessa área”, diz o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Unifesp. “A ciência já passou por isso em outros momentos. Os nazistas pesquisaram os efeitos do tabaco, mas o trabalho deles foi descartado por questões ideológicas. Anos depois, confirmou-se uma série de coisas que eles sabiam havia décadas.”
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O Dia 12.05.2012
SM Saúde RJ defende uso da maconha
Livro disponível em blog de programa da secretaria municipal sugere o plantio da droga
Francisco Edson Alves
Rio -  Plantar maconha para consumo próprio ou frequentar cultos da seita Santo Daime. Essas são duas das polêmicas alternativas para a redução de danos à saúde de dependentes químicos, abordadas no livro ‘Drogas: Clínica e Cultura/Toxicomanias, Incidências Clínicas e Socioantropológicas’, recomendado pela Coordenação Saúde Mental, programa da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil.
No site da coordenação (saudementalrj.blogspot.com.br), que tem a logomarca da Prefeitura do Rio, a publicação, de 305 páginas, tinha destaque para download gratuito. Por volta de 22h de ontem, depois de questionamentos feitos pelo DIA, o blog, com mais de 105 mil visitações, tirou o livro do ar.
Na página 248 da publicação, Antônio Nery Filho e mais três autores — Edward MacRae, Luiz Alberto Tavares, Marlize Rêgo —, defendem a liberação e a regulamentação do porte, cultivo e distribuição não comercial de cannabis sativa (maconha). “Uma outra dimensão do plantio, cultivo, semeio e colheita pode ser vislumbrada, não como ato não permitido, mas como efetivo e eficaz mecanismo de redução de danos”, diz o texto.
Na mesma página os escritores justificam: “Permitindo ao usuário produzir a droga que consome, o Estado estaria contribuindo com a não inserção (do viciado) no mundo da violência e do tráfico, e em face da segurança e integridade física e emocional, como sua própria saúde”. Já na página 248, uma ‘dica’ inusitada e perigosa: “... 100 gramas de maconha podem ser considerados uma quantidade razoável para um usuário diário”.
A seita Santo Daime, doutrina surgida na região amazônica e cujo um dos adeptos, fora de si, matou o cartunista Glauco em 2010, surpreendentemente é considerada pelos autores no livro como “exemplo de redução de danos”. Na seita, bebe-se um chá com propriedades alucinógenas.
Associação pede mais tratamento
O presidente da Associação dos Dependentes Químicos em Recuperação, Marcelo da Rocha, não poupou críticas ao conteúdo do livro e ao governo municipal. Em audiência pública sobre drogas na Assembleia Legislativa, quinta-feira, ele deixou claro sua indignação.
“O que está por trás disso é uma política nefasta de legalização das drogas. Defendemos ajuda para quem, por algum motivo, acreditou que seria bom usar drogas, e teve suas vidas e de suas famílias destruídas, mas agora quer recomeçar tudo sem usar drogas”, afirmou.
De acordo com ele, nos únicos três Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) do município, que tratam pessoas com transtornos mentais decorrentes do uso de álcool e outras drogas, os usuários têm sido recomendados a “mudar de droga” e não a parar com o vício. Semana passada, O DIA mostrou com exclusividade a precariedade no atendimento nas clínicas mantidas pelo governo estadual. 
Secretaria diz que blog é de funcionários
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil alegou que o livro é utilizado de forma acadêmica por diversos profissionais da saúde mental no país e que o conteúdo é de responsabilidade de seus autores, sem qualquer ligação com o órgão da prefeitura. “A secretaria tem papel histórico no combate ao uso de drogas neste município, tendo como missão a defesa da vida e a não exclusão de qualquer paciente do sistema de saúde”, diz o texto.
O órgão frisa que é responsável pelo tratamento de mais de 3.500 usuários de drogas e trabalha com a política de redução de danos seguindo as determinações da Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde.
A secretaria afirma que o livro é “uma publicação oficial da Universidade Federal da Bahia e reconhecido pelo Scielo Book, o principal portal acadêmico no Brasil”. E também que não distribui exemplares da publicação: “O blog citado é iniciativa dos funcionários da Coordenação de Saúde Mental da secretaria. A publicação não integra o site oficial da SMSDC e não expressa a opinião da secretaria”. Mas o órgão não explicou, no entanto, porque permite sua logomarca oficial no espaço.
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O Globo  02.04.2012
Máquinas automáticas para venda de maconha
Normalmente você insere moedas ou nota e retira chocolate, biscoito, balas, café... 
Mas não de uma máquina automática em Auckland (Nova Zelândia)! 
Por 20 dólares neozelandeses (cerca de 30 reais), o cliente do Daktory, primeiro clube de maconha do país da Oceania, pode retirar um saquinho com um grama da erva. 
O dono do Daktory, Julian Crawford, é ativista pela reforma das leis sobre o consumo da maconha na Nova Zelândia. Segundo ele, o clube é um "exemplo de como as coisas seriam se a maconha fosse legalizada", de acordo com reportagem da TVNZ. 
"Queremos aumentar o número de ativistas", disse. 
A polícia monitora com cuidado o Daktory. Para evitar problemas, Julian adverte os clientes a não deixarem o clube com maconha, pois o cheiro pode atrair policiais.
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El Pais 27.02.2012
Tranquilo, aquí se fuman porros
Clubes privados para consumidores de marihuana florecen en algunos puntos de España. Solo admiten socios cuyas cuotas financian plantaciones colectivas para abastecerse.
Otros socios lo son por motivos terapéuticos. Se amparan en cierto limbo legal
EVA CAVERO
En una de las calles del barrio barcelonés de Sants un discreto dibujo de una hoja de marihuana en una fachada anuncia un club peculiar: "La Maca, asociación cannábica". En el interior, el aspecto es el de una oficina, pero no huele a archivo y burocracia. El humo del cannabis se escapa bajo la puerta de la sala lúdica, donde los socios hablan y fuman porros tranquilamente, sentados alrededor de la mesa o en cualquiera de los cuatro sofás. Otros esperan su turno para entrar en el pequeño despacho donde recogerán la cantidad de marihuana que les corresponda para la semana. Un socio viste con americana y corbata: "Acabo de discutir de cosas importantes en una reunión de trabajo. No quiero fotos", dice tajantemente.

El cultivo está castigado con cárcel, pero se aplican eximentes y atenuantes que suponen una despenalización 'de facto'
En el último año y medio se han hecho 1.000 descargas de la guía 'Cómo crear un Club Social de Cannabis'

Esto no es Amsterdam.Sucede en Barcelona, en San Sebastián, Bilbao y Madrid. Y, no, no se han legalizado los coffee shops en España. Se trata de clubes privados (hasta 22 se han unido en una federación, por el momento) que gestionan plantaciones colectivas de cannabis para producir la marihuana y el hachís que consumirán sus socios, que son quienes sufragan las plantaciones a través de las cuotas. Socios los hay de dos tipos: los terapeúticos (que consumen la droga por razones de salud) y los lúdicos. Pero todos quieren fumar "rico y de calidad por un precio razonable".
En la sala lúdica de La Maca, Joana se lía un porro en uno de los cuatro sofás. No es una mujer mayor, pero tampoco una jovencita. Inspira el humo con parsimonia, como si cumpliera un ritual: "Fumar me ayudó a seguir con mi vida cuando la depresión lo hacía imposible". Entrar en una de estas asociaciones tiene sus requisitos. Para ingresar como socio lúdico es necesario el aval de otro socio y que el club disponga de plazas, en función de la cosecha prevista; hacerlo por motivos terapéuticos, como Joana, requiere de un certificado médico. El servicio terapéutico de esta asociación pasa consulta los miércoles por la mañana. En los últimos tres meses, los médicos voluntarios han rechazado a dos pacientes por considerar que no estaban dentro de uno de los ocho grupos de enfermos para los que el cannabis parece ser eficaz como sustancia paliativa. "No pretendemos predicar el uso, sólo hacer un uso inteligente, empezando por adecuar las dosis", explica Joan Parés Grahit, uno de los doctores.
Hace cuatro años que José Afuera y otros amigos decidieron reunirse para formar un cultivo colectivo. De aquellas primeras reuniones en el salón de su casa nació La Maca. Hoy, la asociación que preside Afuera tiene más de 500 socios y varios terrenos alquilados para las plantaciones agrícolas. La Maca ha crecido. En el local, además de la sala lúdica y el pequeño despacho, hay una sala para que el equipo terapéutico pase consulta una vez a la semana, un baño y dos habitaciones aún vacías. Una de ellas será la sala para los trabajos que requiere la cosecha. La más grande albergará en unos meses una plantación de interior.
Los comienzos no fueron fáciles: no había unas normas claras de cómo actuar, porque los límites de lo legal no están definidos. Ensayo y error. Siguieron el camino que habían abierto otros clubes ya en marcha, la mayoría en el País Vasco, que contaban con sentencias judiciales que han salido reforzadas después de ganar al menos siete juicios por las plantaciones decomisadas. La sentencia más conocida afectó a la asociación bilbaína Pannagh: en 2007, la Audiencia Provincial de Vizcaya determinó que el cultivo colectivo que les fue incautado en 2005 era legal. Y no solo eso, sino que obligó a la policía a devolver los 17 kilos que quedaban de la marihuana. La droga, que aún guardan en cajas en la antigua sede, está inservible, pero se convirtió en un trofeo simbólico.
No hay, sin embargo, un plan de actuación de las instituciones frente a estos clubes. Un portavoz del Ministerio de Sanidad explica a este periódico que los cultivos del cannabis deben estar "sometidos siempre a autorización administrativa estatal previa". Pero, ¿quién debe emitir esta autorización? No queda claro. En el Plan Nacional Sobre Drogas responden que la Agencia del Medicamento es el organismo que debe aprobar los productos derivados del cannabis que tengan un fin farmacológico. Esta agencia precisa, a su vez, que solo el Sativex (a razón de 440 euros el frasco) está autorizado.
¿Y cuando se trata de fines lúdicos? El artículo 368 del Código Penal castiga el cultivo con entre uno y tres años, pero los jueces suelen aplicar atenuantes y eximentes (por tratarse de consumidores habituales) que suponen una despenalización de facto, según fuentes policiales y judiciales.
No hay regulación. "Las leyes no especifican nada. Estamos construyendo nuestro propio camino", explica Martín Barriuso, presidente de la Federación de Asociaciones Cannábicas (FAC), que agrupa a 22 de estos clubes. Basándose en la experiencia, la FAC propone algunos consejos: no puede haber propaganda, no hay lucro y es un circuito de consumo privado y cerrado. Aún así, persiste el riesgo de que la policía detenga a uno de los socios durante el transporte de la marihuana de la plantación al local. No hay norma que especifique los límites o cómo pueden compatibilizarse esta actividad con la ley Corcuera, que prohíbe la tenencia de drogas en la vía pública.
Barriuso se muestra especialmente interesado por regular la situación. Además de presidir la FAC, es presidente de Pannagh, un club de Bilbao, y es quien asume la responsabilidad del transporte. Curtido en sus apariciones en ETB y otras televisiones, habla con soltura del proyecto asociativo, en el que milita desde hace más de 13 años. Entonces, Barriuso acudió por primera vez a presentar la propuesta de la FAC en la cámara vasca. Ahora cree que ya pueden probar que funciona: "Nos hemos convertido en una realidad social. Hemos hecho un proceso de reflexión y vemos que es necesario llevarlo a las instituciones."
El Ministerio del Interior no ha establecido un protocolo de actuación para la policía respecto a estos clubes. Tampoco lo han hecho las Comunidades Autónomas, aunque varias asociaciones aseguran que han tenido conversaciones privadas con las autoridades de su comunidad.
Es en el País Vasco donde las conversaciones van más adelantadas: el pasado noviembre, Martín Barriuso e Iker del Val (presidente y vicepresidente de la FAC) comparecieron ante la comisión de Interior de la cámara autonómica. La respuesta de los grupos parlamentarios vascos fue desigual. La réplica más dura fue la de la portavoz socialista, Teresa Laespada, que, pese a ser amiga de Barriuso, criticó duramente el proyecto, argumentando que la autorización expresa de estos clubes supondría "dos pasitos o tres menos en beneficio del debate social real de las drogas".
La media de edad de los socios de estos clubes es de 35 años, lo cual quiere decir que hay un porcentaje alto de consumidores que están entre los 40 y los 50. "Los más mayores nos suelen decir: 'Menos mal que estáis. Ya no tengo edad para ir a buscar al camello de la esquina", dice Barriuso. Uno de los socios cita el día en el que el médico le recomendó a su madre la marihuana como sustituto de las pastillas para dormir: "¿La droga de mi hijo?", recuerda que exclamó. Ahora, cada noche, su madre saca del congelador una de las magdalenas de cannabis que le preparan para tomar con un vaso de leche antes de irse a dormir.
Las mismas asociaciones temen que surjan clubes que actúen como "tapadera" para montar un negocio. El modelo que propone la FAC no es el único. Hace año y medio que colgaron en su web la guía Cómo crear un Club Social de Cannabis y se han producido unas 1.000 descargas del documento. La falta de un registro para este tipo de asociaciones impide conocer su número total.
Algunos clubes tienen bar o restaurante, un modelo que recuerda a loscoffee shops holandeses. "Es necesario que las cuentas estén claras para poder demostrar que las cantidades producidas se corresponden con lo consumido por los socios", dice Del Val, presidente de Ganjazz (San Sebastián). Para demostrar que no hay tráfico de drogas, los socios registran en el cuaderno de bitácora de su club las cantidades que prevén consumir, cálculos que determinarán el tamaño de la cosecha. Con el tiempo se plantean que una autoridad se encargue de "auditar" las producciones. Dato curioso: algunas de las asociaciones tributan IVA (gravado al 18%) por las cuotas que sufragan los cultivos. El volumen del impuesto supuso el año pasado 18.938 euros en el caso de Greenfarm (San Sebastián).
Reunidos en la sala lúdica, varios miembros de La Maca celebran la asamblea del miércoles. "Toma, te paso algunas muestras para que las cates", dice Nora mientras señala unas bolsitas de maría con una etiqueta: Spannabis 2011. Son ejemplares de las plantas que se presentarán en un concurso de cultivos durante la feria que se celebra este fin de semana en Barcelona. Los miembros de las asociaciones forman el jurado que decidirá los mejores cultivos. La Fundación de Ayuda contra la Drogadicción no ve con buenos ojos estas iniciativas: "Que se oiga la voz de los consumidores nos parece legítimo. Nuestra preocupación está en distinguir dónde acaba la reivindicación y comienza una cierta promoción de la sustancia", aclara Eusebio Megías, director técnico.
La Maca no tiene reparos en enseñar sus oficinas a los periodistas, pero visitar una de las plantaciones no es fácil. Temen los robos y la tentación del sensacionalismo. "La prensa siempre se queda con la foto de la hoja de maría", insiste Afuera. "La sensación de indefensión ante los ladrones es aún más grande que ante la policía", dice sin olvidar las horas que pasó en la comisaría hace unas semanas. La historia está cargada de ironía: al ir a denunciar el hurto en una plantación, los Mossos d'Escuadra le explicaron que, para admitirla, antes deberían denunciarle por delito contra la salud pública.
Uno de los cultivos ocupa un invernadero de casi 200 metros cuadrados arrendado a una empresa agrícola. Hileras de plantas de seis variedades distintas de marihuana crecen sujetas a cables para evitar que se tuerzan. El conjunto está rodeado de cámaras y sensores de movimiento conectados a una empresa de seguridad. Por control informático se regulan las constantes de temperatura, luz y humedad para acelerar el crecimiento de las plantas, de manera que pueden cosechar hasta cuatro veces en un año.
Es la plantación "más profesional" de la asociación, explica Raúl, uno de los productores. Tiene 32 años, la memoria lenta y el habla pausada. Su oficio transcurre entre cruces de plantas y la preparación y supervisión de cultivos. Raúl no niega que podría ganar "mucho, mucho más" en el mercado negro. "Trabajar en el cannabis y hacerlo de forma legal es un lujo. Yo no cambio por nada el poder explicarle a mi hija en qué trabajo".
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O Globo 28.02.2012
Maconha é principal droga usada na América do Sul, diz estudo
ONU alerta que uso abusivo do tóxico atingiu 3% da população entre 15 e 64 anos em 2009
BRASÍLIA - Um relatório divulgado nesta terça-feira pela Junta Internacional de Fiscalização a Entorpecentes (Jife), órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), mostra que a maconha continua sendo a principal droga usada na América do Sul. A prevalência anual de abuso de maconha atingiu 3% da população da região entre 15 e 64 anos, ou seja, cerca de 7,6 milhões de pessoas, em 2009.
De acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc), cerca de 20% da maconha usada no Brasil têm origem doméstica e 80% entram no país pelo Paraguai. Em 2010, as autoridades brasileiras destruíram 2,8 milhões de plantas de cannabis, incluindo mudas, e apreenderam mais de 155 toneladas da erva.
A cocaína é a principal droga usada por pessoas que se submetem a tratamento por problemas com substâncias químicas na América do Sul. Segundo o relatório da Jife, em 2010, as apreensões de cocaína, tanto na forma de base quanto na de sal, diminuíram em vários países da região, incluindo a Argentina, Colômbia, o Equador, Uruguai e a Venezuela, se comparadas ao ano anterior.
A quantidade total de cocaína apreendida diminuiu de 253 para 211 toneladas na Colômbia, e de 65,1 para 15,5 toneladas no Equador. De 2009 a 2010, a quantidade total de cocaína apreendida no Peru aumentou em quase 50%, indo de 20,7 para 30,8 toneladas. Em 2010, um aumento da quantidade de cocaína apreendida também foi relatado pela Bolívia (29,1 toneladas), pelo Brasil (27,1 toneladas), Chile (9,9 toneladas) e Paraguai (1,4 toneladas).
Em 2010, a área total de cultivo ilícito de arbusto de coca na América do Sul era 154,2 mil hectares, 6% menos do que em 2009. A área sob cultivo ilícito diminuiu significativamente na Colômbia e teve ligeiro aumento no Peru. No entanto, não houve mudança considerável no cultivo de coca na Bolívia.
De acordo com o relatório, a Interpol (organização internacional que ajuda na cooperação de polícias de vários países) e o Unodc estimam que o mercado ilícito global de cocaína valha mais de US$ 80 bilhões. Desde 1998, o mercado ilícito de cocaína na América do Norte, que corresponde a 40% do mercado, tem diminuído, enquanto a demanda por cocaína na Europa, responsável por 30% do mercado, tem aumentado.
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El País 29.02.2012
Un pueblo de Tarragona alquilará terrenos para cultivar cannabis
El consistorio tiene previsto aprobar hoy la cesión para que les saque de la crisis
Una calle de Rasquera, en Tarragona, un pueblo de unos 900 habitantes.

Rasquera, un pueblo agrícola de Tarragona de apenas 900 habitantes, ha visto en el cultivo de cannabis una salida a la crisis. El Ayuntamiento votará hoy en el pleno municipal si alquila terrenos a una asociación de autoconsumo de marihuana para que tengan sus plantas. Es la polémica forma que han encontrado para intentar paliar una deuda municipal de 1,3 millones de euros, crear puestos de trabajo y conseguir ingresos.
El alcalde, Bernat Pellisa, de Esquerra Republicana, lleva ocho meses negociando con la Asociación Barcelonesa Cannábica de Autoconsumo (ABCDA), un club con fines lúdico-terapéuticos, formada por 5.000 socios. Pero no está solo: la oposición le apoya, según ha explicado él mismo. Por eso espera superar sin problemas la votación hoy en pleno. El terreno pertenece a un particular, que se lo cederá al Ayuntamiento, que a su vez creará un ente público que se hará cargo de la plantación. Una suerte de banco de terrenos.
“Es un plan anticrisis, nos permitirá poder seguir ofreciendo servicios municipales, como el reciclaje, que se ha tenido que suspender”, explica Pellisa. Fue él mismo quien se puso en contacto con la ABCDA. En principio, la entidad pagará 36.000 euros por la firma del convenio y después se ha comprometido a abonar 550.000 euros anuales por el alquiler de los campos y sufragar los gastos jurídicos y de seguridad del proyecto. Ayer se reunieron con abogados y un representante de la Generalitat. Pero todavía no han decidido cuántos metros tendrá la plantación.
“Es un plan para seguir ofreciendo servicios”, defiende el alcalde
“Todo el mundo nos mira con recelo, pero crearemos una empresa pública destinada a la investigación del cannabis, y después se determinará qué cantidad de marihuana será para los socios”, dice el alcalde. Asegura que se están llevando a cabo proyectos similares en otras partes de España, y que todos los estatutos están revisados por la fiscalía.
Según los primeros cálculos, el cultivo de marihuana creará en Rasquera alrededor de 50 puestos de trabajo directos e indirectos. “La población está muy envejecida, queremos frenar la fuga de vecinos y dar trabajo a la gente joven”, afirma Pellisa. Pero, en el proyecto, según el alcalde, hay un trasfondo mayor: “Servirá para medir la hipocresía de la sociedad, los niños de 14 años ya acceden a las drogas, mientras que si se legalizase el consumo racional de cannabis para los mayores de 21, las mafias dejarían de lucrarse y se podrían investigar los beneficios terapéuticos que genera esta industria, además de revertir en la Seguridad Social”.
El departamento de Interior catalán guarda silencio, a la espera de que le llegue formalmente la propuesta. Pero el encaje de la plantación choca con el artículo 368 del Código Penal, que prohíbe el cultivo, la elaboración o el tráfico de drogas. “Es complicado. Jurídicamente, con el Código Penal en la mano, sería difícil”, asegura el letrado penalista Javier Rodrigálvarez. Aunque deja una puerta abierta: “Si se puede demostrar que cada una de las parcelas es individualizada para el autoconsumo...”. Aun así, conllevaría una gestión compleja: “¿Quién manipularía y sacaría la marihuana? ¿Quién la cultivaría?”.
La asociación prevé  pagar 550.000 euros anuales al município.
Por no mencionar el precedente que puede suponer. “Aquellos con intereses de otra índole podrían intentar constituirse como una asociación para hacer lo mismo”, augura el letrado. E incluso podría tener eco internacional y que España fuese un foco de atracción.
Las asociaciones cannábicas lo ven con buenos ojos. “Habrá que estudiar bien el convenio, requerirá un protocolo de actuación que tenga en cuenta a la policía, a salud y a justicia, pero es muy positivo”, defiende el vicepresidente de la Federación de Asociaciones Cannábicas (FAC), Iker Val. Aunque aseguran que esa no es su vía, porque se basa en asociaciones demasiado grandes (ABCDA no forma parte de la FAC).
Además, son conscientes de los problemas derivados del limbo legal en el que se encuentran las asociaciones de consumo cannábico. “La jurisprudencia del Supremo sobre cultivo y consumo compartido se refiere a consumo de ciertas personas y cerrado. La fiscalía en el País Vasco [donde más avanzado está el debate] nos dice que en un círculo cerrado no caben lecturas de 4.000 socios”, explica Aitor Brión, letrado de la federación. Y añade: "Alquilar el terreno no tiene problema. ¿Pero en base a qué previsión de cultivo se va a trabajar? ¿Quiénes serán los empleados? Interpretando la jurisprudencia a pie juntillas tienen que ser socios y ha de haber una previsión”.
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 Coletivo CannaCerrado 27.02.2012
Redução de danos para o uso de maconha.
Uma introdução…
Sérgio Vidal
Muitas pessoas que fumam maconha não se dão conta dos riscos que o uso pode trazer para sua saúde, ou para as pessoas da sua convivência.
Hoje, há uma quantidade de usuários que cresceu vendo propagandas na TV ou ouvindo seus pais ou outras pessoas falando absurdos a respeito dos perigos da maconha. Dizia-se (e se diz muito ainda por aí), que a maconha pode destruir neurônios, levar à impotência, causas crescimento das mamas nos homens, prejudicar a memória, câncer de pulmão, dependência e mais um monte de outros problemas.
Essas propagandas e informações que circulam na sociedade não têm de fato ajudado a lidar com os reais problemas que podem decorrer do uso de maconha, pois quando as pessoas fumam maconha e não sofrem tais danos, automaticamente passam a descartar todas as informações de alerta a respeito do hábito. Se estivessemos numa situação de legalidade, onde conversar sobre a cannabis fosse considerado algo comum e normal, as pessoas buscariam informações com seus pais, em livros, revistas, professores, médicos, etc, de uma forma muito mais aberta do que hoje em dia. No entanto, infelizmente, não vivemos tal situação, e os usuários, em geral, buscam informações entre usuários mais experientes e, principalmente, na internet.
Mas, de fato, apesar de ser muito menos perigosa do que outras drogas ilícitas, e também do que drogas lícitas, como álcool e tabaco, a maconha, como todas as substâncias psicoativas, não é totalmente inócua. Mas, onde terminam os mitos e começam os fatos sobre seus reais riscos e danos? Nesse texto procuro discutir um pouco a respeito dos riscos mais comuns, apresentando algumas formas de minimizá-los e diminuir os danos provocados pelo hábito de consumir a planta.
Os possíveis danos decorrentes do uso da maconha são ligados à saúde física ou mental.
Com relação à saúde física, geralmente estão relacionados a utilização de métodos de ingestão que usam a fumaça da planta como veículo condutor dos princípios ativos. A ingestão de qualquer conteúdo inalando a fumaça da sua queima provoca irritação e danos nos órgãos e tecidos dos aparelhos digestivo e respiratório. Esses danos podem, inclusive, levar ao desenvolvimento de feridas e até mesmo câncer. Usada na forma de cigarros ou em cachimbos, além da fumaça em alta temperatura, a cannabis libera substâncias tóxicas como o monóxido de carbono, que podem apresentar o mesmo potencial de risco que as liberadas pela queima do tabaco e outros materiais.
Hoje em dia estão disponíveis no mercado aparelhos que aquecem as flores de cannabis a uma temperatura que varia entre 150ºC e 250ºC, o suficiente para transformar em vapor toda a água e grande parte da resina, sem necessidade de carburação. São os chamados vaporizadores. Esses aparelhos despejam jatos de ar-quente através de um recipiente contendo a cannabis, conduzindo o vapor resinado a ambientes em separado para serem inalados. Essas tecnologias reduzem ao máximo os riscos do ato de inalar a resina, com uma perda mínima dos princípios ativos.
Lembre-se que a inalação de componentes não-psicoativos também presentes na fumaça, como monóxido de carbono e alcatrão, faz mal ao sistema respiratório. O ideal é sempre usar aparelhos vaporizadores para prevenir os riscos de danos à saúde. Caso seja impossível adquirir um vaporizador, procure usar equipamentos para resfriar a fumaça como piteiras, cachimbos, bongs, dentre outros. Os bongs, cachimbos e vaporizadores são preferiveis aos cigarros porque dispensam o uso do papel. A fumaça da queima do papel já introduz novos fatores prejudiciais à saúde do usuário.
Se optar por cigarros evite fumar pontas muito pequenas, para não deixar que a brasa fique muito próxima. Use papéis produzidos especificamente para confecção de cigarros e evite os que contenham tinturas, aromatizadores ou outros produtos químicos. Evite também fumar cigarros feitos com pontas. As pontas não são mais escuras apenas por causa da resina psicoativa acumulada, mas também por causa do alcatrão acumulado.
As folhas da maconha têm pouca resina psicoativa, que se concentra em suas flores e partes anexas. As folhas, por sua vez, têm grande quantidade de alcatrão e outras substâncias nocivas. Na hora do consumo, é importante também descartar não só as folhas, mas galhos e outros resíduos. No fumo vendido comumente no mercado brasileiro não existe o cuidado de fornecer apenas as flores, é possivel encontrar também folhas, galhos e sementes, tudo isso longe do estado ideal de conservação.
Seja “solto” ou “prensado”, muitas vezes o fumo apresenta características de contaminação por mofo, consequência da falta de cuidado com o qual é colhido, curado, armazenado e transportado. Fumo mofado jamais deveria ser consumido. Mas estamos falando de redução de danos, e seria muita hipocrisia da minha parte acreditar que muitos usuários não vão fumar algo mofado. Muitas pessoas compram maconha em condições que não têm como avaliar o produto antes de já estar em sua posse. Caso você tenha certeza que quer se arriscar a consumir um fumo mofado, a melhor opção então é submetê-lo a ao menos 1 minuto no micro-ondas, em temperatura máxima, ou fazer o mesmo processo com um forno convencional. É preciso tomar cuidado para não torrar o fumo, mas é importante para ao menos diminuir o risco. Uma boa estratégia também é lavar bastante o fumo com água corrente e depois secá-lo. A resina psicoativa é um óleo e, por isso, não se mistura com água. É possível lavar bastante a maconha com uma perda miníma ou nula de psicoatividade. Em casos de contaminação é muito importante fazer a lavagem e higienização para evitar consequências graves.
É possível também fazer preparados comestiveis com a maconha. Basta usar estratégias para fazer com o óleo da planta seja absorvido por algum produto gordusoso, como manteiga, leite ou outros óleos vegetais, a exemplo dos de azeitona, girassol, canola, etc.
Com relação aos danos à saúde mental, não há nada comprovado que possa afirmar que a maconha cause problemas, mas há fortes indícios de que ela acelere processos psicóticos em pessoas com disposição genética ou ajude a desencadeá-los em situações de crise, em especial os casos de esquizofrenia. Se existe algum indício de que a pessoa tem uma predisposição a qualquer enfermidade psíquica é preciso muita precaução antes de decidir consumir maconha. Ela é uma droga psicoativa forte e deve ser respeitada. É importante também que a pessoa, sabendo disso, procure consumi-la apenas em ambientes agradavéis, em situações que não possam prejudicar a experiência com a planta e, principalmente, em momentos no qual esteja se sentindo bem e segura. Respeite a planta, mas respeite principalmente a si mesmo e seus limites. É importante que os usuários frequentes, que consomem todo dia, procurem estabelecer rituais de uso que afastem comportamentos compulsivos da sua rotina.
Para usuários frequentes que procuram reconstruir sua relação com o uso sempre faço as mesmas recomendações que faço aos tabagistas. Evite fumar enquanto desenvolve outras atividades. Procure reservar os momentos específicos apenas para consumir. Assim, você cria uma rotina de ter que parar outras atividades e também não faz associações. Geralmente muitas pessoas se habituam a fumar antes ou depois de alguma atividade, como almoçar, ou tomar banho, ou ainda fumar enquanto se usa o computador. Esse tipo de associação facilita o surgimento do comportamento compulsivo, ao relacionar a necessidade do efeito farmacológico da substância em si com outras necessidades cotidianas. Em outras palavras, retire os momentos apenas para consumir a planta, aproveitando-o, inclusive, para refletir sobre esse hábito.
Existem muitos outros temas a serem discutidos com relação à redução de danos para o uso de maconha. Cabe ainda a discussão sobre os danos provocados pela proibição da maconha e como reduzi-los. Os danos provocados pelo consumo de maconha comprada e o porque de se iniciar seu próprio cultivo. Mas isso vou deixar para outro dia, pois certamente espero receber o retorno dos leitores aqui do CannaCerrado, para saber quais temas estão sendo considerados mais ou menos interessantes.
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R7 02/02/2012
Deputados tchecos propõem o uso da maconha para fins terapêuticos
Médicos do país creem que substância da erva ajuda a atenuar dores e desnutrição
Jeff Barnad 
Um grupo de deputados tchecos solicitou ao governo a aprovação de uma lei que permite o uso terapêutico da Cannabis sativa.
"Não se trata da liberação do uso da maconha, mas de legislar seu uso terapêutico", declarou em entrevista coletiva o deputado conservador e antigo prefeito da capital Pavel Bem.
A República Tcheca pretende se unir neste ano ao grupo de países da União Europeia que permite essa substância na medicina.
O projeto de lei prevê a criação de uma agência de controle do cultivo e importação, responsável também por intermediar a distribuição "para garantir preços baixos", informou Jindrich Voboril, coordenador nacional antidroga do governo.
Está prevista a existência de três a dez produtores oficiais da substância, que estarão sob uma severa supervisão para evitar que a droga abasteça o mercado ilegal, acrescentou.
Também será criada uma receita eletrônica que a polícia terá acesso para evitar abusos, lembrou Voboril.
O projeto exclui o uso da Cannabis para crianças e jovens. "Acho que a lei será aprovada neste ano, para entrar em vigor em 2013", afirmou o presidente da Câmara baixa, Miroslava Nemcova.
As legislações israelense, holandesa e canadense serviram de modelo para o projeto de lei.
Há consenso entre médicos e neurologistas do país que a maconha ajuda a atenuar dores crônicas neurológicas, assim como a desnutrição severa e falta de apetite e distúrbios neurológicos.
Os deputados pretendem permitir aos pacientes com câncer o uso da substância para aliviar as dores.
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Veja 26/01/2012
Eu era depressivo e fumava maconha, diz Brad Pitt sobre começo da fama
Ator conta em entrevista que não gostava de ser famoso e que, para se esconder do mundo das celebridades, se trancava em casa e se drogava até adormecer
Indicado ao Oscar pela terceira vez e marido de Angelina Jolie, uma das mulheres mais bonitas do mundo, o ator Brad Pitt afirma em entrevista recente que o começo da fama não foi fácil para ele. Pitt conta à revista americana Hollywood Reporter que não gostava de fazer parte do mundo das celebridades quando ficou famoso, e que, para se esconder, se trancava em casa e fumava maconha.
“Eu tinha nojo de mim mesmo no fim dos anos 1990. Eu me escondia da fama e fumava muita maconha. Ficava sentado no sofá vegetando, então me irritei e pensei: 'Por que estou agindo assim? Eu sou melhor do que isso'", contou o ator, que é um dos indicados ao Oscar deste ano por sua interpretação no filme O Homem que Mudou o Jogo.
“Eu fazia a mesma coisa todas as noites: fumava maconha até adormecer. Mal podia esperar até chegar em casa e me esconder. Mas essa sensação de desconforto só cresceu, e um dia eu me dei conta que era um desperdício", afirmou. Pitt disse ainda que a maconha era uma resposta à depressão. "Eu sofria de depressão naquela época. Mas isso também faz parte de descobrir quem você é. Eu vejo como um grande aprendizado."
Segundo ele, uma viagem à cidade Casablanca, no Marrocos, o fez mudar de vida. “Eu vi tanta pobreza e gente passando fome. Percebi que o que eu sentia era desnecessário, e que aquelas pessoas conseguiam sobreviver em condições muito piores. Então, eu simplesmente parei de fumar maconha, mais ou menos, e decidi sair do sofá."
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FSP 05/12/2011
Maconha no Rio é 283 vezes mais cara que no Paraguai, diz pesquisa
CIRILO JUNIOR
Levantamento feito pela organização Viva Rio indica que a maconha vendida no Rio de Janeiro custa, em média, 283 vezes mais do que o preço cobrado na outra ponta, ou seja, na venda da planta cultivada.
A pesquisa, que levou cinco meses para ser concluída, mediu a cotação da maconha desde o Paraguai, até o preço observado em favelas e bairros de classe média alta do Rio. O Paraguai é, segundo relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) de 2009, o segundo maior produtor de maconha do mundo, com 16,5 mil toneladas por ano.
O trabalho levou em conta dados oficiais, como o relatório da ONU, dados de secretarias anti drogas, órgãos de polícia, informações da mídia, e pesquisas com usuários, explicou o economista Julio Purcena, responsável pelo levantamento.
Diretor do Viva Rio, Rubem Cesar Fernandes ressalta que, no caso das vendas de tabaco, a variação do preço do produto chega a, no máximo, 39 vezes, desde o cultivo.
"A comercialização de maconha é um negócio altamente rentável. Feita num mercado ilícito e sem controle, há um salto de valor enorme", afirmou.
O risco de vender um produto ilegal é um fator que inflaciona o preço da maconha, mas está longe de ser o principal, opinou Fernandes.
Ele lembra que, apesar de o mercado ilegal não pagar imposto, há outros fatores de perda, especialmente as apreensões feitas pela polícia e o pagamento de propina para a liberação da venda da droga. A ONU estima que o custo da repressão signifique 17% do valor cobrado pelo produto.
"Seria o imposto da repressão. Mas o imposto legal é muito mais alto. Não é a repressão que explica o preço, tem a ver com o fato de ser ilegal. O vendedor cobra o que ele quiser. Não existe um comércio legal que seja tão lucrativo. Se vender maconha fosse legal, seria muito menos rentável", comentou Fernandes.
Foram constatadas ainda variações extremas de preço, devido a interferências externas nas transações comerciais. O grama da maconha comprado em favelas custa 61% menos, se comparado a preços observados no asfalto, em bairros de classe média.
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Última Instância 02.12.2011
Fernando Henrique, os “repressivos” e os “maconheiros”
Em entrevista ao Última Instância, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou na última quarta-feira (23/11) o modo como foi conduzida a recente crise sobre a presença da Polícia Militar no campus da USP (Universidade de São Paulo) e recriminou a rotulação dos estudantes que ocuparam a reitoria da instituição como “maconheiros”. Classificou o modus operandi da polícia no caso como “repressivo”. “A repressão faz mais mal do que o uso da maconha”, afirmou o ex-presidente, que defende publicamente a descriminalização da droga.
Com todo respeito ao ex-presidente, seu distanciamento da USP, ocorrido desde o início da década de 1970, como ele mesmo reconhece, não o coloca na melhor perspectiva para analisar a ação da PM neste caso.
Não sou defensor da PM, apesar de ser instituição muitíssimo organizada, porque ainda lhe falta uma cultura interna de preparar melhor o policial para o trabalho urbano. Além do que, penso que a estrutura militarizada da PM não se adéqua mais às exigências da sociedade atual. A polícia deveria ser unificada por uma série de motivos, cujo espaço do texto não permite tratarem-se aqui.
Todavia, no caso da invasão da USP, a PM agiu exemplarmente. Com efeito, em primeiro lugar cumpriu ordem judicial. Depois, seguiu os padrões internacionais de operações urbanas. Este determina que o número de policiais em ações armadas contra criminosos violentos seja o triplo do número esperado de agressores. No caso de ações não armadas, que demandam o uso de energia, mas em que é proibido uso de armas letais ou não letais, o número de policiais precisa ser de cinco a seis vezes superior.
No caso da USP, eram estudantes, apesar de tudo, mas que se recusavam a deixar o prédio. Era necessário emprego de energia, mas felizmente não houve episódios de violência. É claro que obrigar pessoas que não querem fazer algo a fazê-lo é intrinsecamente “repressivo”, mas não no sentido que relaciona a expressão a regimes ditatoriais, mas naquele outro que vem expresso na própria doutrina processual penal: repressão como a energia necessária para manter a ordem judicial proferida.
Por outro lado, classificar alunos como maconheiros deve ser criticado. Eles não são maconheiros, não são criminosos, no sentido comum da palavra – por isto defendi policiamento especialmente treinado para trabalhar na USP em texto anterior. São estudantes que consomem maconha.
A distinção existe no direito penal. Quem o estuda seriamente não coloca agentes que praticam crimes no mesmo balaio de gatos. Isso o faz quem acha que direito criminal é igual a cadeia e “bandido bom é bandido morto”. Alguns mascaram essa postura com críticas ao direito penal mínimo, por exemplo.
Mas, voltemos aos estudantes que não são maconheiros. O problema é que existe uma visão romântica da década de 60 e 70 que enxerga a cannabis como uma droga liberadora da espiritualidade. Um estudo sobre o pensamento religioso humano mostra que o uso de substâncias entorpecentes está relacionado à busca de estágios de consciência elevados, que religam o humano ao divino. Na década de 60, com o início da sociedade pós-industrializada, com guerras localizadas no mundo, provocadas por fatores político-econômicos, a saída para alguns era esse retorno à espiritualidade, para o qual um dos símbolos exponenciais era a maconha.
Hoje, pergunta-se: num momento em que toda sociedade luta contra o tabaco e o cigarro, contra o álcool, seria lógico pensar-se em liberar a maconha? Poderia ela ser consumida em bares e restaurantes? Como ela seria comercializada?
Na fase atual, a maconha é também, como o cigarro, industrializada, preparada para produzir dependência logo nos primeiros estágios de uso. Ela é também mais um produto da sociedade de mercado.
O único jeito da maconha ser pura é se o consumidor a plantasse em algum espaço da própria residência. Isto seria possível?
Assim, falar em descriminalização da maconha em tempos modernos é algo que precisa ser bastante ponderado, colocando-se na mesa todos os aspectos da questão. Não é mais possível voltar ao passado romântico do consumo da cannabis. E este é o grande problema.
Realmente, presidente Fernando Henrique, o estudante que fuma maconha não é maconheiro. Ele é alguém que foi engolido pela sociedade de mercado, enquanto pensa que luta contra ela.
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03.11.2010 Veja

Especialista em células tronco defende a legalização da maconha
Stevens Rehen*
Há pelo menos 6.500 anos a Cannabis sativa é consumida pelo homem, em diversas partes do mundo, nos mais variados contextos e períodos históricos. Chineses, egípcios, indianos e africanos foram os primeiros a cultivar a erva para fins comerciais, medicinais, recreativos e religiosos. Na Inglaterra de Henrique VIII e Elizabeth I, havia a exigência legal para que latifundiários cedessem parte de suas terras para o cultivo da planta, usada na produção de lona, cordas e misturada ao chá como analgésico. A própria rainha Vitória utilizava cannabis para aliviar sua síndrome pré-menstrual crônica e as dores do parto de seus nove filhos. Também há indícios que o primeiro Presidente dos Estados Unidos, George Washington, cultivava a planta.
A demonização do consumo da maconha tem como marco histórico a primeira Convenção Única de Entorpecentes da ONU em 1961, quando a erva apareceu ao lado da heroína numa lista maldita. Algo sem qualquer fundamentação científica nos dias de hoje. Desde então a repressão ao seu consumo gerou violência e não reduziu, muito pelo contrário, aumentou o número de usuários em todo o planeta, inclusive no Brasil.
Tal proibição impede o escrutínio sobre seu potencial terapêutico, incrementa o poderio e rendimentos financeiros dos traficantes, além de desperdiçar recursos do estado e esforço policial concentrados na busca e apreensão de uma substância reconhecidamente menos perigosa do que o álcool e tabaco.
Não há justificativa moral ou científica que sustente a ilegalidade do consumo de Cannabis sativa, incapaz de gerar qualquer benefício social ou estancar seu consumo. Por outro lado, existem argumentos ad nauseam sobre como a guerra às drogas é uma política de estado ineficaz. Mas certamente o principal motivo para a necessidade de sua legalização está na constatação de que uma política pública que já dura mais de 50 anos e não alcança seus objetivos deve ser revista.
Tudo o que é proibido não pode ser fiscalizado, fica à margem dos cidadãos e nesse caso específico financia o crime organizado. Um regime de disponibilidade sob controle rigoroso, utilizando mecanismos para regulamentar um mercado formal de produção, uso, compra, tributação e idade mínima legal é o mecanismo mais eficaz para impedir o crescimento desenfreado da violência e corrupção, cujo exemplo do México nos salta aos olhos.
A Califórnia terá a chance de redefinir mais uma vez os rumos e valores do mundo ocidental, assim como já ocorreu em diversos momentos da história recente, com a revolução cultural dos hippies, da informática, do financiamento para a pesquisa com células-tronco embrionárias. Uma decisão pela legalização tornará a Cannabis sativa equivalente às drogas lícitas, como álcool e tabaco, permitirá o recolhimento de impostos e um efeito cascata que pode mudar o mundo. George Washington ficaria orgulhoso.
*Stevens Rehen é professor do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, especialista em células-tronco embrionárias, e autor do livro Células-tronco: o que são? Para que servem?(Editora Vieira e Lent).

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FSP 27/11/2011
            Uruguai quer liberar plantio de maconha.
LUCAS FERRAZ
País mais liberal das Américas em relação às drogas, o Uruguai estuda liberar o plantio da maconha para consumo pessoal. O assunto é debatido no Congresso, onde tramitam projetos do governo e da oposição.
O objetivo é pôr fim a uma contradição no país de 3 milhões de habitantes: não é crime consumir, mas sim comprar e vender drogas (no Brasil, consumo, comercialização e cultivo são crimes).
"A questão é proporcionar ao usuário acesso legal à maconha, permitindo também sufocar o narcotráfico. Nossa legislação é cheia de falhas", disse à Folha o deputado Sebastián Sabini, coautor do projeto da Frente Amplia, a coalizão de esquerda do governo de José Pepe Muijica.
O texto prevê a legalização do plantio de até oito plantas por casa (que podem gerar até 2 kg da droga), limita em 25 gramas a quantidade de maconha que um cidadão pode portar nas ruas e ainda cria associações de cultivo, controladas pelo Estado.
O segundo projeto não estipula limites para o cultivo, mas endurece as penas para o tráfico de drogas.
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http://bit.ly/tgKAeU 24.11.2011
Suíça vai Permitir 4 Pés de Maconha em cada Residência!
 Os passos são lentos, mas a primeira vista é necessário ter educação. Não é a toa que a Holanda é o primeiro a país a ter uma cidade legalizada, os mesmos loirinhos de olhos claros foram os primeiros a aderir o sistema mercantil industrializado do capitalismo, destacam-se anos luz de saneamento educacional nos países nórdicos.
E de passagem lembramos da Dinamarca, o país com maior investimento no liberalismo virtual, abrindo os portões do compartilhamento p2p livre. Mas desta vez a pauta são os Alpes, e não falaremos de relógios ou chocolate, a questão aqui é o cultivo caseiro que está prestes a ser liberado lá na Suíça.
Foi noticiado pelo Daily Mail que na região francesa da Suiça, foi acordado um relaxamento sob a leis relacionadas a cannabis. Cada residência poderá ter até quatro pés para consumo, é uma forma de não liberar o mercado de cannabis para o turismo, e ao mesmo tempo fazer com que cada consumidor se responsabilize pelo que consome, sem necessidades fiscais. É um sistema muito parecido com o adotado na Argentina. As regras entram em vigor em 1 de janeiro de 2012 nos cantões suíços de Vaud, Neuchâtel, Genebra e Fribourg.
Um passo de cada vez, enquanto na Cannabis Cup a polícia resolveu fazer uma intervenção, outros países se movimentam por baixo do pano para se livrar deste peso nos cofres nacionais que as prisões a inocentes usuários vem acarretando sem fundamento. 
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UOL Notícias 20/11/2011
Califórnia, nos Estados Unidos, vive ofensiva contra maconha
As leis federais dos EUA atualmente são claras: a maconha é proibida. Mas as leis locais são diferentes. A Califórnia foi o primeiro Estado americano a aprovar o uso medicinal da maconha.
Estabelecimentos comerciais especializados em vender maconha medicinal na Califórnia estão sofrendo uma forte ofensiva por parte da Justiça Federal americana. Diversos negócios fecharam as portas nas últimas semanas em vários municípios do Estado.
Existem hoje mais de mil lojas desse tipo na Califórnia, às vezes um misto de farmácia e clube, onde as pessoas legalmente identificadas como pacientes para os quais a maconha é prescrita podemcomprar o produto. Eventualmente, nesses clubes, podem consumi-lo ali mesmo.

No último dia 7, cooperativas, consumidores-pacientes e proprietários dessas farmácias de maconha medicinal entraram com ações na Califórnia para garantir o cumprimento do acordo anterior com a Justiça federal, que era deixá-los em paz desde que seguissem estritamente a legislação estadual.

Em 27 de outubro passado, um grupo de advocacia chamado Americans for Safe Access (www.safeaccessnow.org) havia dado entrada em outra ação em San Francisco acusando a Justiça federal de fazer um ataque inconstitucional contra a autoridade do Estado de legislar sobre sua própria política de saúde pública.
Uso medicinal
As leis federais atualmente são claras: a maconha é proibida. Mas as leis locais são diferentes. A Califórnia foi o primeiro Estado americano a aprovar o uso medicinal da maconha, num processo que começou em 1996 com a chamada Proposição 215.
  No final de agosto deste ano, o governador da Califórnia, Jerry Brown, aprovou uma lei que pela primeira vez explicitamente reconhece a legalidade dos centros locais de distribuição de maconha e o direito de cada município regulamentar a distribuição de maconha medicinal aos pacientes. Com isso, cada cidade pode ter sua legislação específica, mais ou menos liberal. San Francisco é uma das cidades mais liberais.
Desde 2003, consumidores-pacientes na Califórnia podem manter suas próprias plantações com seis pés maduros ou até 12 pés não maduros da planta, para uso próprio, além de ter o direito de portar até oito onças (cerca de 200 g) de maconha seca. Mas não podem embarcar no aeroporto com a droga, pois o aeroporto está sob administração federal.
Um programa do Departamento de Saúde Pública da Califórnia providencia cartão de identidade aos pacientes que o demandam voluntariamente, e teoricamente garante sigilo, para evitar que eles sejam perseguidos. 
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UOL 19/11/2011
Dossiê "Cannabusiness": Oakland (EUA) tem bairro, museu e até "faculdade" sobre maconha
Marion Strecker 
O cânhamo, planta que dá a maconha e as fibras têxteis resistentes usadas há milênios do Oriente ao Ocidente, é parte arraigada da cultura californiana. 
Ao lado de San Francisco e Berkeley há uma cidade importante chamada Oakland, onde recentemente dois veteranos da guerra do Iraque, um de 24 anos e outro de 32 anos, sofreram sérios ferimentos quando a polícia forçou a dispersão do acampamento de protesto Occupy Oakland, criado à luz do Occupy Wall Street, de Nova York.
Foto 34 de 66 - Mudas de maconha são vendidas a US$ 5 cada no HempCon San Jose; para comprar, é preciso ter documento emitido na Califórnia e documento que autoriza uso medicinal da erva Mais
Em Oakland, além de uma cena musical fervilhante, estádios e teatros enormes, há um lugar conhecido como Oaksterdam, cujo nome presta homenagem a Amsterdam, a cidade holandesa famosa por sua política liberal quanto às drogas, em particular à maconha e sua forma mais forte, o haxixe.
Em Oaksterdam, entre outras coisas relacionadas à maconha, há um museu e uma escola especializada no produto.
A chamada Oaksterdam University (www.oaksterdamuniversity.com) é uma escola particular criada em 2007, não reconhecida como curso superior. Ela se propõe a oferecer treinamento de alta qualidade nos diversos aspectos da indústria da cannabis. O objetivo é preparar os alunos para encontrar emprego em uma das mais de mil cooperativas, farmácias e/ou clubes da Califórnia. Ou a começar um negócio próprio.
Mercado crescente
Este é o caso de Jesus Hernandez, um rapaz de 21 anos que fez um curso de 13 semanas ali e agora está estudando negócios na DeVry University. Ele é americano e sua família é de origem mexicana. Nem o pai nem a mãe, que são separados, aprovam o seu plano de carreira. E ele nunca fuma maconha na casa do pai, onde mora.
Para Jesus Hernandez, que tem uma irmã no corpo de funcionários da Oaksterdam University, está mais do que claro que o negócio da maconha só vai crescer na Califórnia nos próximos anos. E ele quer surfar nessa onda.
O chamado Semestre Clássico da escola dura 13 semanas e custa US$ 700, o Semestre de Horticultura dura 10 semanas e custa entre US$ 700 e US$ 800, e um seminário de fim de semana custa US$ 300. Há também outros cursos de fim de semana e alguns eletivos, com preços variados. Os valores não incluem a bibliografia.
Os assuntos estudados vão das diferenças entre as leis federais e estaduais, os direitos e responsabilidades legais, a horticultura, os métodos de ingestão, incluindo extração, cozimento e vaporização, e aspectos econômicos do chamado Cannabusiness.
Ainda no Semestre Clássico são objetos de estudo a relação com os pacientes e como montar e operar um negócio.
O curso de Horticultura ensina o ciclo de vida da planta, sua propagação, os problemas relacionados ao uso de pesticidas, estratégias de agricultura e iluminação e segurança no uso de eletricidade, já que muitas plantações acontecem em espaços fechados.
Os alunos que obtiverem 75% de aprovação nos exames finais ganham diploma, usado para facilitar a empregabilidade nas farmácias e cooperativas.
Capacitação
A Oaksterdam não é a primeira nem será a última escola a ensinar como lidar com a maconha enquanto negócio.
Seminários, congressos e palestras pipocam o tempo todo na Califórnia.
Um concorrente direto da Oaksterdam University parece ser a Budding Academy (www.buddingacademy.com/classes), que já distribui “flyers” (propaganda em papel) por aqui, tem um site em que afirma operar em 12 Estados americanos, mas quando tentamos informações mais detalhadas de qualquer local específico, nada é informado no site.
Seminários de 12 horas de duração são oferecidos pela Budding Academy por US$ 199, incluindo taxas e material didático.
Museu
Deixando de lado a concorrência, que só aumenta, este ano, além da “faculdade”, a cidade de Oakland também ganhou seu primeiro museu dedicado à maconha, o Oaksterdam Cannabis Museum (http://www.oaksterdamcannabismuseum.com).
Ali, podem ser vistos pés de Cannabis Sativa e de Cannabis Indica, lado a lado. Um é maior que o outro. Um tem folha mais largas que o outro. Há também fotos e objetos antigos, mostrando como a cultura do cânhamo e da maconha esteve e continua presente na história oriental e ocidental. Mas há também muito material de campanha, tentando envolver os visitantes nas batalhas políticas e judiciais pela liberação da erva.
Pelo que verifiquei até agora, nem todas as informações do site ou do pequeno museu são exatas ou comprováveis. O museu tem claramente um fim político, ativista.
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A verdade sobre a maconha
Poucos assuntos dão margem a tanta mentira, tanta deturpação, tanta desinformação.
Afinal, quais os verdadeiros motivos por trás da proibição da maconha?
A droga faz mal ou não?
E isso importa?
Denis Russo Burgierman
Alceu Nunes
Por que a maconha é proibida? Porque faz mal à saúde. Será mesmo? Então, por que o bacon não é proibido? Ou as anfetaminas? E, diga-se de passagem, nenhum mal sério à saúde foi comprovado para o uso esporádico de maconha. A guerra contra essa planta foi motivada muito mais por fatores raciais, econômicos, políticos e morais do que por argumentos científicos. E algumas dessas razões são inconfessáveis. Tem a ver com o preconceito contra árabes, chineses, mexicanos e negros, usuários freqüentes de maconha no começo do século XX. Deve muito aos interesses de indústrias poderosas dos anos 20, que vendiam tecidos sintéticos e papel e queriam se livrar de um concorrente, o cânhamo. Tem raízes também na bem-sucedida estratégia de dominação dos Estados Unidos sobre o planeta. E, é claro, guarda relação com o moralismo judaico-cristão (e principalmente protestante-puritano), que não aceita a idéia do prazer sem merecimento – pelo mesmo motivo, no passado, condenou-se a masturbação.
Não é fácil falar desse assunto – admito que levei um dia inteiro para compor o parágrafo acima. O tema é tão carregado de ideologia e as pessoas têm convicções tão profundas sobre ele que qualquer convite ao debate, qualquer insinuação de que estamos lidando mal com o problema já é interpretada como “apologia às drogas” e, portanto, punível com cadeia. O fato é que, apesar da desinformação dominante, sabe-se muito sobre a maconha. Ela é cultivada há milênios e centenas de pesquisas já foram feitas sobre o assunto. O que tentei fazer foi condensar nestas páginas o conhecimento que a humanidade reuniu sobre a droga nos milênios em que convive com ela.
Por que é proibido?
“O corpo esmagado da menina jazia espalhado na calçada um dia depois de mergulhar do quinto andar de um prédio de apartamentos em Chicago. Todos disseram que ela tinha se suicidado, mas, na verdade, foi homicídio. O assassino foi um narcótico conhecido na América como marijuana e na história como haxixe. Usado na forma de cigarros, ele é uma novidade nos Estados Unidos e é tão perigoso quanto uma cascavel.” Começa assim a matéria “Marijuana: assassina de jovens”, publicada em 1937 na revista American Magazine. A cena nunca aconteceu. O texto era assinado por um funcionário do governo chamado Harry Anslinger. Se a maconha, hoje, é ilegal em praticamente todo o mundo, não é exagero dizer que o maior responsável foi ele.
Nas primeiras décadas do século XX, a maconha era liberada, embora muita gente a visse com maus olhos. Aqui no Brasil, maconha era “coisa de negro”, fumada nos terreiros de candomblé para facilitar a incorporação e nos confins do país por agricultores depois do trabalho. Na Europa, ela era associada aos imigrantes árabes e indianos e aos incômodos intelectuais boêmios. Nos Estados Unidos, quem fumava eram os cada vez mais numerosos mexicanos – meio milhão deles cruzaram o Rio Grande entre 1915 e 1930 em busca de trabalho. Muitos não acharam. Ou seja, em boa parte do Ocidente, fumar maconha era relegado a classes marginalizadas e visto com antipatia pela classe média branca.
Pouca gente sabia, entretanto, que a mesma planta que fornecia fumo às classes baixas tinha enorme importância econômica. Dezenas de remédios – de xaropes para tosse a pílulas para dormir – continham cannabis. Quase toda a produção de papel usava como matéria-prima a fibra do cânhamo, retirada do caule do pé de maconha. A indústria de tecidos também dependia da cannabis – o tecido de cânhamo era muito difundido, especialmente para fazer cordas, velas de barco, redes de pesca e outros produtos que exigissem um material muito resistente. A Ford estava desenvolvendo combustíveis e plásticos feitos a partir do óleo da semente de maconha. As plantações de cânhamo tomavam áreas imensas na Europa e nos Estados Unidos.
Em 1920, sob pressão de grupos religiosos protestantes, os Estados Unidos decretaram a proibição da produção e da comercialização de bebidas alcoólicas. Era a Lei Seca, que durou até 1933. Foi aí que Henry Anslinger surgiu na vida pública americana – reprimindo o tráfico de rum que vinha das Bahamas. Foi aí, também, que a maconha entrou na vida de muita gente – e não só dos mexicanos. “A proibição do álcool foi o estopim para o ‘boom’ da maconha”, afirma o historiador inglês Richard Davenport-Hines, especialista na história dos narcóticos, em seu livro The Pursuit of Oblivion (A busca do esquecimento, ainda sem versão para o Brasil). “Na medida em que ficou mais difícil obter bebidas alcoólicas e elas ficaram mais caras e piores, pequenos cafés que vendiam maconha começaram a proliferar”, escreveu.
Anslinger foi promovido a chefe da Divisão de Controle Estrangeiro do Comitê de Proibição e sua tarefa era cuidar do contrabando de bebidas. Foi nessa época que ele percebeu o clima de antipatia contra a maconha que tomava a nação. Clima esse que só piorou com a quebra da Bolsa, em 1929, que afundou a nação numa recessão. No sul do país, corria o boato de que a droga dava força sobre-humana aos mexicanos, o que seria uma vantagem injusta na disputa pelos escassos empregos. A isso se somavam insinuações de que a droga induzia ao sexo promíscuo (muitos mexicanos talvez tivessem mais parceiros que um americano puritano médio, mas isso não tem nada a ver com a maconha) e ao crime (com a crise, a criminalidade aumentou entre os mexicanos pobres, mas a maconha é inocente disso). Baseados nesses boatos, vários Estados começaram a proibir a substância. Nessa época, a maconha virou a droga de escolha dos músicos de jazz, que afirmavam ficar mais criativos depois de fumar.
Anslinger agarrou-se firme à bandeira proibicionista, batalhou para divulgar os mitos antimaconha e, em 1930, quando o governo, preocupado com a cocaína e o ópio, criou o FBN (Federal Bureau of Narcotics, um escritório nos moldes do FBI para lidar com drogas), ele articulou para chefiá-lo. De repente, de um cargo burocrático obscuro, Anslinger passou a ser o responsável pela política de drogas do país. E quanto mais substâncias fossem proibidas, mais poder ele teria.
Mas é improvável que a cruzada fosse motivada apenas pela sede de poder. Outros interesses devem ter pesado. Anslinger era casado com a sobrinha de Andrew Mellon, dono da gigante petrolífera Gulf Oil e um dos principais investidores da igualmente gigante Du Pont. “A Du Pont foi uma das maiores responsáveis por orquestrar a destruição da indústria do cânhamo”, afirma o escritor Jack Herer, em seu livro The Emperor Wears No Clothes (O imperador está nu, ainda sem tradução). Nos anos 20, a empresa estava desenvolvendo vários produtos a partir do petróleo: aditivos para combustíveis, plásticos, fibras sintéticas como o náilon e processos químicos para a fabricação de papel feito de madeira. Esses produtos tinham uma coisa em comum: disputavam o mercado com o cânhamo.
Seria um empurrão considerável para a nascente indústria de sintéticos se as imensas lavouras de cannabis fossem destruídas, tirando a fibra do cânhamo e o óleo da semente do mercado. “A maconha foi proibida por interesses econômicos, especialmente para abrir o mercado das fibras naturais para o náilon”, afirma o jurista Wálter Maierovitch, especialista em tráfico de entorpecentes e ex-secretário nacional antidrogas.
Anslinger tinha um aliado poderoso na guerra contra a maconha: William Randolph Hearst, dono de uma imensa rede de jornais. Hearst era a pessoa mais influente dos Estados Unidos. Milionário, comandava suas empresas de um castelo monumental na Califórnia, onde recebia artistas de Hollywood para passear pelo zoológico particular ou dar braçadas na piscina coberta adornada com estátuas gregas. Foi nele que Orson Welles se inspirou para criar o protagonista do filme Cidadão Kane. Hearst sabidamente odiava mexicanos. Parte desse ódio talvez se devesse ao fato de que, durante a Revolução Mexicana de 1910, as tropas de Pancho Villa (que, aliás, faziam uso freqüente de maconha) desapropriaram uma enorme propriedade sua. Sim, Hearst era dono de terras e as usava para plantar eucaliptos e outras árvores para produzir papel. Ou seja, ele também tinha interesse em que a maconha americana fosse destruída – levando com ela a indústria de papel de cânhamo.
Hearst iniciou, nos anos 30, uma intensa campanha contra a maconha. Seus jornais passaram a publicar seguidas matérias sobre a droga, às vezes afirmando que a maconha fazia os mexicanos estuprarem mulheres brancas, outras noticiando que 60% dos crimes eram cometidos sob efeito da droga (um número tirado sabe-se lá de onde). Nessa época, surgiu a história de que o fumo mata neurônios, um mito repetido até hoje. Foi Hearst que, se não inventou, ao menos popularizou o nome marijuana (ele queria uma palavra que soasse bem hispânica, para permitir a associação direta entre a droga e os mexicanos). Anslinger era presença constante nos jornais de Hearst, onde contava suas histórias de terror. A opinião pública ficou apavorada. Em 1937, Anslinger foi ao Congresso dizer que, sob o efeito da maconha, “algumas pessoas embarcam numa raiva delirante e cometem crimes violentos”.
Os deputados votaram pela proibição do cultivo, da venda e do uso da cannabis, sem levar em conta as pesquisas que afirmavam que a substância era segura. Proibiu-se não apenas a droga, mas a planta. O homem simplesmente cassou o direito da espécie Cannabis sativa de existir.
Anslinger também atuou internacionalmente. Criou uma rede de espiões e passou a freqüentar as reuniões da Liga das Nações, antecessora da ONU, propondo tratados cada vez mais duros para reprimir o tráfico internacional. Também começou a encontrar líderes de vários países e a levar a eles os mesmos argumentos aterrorizantes que funcionaram com os americanos. Não foi difícil convencer os governos – já na década de 20 o Brasil adotava leis federais antimaconha. A Europa também embarcou na onda proibicionista.
“A proibição das drogas serve aos governos porque é uma forma de controle social das minorias”, diz o cientista político Thiago Rodrigues, pesquisador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos. Funciona assim: maconha é coisa de mexicano, mexicanos são uma classe incômoda. “Como não é possível proibir alguém de ser mexicano, proíbe-se algo que seja típico dessa etnia”, diz Thiago. Assim, é possível manter sob controle todos os mexicanos – eles estarão sempre ameaçados de cadeia. Por isso a proibição da maconha fez tanto sucesso no mundo. O governo brasileiro achou ótimo mais esse instrumento para manter os negros sob controle. Os europeus também adoraram poder enquadrar seus imigrantes.
A proibição foi virando uma forma de controle internacional por parte dos Estados Unidos, especialmente depois de 1961, quando uma convenção da ONU determinou que as drogas são ruins para a saúde e o bem-estar da humanidade e, portanto, eram necessárias ações coordenadas e universais para reprimir seu uso. “Isso abriu espaço para intervenções militares americanas”, diz Maierovitch. “Virou um pretexto oportuno para que os americanos possam entrar em outros países e exercer os seus interesses econômicos.”
Estava erguida uma estrutura mundial interessada em manter as drogas na ilegalidade, a maconha entre elas. Um ano depois, em 1962, o presidente John Kennedy demitiu Anslinger – depois de nada menos que 32 anos à frente do FBN. Um grupo formado para analisar os efeitos da droga concluiu que os riscos da maconha estavam sendo exagerados e que a tese de que ela levava a drogas mais pesadas era furada. Mas não veio a descriminalização. Pelo contrário. O presidente Richard Nixon endureceu mais a lei, declarou “guerra às drogas” e criou o DEA (em português, Escritório de Coação das Drogas), um órgão ainda mais poderoso que o FBN, porque, além de definir políticas, tem poder de polícia.
Maconha faz mal?
Taí uma pergunta que vem sendo feita faz tempo. Depois de mais de um século de pesquisas, a resposta mais honesta é: faz, mas muito pouco e só para casos extremos. O uso moderado não faz mal. A preocupação da ciência com esse assunto começou em 1894, quando a Índia fazia parte do Império Britânico. Havia, então, a desconfiança de que o bhang, uma bebida à base de maconha muito comum na Índia, causava demência. Grupos religiosos britânicos reivindicavam sua proibição. Formou-se a Comissão Indiana de Drogas da Cannabis, que passou dois anos investigando o tema. O relatório final desaconselhou a proibição: “O bhang é quase sempre inofensivo quando usado com moderação e, em alguns casos, é benéfico. O abuso do bhang é menos prejudicial que o abuso do álcool”.
Em 1944, um dos mais populares prefeitos de Nova York, Fiorello La Guardia, encomendou outra pesquisa. Em meio à histeria antimaconha de Anslinger, La Guardia resolveu conferir quais os reais riscos da tal droga assassina. Os cientistas escolhidos por ele fizeram testes com presidiários (algo comum na época) e concluíram: “O uso prolongado da droga não leva à degeneração física, mental ou moral”. O trabalho passou despercebido no meio da barulheira proibicionista de Anslinger.
A partir dos anos 60, várias pesquisas parecidas foram encomendadas por outros governos. Relatórios produzidos na Inglaterra, no Canadá e nos Estados Unidos aconselharam um afrouxamento nas leis. Nenhuma dessas pesquisas foi suficiente para forçar uma mudança. Mas a experiência mais reveladora sobre a maconha e suas conseqüências foi realizada fora do laboratório. Em 1976, a Holanda decidiu parar de prender usuários de maconha desde que eles comprassem a droga em cafés autorizados. Resultado: o índice de usuários continua comparável aos de outros países da Europa. O de jovens dependentes de heroína caiu – estima-se que, ao tirar a maconha da mão dos traficantes, os holandeses separaram essa droga das mais pesadas e, assim, dificultaram o acesso a elas.
Nos últimos anos, os possíveis males da maconha foram cuidadosamente escrutinados – às vezes por pesquisadores competentes, às vezes por gente mais interessada em convencer os outros da sua opinião. Veja abaixo um resumo do que se sabe:
Câncer
Não se provou nenhuma relação direta entre fumar maconha e câncer de pulmão, traquéia, boca e outros associados ao cigarro. Isso não quer dizer que não haja. Por muito tempo, os riscos do cigarro foram negligenciados e só nas últimas duas décadas ficou claro que havia uma bomba-relógio armada – porque os danos só se manifestam depois de décadas de uso contínuo. Há o temor de que uma bomba semelhante esteja para explodir no caso da maconha, cujo uso se popularizou a partir dos anos 60. O que se sabe é que o cigarro de maconha tem praticamente a mesma composição de um cigarro comum – a única diferença significativa é o princípio ativo. No cigarro é a nicotina, na maconha o tetrahidrocanabinol, ou THC. Também é verdade que o fumante de maconha tem comportamentos mais arriscados que o de cigarro: traga mais profundamente, não usa filtro e segura a fumaça por mais tempo no pulmão (o que, aliás, segundo os cientistas, não aumenta os efeitos da droga).
Em compensação, boa parte dos maconheiros fuma muito menos e pára ou reduz o consumo depois dos 30 anos (parar cedo é sabidamente uma forma de diminuir drasticamente o risco de câncer). Em resumo: o usuário eventual de maconha, que é o mais comum, não precisa se preocupar com um aumento grande do risco de câncer. Quem fuma mais de um baseado por dia há mais de 15 anos deve pensar em parar.
Dependência
Algo entre 6% e 12% dos usuários, dependendo da pesquisa, desenvolve um uso compulsivo da maconha (menos que a metade das taxas para álcool e tabaco). A questão é: será que a maconha é a causa da dependência ou apenas uma válvula de escape. “Dependência de maconha não é problema da substância, mas da pessoa”, afirma o psiquiatra Dartiu Xavier, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Escola Paulista de Medicina. Segundo Dartiu, há um perfil claro do dependente de maconha: em geral, ele é jovem, quase sempre ansioso e eventualmente depressivo. Pessoas que não se encaixam nisso não desenvolvem o vício. “E as que se encaixam podem tanto ficar dependentes de maconha quanto de sexo, de jogo, de internet”, diz.
Muitos especialistas apontam para o fato de que a maconha está ficando mais perigosa – na medida em que fica mais potente. Ao longo dos últimos 40 anos, foi feito um melhoramento genético, cruzando plantas com alto teor de THC. Surgiram variedades como o skunk. No último ano, foram apreendidos carregamentos de maconha alterada geneticamente no Leste europeu – a engenharia genética é usada para aumentar a potência, o que poderia aumentar o potencial de dependência. Segundo o farmacólogo Leslie Iversen, autor do ótimo The Science of Marijuana (A ciência da maconha, sem tradução para o português) e consultor para esse tema da Câmara dos Lordes (o Senado inglês), esses temores são exagerados e o aumento da concentração de THC não foi tão grande assim.
Para além dessa discussão, o fato é que, para quem é dependente, maconha faz muito mal. Isso é especialmente verdade para crianças e adolescentes. “O sujeito com 15 anos não está com a personalidade formada. O uso exagerado de maconha pode ser muito danoso a ele”, diz Dartiu. O maior risco para adolescentes que fumam maconha é a síndrome amotivacional, nome que se dá à completa perda de interesse que a droga causa em algumas pessoas. A síndrome amotivacional é muito mais freqüente em jovens e realmente atrapalha a vida – é quase certeza de bomba na escola e de crise na família.
Danos cerebrais
“Maconha mata neurônios.” Essa frase, repetida há décadas, não passa de mito. Bilhões de dólares foram investidos para comprovar que o THC destrói tecido cerebral – às vezes com pesquisas que ministravam doses de elefante em ratinhos –, mas nada foi encontrado.
Muitas experiências foram feitas em busca de danos nas capacidades cognitivas do usuário de maconha. A maior preocupação é com a memória. Sabe-se que o usuário de maconha, quando fuma, fica com a memória de curto prazo prejudicada. São bem comuns os relatos de pessoas que têm idéias que parecem geniais durante o “barato”, mas não conseguem lembrar-se de nada no momento seguinte. Isso acontece porque a memória de curto prazo funciona mal sob o efeito de maconha e, sem ela, as memórias de longo prazo não são fixadas (é por causa desse “desligamento” da memória que o usuário perde a noção do tempo). Mas esse dano não é permanente. Basta ficar sem fumar que tudo volta a funcionar normalmente. O mesmo vale para o raciocínio, que fica mais lento quando o usuário fuma muito freqüentemente.
Há pesquisas com usuários “pesados” e antigos, aqueles que fumam vários baseados por dia há mais de 15 anos, que mostraram que eles se saem um pouco pior em alguns testes, principalmente nos de memória e de atenção. As diferenças, no entanto, são sutis. Na comparação com o álcool, a maconha leva grande vantagem: beber muito provoca danos cerebrais irreparáveis e destrói a memória.
Coração
O uso de maconha dilata os vasos sangüíneos e, para compensar, acelera os batimentos cardíacos. Isso não oferece risco para a maioria dos usuários, mas a droga deve ser evitada por quem sofre do coração.
Infertilidade
Pesquisas mostraram que o usuário freqüente tem o número de espermatozóides reduzido. Ninguém conseguiu provar que isso possa causar infertilidade, muito menos impotência. Também está claro que os espermatozóides voltam ao normal quando se pára de fumar.
Depressão imunológica
Nos anos 70, descobriu-se que o THC afeta os glóbulos brancos, células de defesa do corpo. No entanto, nenhuma pesquisa encontrou relação entre o uso de maconha e a incidência de infecções.
Loucura
No passado, acreditava-se que maconha causava demência. Isso não se confirmou, mas sabe-se que a droga pode precipitar crises em quem já tem doenças psiquiátricas.
Gravidez
Algumas pesquisas apontaram uma tendência de filhos de mães que usaram muita maconha durante a gravidez de nascer com menor peso. Outras não confirmaram a suspeita. De qualquer maneira, é melhor evitar qualquer droga psicoativa durante a gestação. Sem dúvida, a mais perigosa delas é o álcool.
Maconha faz bem?
No geral, não. A maioria das pessoas não gosta dos efeitos e as afirmações de que a erva, por ser “natural”, faz bem, não passam de besteira. Outros adoram e relatam que ela ajuda a aumentar a criatividade, a relaxar, a melhorar o humor, a diminuir a ansiedade. É inevitável: cada um é um.
O uso medicinal da maconha é tão antigo quanto a maconha. Hoje há muitas pesquisas com a cannabis para usá-la como remédio. Segundo o farmacólogo inglês Iversen, não há dúvidas de que ela seja um remédio útil para muitos e fundamental para alguns, mas há um certo exagero sobre seus potenciais. Em outras palavras: a maconha não é a salvação da humanidade. Um dos maiores desafios dos laboratórios é tentar separar o efeito medicinal da droga do efeito psicoativo – ou seja, criar uma maconha que não dê “barato”. Muitos pesquisadores estão chegando à conclusão de que isso é impossível: aparentemente, as mesmas propriedades químicas que alteram a percepção do cérebro são responsáveis pelo caráter curativo. Esse fato é uma das limitações da maconha como medicamento, já que muitas pessoas não gostam do efeito mental. No Brasil, assim como em boa parte do mundo, o uso médico da cannabis é proibido e milhares de pessoas usam o remédio ilegalmente. Conheça alguns dos usos:
Câncer
Pessoas tratadas com quimioterapia muitas vezes têm enjôos terríveis, eventualmente tão terríveis que elas preferem a doença ao remédio. Há medicamentos para reduzir esse enjôo e eles são eficientes. No entanto, alguns pacientes não respondem a nenhum remédio legal e respondem maravilhosamente à maconha. Era o caso do brilhante escritor e paleontólogo Stephen Jay Gould, que, no mês passado, finalmente, perdeu uma batalha de 20 anos contra o câncer (veja mais sobre ele na página 23). Gould nunca tinha usado drogas psicoativas – ele detestava a idéia de que interferissem no funcionamento do cérebro. Veja o que ele disse: “A maconha funcionou como uma mágica. Eu não gostava do ‘efeito colateral’ que era o borrão mental. Mas a alegria cristalina de não ter náusea – e de não experimentar o pavor nos dias que antecediam o tratamento – foi o maior incentivo em todos os meus anos de quimioterapia”.
Aids
Maconha dá fome. Qualquer um que fuma sabe disso (aliás, esse é um de seus inconvenientes: ela engorda). Nenhum remédio é tão eficiente para restaurar o peso de portadores do HIV quanto a maconha. E isso pode prolongar muito a vida: acredita-se que manter o peso seja o principal requisito para que um soropositivo não desenvolva a doença. O problema: a cannabis tem uma ação ainda pouco compreendida no sistema imunológico. Sabe-se que isso não representa perigo para pessoas saudáveis, mas pode ser um risco para doentes de Aids.
Esclerose múltipla
Essa doença degenerativa do sistema nervoso é terrivelmente incômoda e fatal. Os doentes sentem fortes espasmos musculares, muita dor e suas bexigas e intestinos funcionam muito mal. Acredita-se que ela seja causada por uma má função do sistema imunológico, que faz com que as células de defesa ataquem os neurônios. A maconha alivia todos os sintomas. Ninguém entende bem por que ela é tão eficiente, mas especula-se que tenha a ver com seu pouco compreendido efeito no sistema imunológico.
Dor
A cannabis é um analgésico usado em várias ocasiões. Os relatos de alívio das cólicas menstruais são os mais promissores.
Glaucoma
Essa doença caracteriza-se pelo aumento da pressão do líquido dentro do olho e pode levar à cegueira. Maconha baixa a pressão intraocular. O problema é que, para ser um remédio eficiente, a pessoa tem que fumar a cada três ou quatro horas, o que não é prático e, com certeza, é nocivo (essa dose de maconha deixaria o paciente eternamente “chapado”). Há estudos promissores com colírios feitos à base de maconha, que agiriam diretamente no olho, sem afetar o cérebro.
Ansiedade
Maconha é um remédio leve e pouco agressivo contra a ansiedade. Isso, no entanto, depende do paciente. Algumas pessoas melhoram após fumar; outras, principalmente as pouco habituadas à droga, têm o efeito oposto. Também há relatos de sucesso no tratamento de depressão e insônia, casos em que os remédios disponíveis no mercado, embora sejam mais eficientes, são também bem mais agressivos e têm maior potencial de dependência.
Dependência
Dois psiquiatras brasileiros, Dartiu Xavier e Eliseu Labigalini, fizeram uma experiência interessante. Incentivaram dependentes de crack a fumar maconha no processo de largar o vício. Resultado: 68% deles abandonaram o crack e, depois, pararam espontaneamente com a maconha, um índice altíssimo. Segundo eles, a maconha é um remédio feito sob medida para combater a dependência de crack e cocaína, porque estimula o apetite e combate a ansiedade, dois problemas sérios para cocainômanos. Dartiu e Eliseu pretendem continuar as pesquisas, mas estão com problemas para conseguir financiamento – dificilmente um órgão público investirá num trabalho que aposte nos benefícios da maconha.
O passado
O primeiro registro do contato entre o Homo sapiens e a Cannabis sativa é de 6 000 anos atrás. Trata-se da marca de uma corda de cânhamo impressa em cacos de barro, na China. O emprego da fibra, não só em cordas mas também em vários tecidos e, depois, na fabricação de papel, é um dos mais antigos usos da maconha. Graças a ele, a planta, original da região ao norte do Afeganistão, nos pés do Himalaia, tornou-se a primeira cultivada pelo homem com usos não alimentícios e espalhou-se por toda a Ásia e depois pela Europa e África.
Mas há um uso da maconha que pode ser tão antigo quanto o da fibra do cânhamo: o medicinal. Os chineses conhecem há pelo menos 2 000 anos o poder curativo da droga, como prova o Pen-Ts’ao Ching, considerado a primeira farmacopéia conhecida do mundo (farmacopéia é um livro que reúne fórmulas e receitas de medicamentos). O livro recomenda o uso da maconha contra prisão-de-ventre, malária, reumatismo e dores menstruais. Também na Índia, a erva já há milênios é parte integral da medicina ayurvédica, usada no tratamento de dezenas de doenças. Sem falar que ela ocupa um lugar de destaque na religião hindu. Pela mitologia, maconha era a comida favorita do deus Shiva, que, por isso, viveria o tempo todo “chapado”. Tomar bhang seria uma forma de entrar em comunhão com Shiva.
O Hinduísmo não é a única religião a dar destaque para a cannabis. Para os budistas da tradição Mahayana, Buda passou seis anos comendo apenas uma semente de maconha por dia. Sua iluminação teria sido atingida após esse período de quase-jejum. Da Índia, a maconha migrou para a Mesopotâmia, ainda em tempos pré-cristãos, e de lá para o Oriente Médio. Portanto, ela já estava presente na região quando começou a expansão do Império Árabe. Com a proibição do álcool entre o povo de Maomé, iniciou-se uma acalorada discussão sobre se a maconha deveria ser banida também. Por séculos, consumiu-se cannabis abundantemente nas terras muçulmanas até que, na Idade Média, muitos islâmicos abandonaram o hábito. A exceção foram os sufi, membros de uma corrente considerada mais mística e esotérica do Islã, que, até bem recentemente, consideravam a cannabis fundamental em seus ritos.
Os gregos usaram velas e cordas de cânhamo nos seus navios, assim como, depois, os romanos. Sabe-se que o Império Romano tinha pelo menos conhecimento dos poderes psicoativos da maconha. O historiador latino Tácito, que viveu no século I d.C., relata que os citas, um povo da atual Turquia, tinham o costume de armar uma tenda, acender uma fogueira e queimar grande quantidade de maconha. Daí ficavam lá dentro, numa versão psicodélica do banho turco.
Graças ao contato com os árabes, grande parte da África conheceu a erva e incorporou-a aos seus ritos e à sua medicina – dos países muçulmanos acima do Saara até os zulus da África do Sul. A Europa toda também passou a plantar maconha e usava extensivamente a fibra do cânhamo, mas há raríssimos registros do seu uso como psicoativo naquele continente. Pode ser que isso se deva ao clima. O THC é uma resina produzida pela planta para proteger suas folhas e flores do sol forte. Na fria Europa, é possível que tenha se desenvolvido uma variação da Cannabis sativa com menos THC, já que não havia tanto sol para ameaçar o arbusto.
O fato é que, na Renascença, a maconha se transformou no principal produto agrícola da Europa. E sua importância não foi só econômica: a planta teve uma grande participação na mudança de mentalidade que ocorreu no século XV. Os primeiros livros depois da revolução de Gutemberg foram impressos em papel de cânhamo. As pinturas dos gênios da arte eram feitas em telas de cânhamo (canvas, a palavra usada em várias línguas para designar “tela”, é uma corruptela holandesa do latim cannabis). E as grandes navegações foram impulsionadas por velas de cânhamo – segundo o autor americano Rowan Robinson, autor de O Grande Livro da Cannabis, havia 80 toneladas de cânhamo, contando o velame e as cordas, no barco comandado por Cristóvão Colombo em 1496. Ou seja, a América foi descoberta graças à maconha. Irônico.
Sobre as luzes da Renascença caíram as sombras da Inquisição – um período em que a Igreja ganhou muita força e passou a exercer o papel de polícia, julgando hereges em seu tribunal e condenando bruxas à fogueira. “As bruxas nada mais eram do que as curandeiras tradicionais, principalmente as de origem celta, que utilizavam plantas para tratar as pessoas, às vezes plantas com poderes psicoativos”, diz o historiador Henrique Carneiro, especialista em drogas da Universidade Federal de Ouro Preto. Não há registros de que maconheiros tenham sido queimados no século XVI – inclusive porque o uso psicoativo da maconha era incomum na Europa –, mas é certo que cristalizou-se naquela época uma antipatia cristã por plantas que alteram o estado de consciência. “O Cristianismo afirmou seu caráter de religião imperial e, sob seus domínios, a única droga permitida é o álcool, associado com o sangue de Cristo”, diz Henrique.
Em 1798, as tropas de Napoleão conquistaram o Egito. Até hoje não estão muito claras as razões pelas quais o imperador francês se aventurou no norte da África (vaidade, talvez). Mas pode ser que o principal motivo fosse a intenção de destruir as plantações de maconha, que abasteciam de cânhamo a poderosa Marinha da Inglaterra. O fato é que coube a Napoleão promulgar a primeira lei do mundo moderno proibindo a maconha. Os egípcios eram fumantes de haxixe, a resina extraída da folha e da flor da maconha constituída de THC concentrado. Mas a proibição saiu pela culatra. Os egípcios ignoraram a lei e continuaram fumando como sempre fizeram. Em compensação, os europeus ouviram falar da drogae ela rapidamente virou moda na Europa, principalmente entre os intelectuais. “O haxixe está substituindo o champagne”, disse o escritor Théophile Gautier em 1845, depois da conquista da Argélia, que, na época, era outro grande consumidor de THC.
No Brasil, a planta chegou cedo, talvez ainda no século XVI, trazida pelos escravos (o nome “maconha” vem do idioma quimbundo, de Angola. Mas, até o século XIX, era mais usual chamar a erva de fumo-de-angola ou de diamba, nome também quimbundo). Por séculos, a droga foi tolerada no país, provavelmente fumada em rituais de candomblé (teria sido o presidente Getúlio Vargas que negociou a retirada da maconha dos terreiros, em troca da legalização da religião). Em 1830, o Brasil fez sua primeira lei restringindo a planta. A Câmara Municipal do Rio de Janeiro tornou ilegal a venda e o uso da droga na cidade e determinou que “os contraventores serão multados, a saber: o vendedor em 20 000 réis, e os escravos e demais pessoas, que dele usarem, em três dias de cadeia.” Note que, naquela primeira lei proibicionista, a pena para o uso era mais rigorosa que a do traficante. Há uma razão para isso. Ao contrário do que acontece hoje, o vendedor vinha da classe média branca e o usuário era quase sempre negro e escravo.
O presente
Segundo dados da ONU, 147 milhões de pessoas fumam maconha no mundo, o que faz dela a terceira droga psicoativa mais consumida do mundo, depois do tabaco e do álcool. A droga é proibida em boa parte do mundo, mas, desde que a Holanda começou a tolerá-la, na década de 70, alguns outros países europeus seguiram os passos da descriminalização. Itália e Espanha há tempos aceitam pequenas quantidades da erva – embora a Espanha esteja abandonando a posição branda e haja projetos de lei, na Itália, no mesmo sentido. O Reino Unido acabou de anunciar que descriminalizou o uso da maconha – a partir do ano que vem, a droga será apreendida e o portador receberá apenas uma advertência verbal. Os ingleses esperam, assim, poder concentrar seus esforços na repressão de drogas mais pesadas.
No ano passado, Portugal endureceu as penas para o tráfico, mas descriminalizou o usuário de qualquer droga, desde que ele seja encontrado com quantidades pequenas. Porte de drogas virou uma infração administrativa, como parar em lugar proibido.
Nos últimos anos, os Estados Unidos também mudaram sua forma de lidar com as drogas. Dentro da tendência mundial de ver a questão mais como um problema de saúde do que criminal, o país, em vez de botar na cadeia, obriga o usuário a se tratar numa clínica para dependentes. “Essa idéia é completamente equivocada”, afirma o psiquiatra Dartiu Xavier, refletindo a opinião de muitos especialistas. “Primeiro porque nem todo usuário é dependente. Segundo, porque um tratamento não funciona se é compulsório – a pessoa tem que querer parar”, diz. No sistema americano, quem recusa o tratamento ou o abandona vai para a cadeia. Portanto, não é uma descriminalização. “Chamo esse sistema de ‘solidariedade autoritária’”, diz o jurista Maierovitch. O Brasil planeja adotar o mesmo modelo.
O futuro
Há possibilidades de uma mudança no tratamento à maconha? “No Brasil, não é fácil”, diz Maierovitch, que, enquanto era secretário nacional antidrogas do governo de Fernando Henrique Cardoso, planejou a descriminalização. “A lei hoje em vigor em Portugal foi feita em conjunto conosco, com o apoio do presidente”, afirma. A idéia é que ela fosse colocada em prática ao mesmo tempo nos dois países. Segundo Maierovitch, Fernando Henrique mudou de idéia depois. O jurista afirma que há uma enorme influência americana na política de drogas brasileira. O fato é que essa questão mais tira do que dá votos e assusta os políticos – e não só aqui no Brasil. O deputado federal Fernando Gabeira, hoje no Partido dos Trabalhadores, é um dos poucos identificados com a causa da descriminalização. “Pretendo, como um primeiro passo, tentar a legalização da maconha para uso médico”, diz. Mas suas idéias estão longe de ser unanimidade mesmo dentro do seu partido.
No remoto caso de uma legalização da compra e da venda, haveria dois modelos possíveis. Um seria o monopólio estatal, com o governo plantando e fornecendo as drogas, para permitir um controle maior. A outra possibilidade seria o governo estabelecer as regras (composição química exigida, proibição para menores de idade, proibição para fumar e dirigir), cobrar impostos (que seriam altíssimos, inclusive para evitar que o preço caia muito com o fim do tráfico ilegal) e a iniciativa privada assumir o lucrativo negócio. Não há no horizonte nenhum sinal de que isso esteja para acontecer. Mas a Super apurou, em consulta ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual, que a Souza Cruz registrou, em 1997, a marca Marley – fica para o leitor imaginar que produto a empresa de tabaco pretende comercializar com o nome do ídolo do reggae.
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FSP 03/11/2011
Legalização da maconha com fim médico não eleva consumo de jovens, diz estudo
DA EFE
A legalização da maconha com fins médicos não contribui para aumentar seu consumo entre os jovens, garante um estudo divulgado nesta quarta-feira (2) nos Estados Unidos, onde a droga é legal para esse tipo de uso em 14 estados e em Washington, a capital do país.
A pesquisa, dirigida pela doutora Esther Choo, do Rhode Island Hospital, foi apresentada durante a reunião anual da Associação Americana de Saúde Pública.
A legalização da maconha com fins médicos no estado de Rhode Island, o que ocorreu em 2006, gerou "preocupações" sobre o aumento de sua "acessibilidade" para os jovens, "mais vulneráveis às mensagens públicas sobre o uso de drogas e às consequências adversas", explicou Choo.
Para comprovar que essa tese não tem fundamento, os pesquisadores analisaram dados de 32.750 estudantes de Rhode Island e de Massachusetts, onde a maconha não é legal, e descobriram que não havia "diferenças significativas" no consumo.
A maconha é uma substância ilegal em nível federal nos EUA, onde sua comercialização é considerada narcotráfico, e o país investe bilhões todos os anos em sua erradicação dentro e fora de suas fronteiras.
Em 14 estados e em Washington é possível adquirir maconha de forma regulada para atenuar doenças que vão desde o câncer até a esclerose, embora esse leque, que inclui estresse e problemas para dormir, terminou por transformá-la em um produto mais.
Segundo uma pesquisa do Instituto Gallup divulgada no mês passado, metade dos americanos é a favor da legalização da maconha.
Apesar de o apoio à descriminalização de seu uso ter aumentado desde 2000, as iniciativas para tentar legalizar sua venda geral não prosperaram.
O fracasso mais famoso foi o da chamada Proposta 19, na Califórnia, que pretendia descriminalizar o cultivo, a venda, a posse e o consumo da cannabis para maiores de 21 anos nesse estado, e que acabou rejeitada em um plebiscito realizado em novembro de 2010 por 56% dos eleitores.
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UOL Notícias 27/10/2011
Após deter usuários de maconha, PM reprime protesto na USP com gás
Guilherme Balza
 Depois de deter três estudantes que usavam maconha dentro do campus da USP, na zona Oeste de São Paulo, a Polícia Militar reprimiu com bombas de gás lacrimogênio e spray de pimenta um protesto realizado por universitários contrários à detenção dos três rapazes.
Os três foram detidos por volta de 18h desta quinta-feira (27). Enquanto os policiais levavam os rapazes para um carro de polícia, um grupo de estudantes começou a protestar e impediu que os usuários fossem levados à delegacia.
Na sequência, à medida em que o protesto ganhava adesões, policiais chamaram reforços. Após mais de três horas de discussão entre representantes da polícia, estudantes e professores, começou a confusão.
Segundo relatos de testemunhas, os estudantes gritavam palavras e xingamentos contra a presença da polícia. Irritados, os policiais partiram pra cima do grupo.
Alguns estudantes ficaram feridos. Testemunhas disseram que os policiais usaram balas de borracha para conter o tumulto. Segundo João Victor Pavesi, diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE), os três rapazes detidos concordaram em ir até a delegacia assinar um termo circunstanciado – que não tem caráter punitivo nem resulta em abertura de inquérito contra os usuários.
Os três decidiram ir à delegacia após a diretora da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), Sandra Nitrini, afirmar que não abriria processo administrativo contra os três.
Parte dos estudantes que protestavam criticou a decisão de levar os três à delegacia, o que gerou uma discussão entre os próprios universitários. Por volta de 22h, cerca de 500 estudantes se reuniam em assembléia pra discutir o episódio.
Como começou
Os três rapazes detidos fumavam maconha em um gramado perto do prédio da faculdade de História e Geografia quando foram abordados pelos policiais, que pegaram os documentos dos rapazes. No momento em que os PMs levavam os universitários para o carro de polícia para levá-los à delegacia, um grupo de estudantes interveio e começou um protesto contra a prisão.
Enquanto o protesto crescia, os três estudantes saíram de perto dos policiais e entraram no prédio da faculdade de História. Os PMs pediram reforço policial e começaram a procurar os três estudantes dentro do prédio. Segundo testemunhas, muitos policiais estavam sem identificação.
Após a situação ter se acalmado, professores, estudantes e policiais começaram a debater a atuação da PM dentro da USP. Por volta de 21h30, cerca de 40 policiais militares, alguns usando armamento pesado, estavam na USP. Eles aguardavam a chegada de um delegado de Polícia Civil para resolver o impasse.
Polêmica, a presença da PM na USP é criticada por grande parte dos estudantes. A presença dos policiais no campus –defendida pelo reitor, João Grandino Rodas e pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB)– passou a ser mais frequente e em maior número após a morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, em maio deste ano.
Os contrários à PM na USP dizem que a medida abre precedente para a polícia impedir manifestações políticas que comumente ocorrem dentro do campus.
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Estadão 26/10/2011
Tumbas chinesas revelam uso de maconha há 2.700 mil anos
Segundo pesquisadores, a droga foi encontrada com os restos mortais de um xamã caucasiano.
O primeiro carregamento de maconha conhecido da história foi utilizado com fins terapêuticos ou religiosos no oeste da China há 2.700 anos, segundo os cientistas que o encontraram entre os pertences de uma misteriosa múmia de um homem loiro e de olhos azuis.
No ano de 2003, os arqueólogos acharam um pequeno saco com 789 gramas da erva em uma das múmias caucasianas das 500 tumbas escavadas em pleno Deserto de Gobi e perto de Turpan (na região ocidental chinesa de Xinjiang). Inicialmente, pensaram que se tratava de coentro, mas as últimas análises botânicas não deixam dúvidas: era maconha.
Os 789 gramas de cannabis foram encontrados entre os restos de um homem que morreu aos 45 anos, de cabelo e olhos claros, de alto nível social e equipado com materiais que apóiam a teoria de que se tratava de um xamã da cultura Gushi.   "É uma questão de dedução científica e é mais que provável que o cannabis fosse utilizado com fins psicoativos ou médicos", declarou à Agência Efe Ethan Russo, responsável da análise e professor convidado da Academia Chinesa de Ciências Sociais (ACCS).
O botânico, também professor do departamento de farmácia da Universidade de Montana, nos Estados Unidos, acrescenta que as ervas podem ter sido usadas com fins religiosos.
Russo ressalta que as análises praticados em 11 gramas do carregamento evidenciam que a maconha pertencia "a uma variedade de droga que se cultivava" e, além disso, não consta que o cânhamo tenha sido utilizado nessa região como alimento nem para confeccionar tecidos.
As análises genéticas demonstraram a presença do psicoativo THC, o tetrahidrocanabinol, responsável pelo efeito narcótico, segundo revela a equipe em seu artigo, publicado este mês na revista britânica Journal of Experimental Botany, de Oxford.
Segundo Russo, que trabalhou com uma equipe de 18 cientistas, em sua maioria chineses, se trata de uma descoberta muito importante que não só "diz muito sobre como viviam nossos antepassados, mas também prolonga o período pelo qual podemos dizer que o cannabis era utilizado com fins psicoativos".
Até hoje, as datações mais antigas do uso de maconha com fins narcóticos são da Judéia, há 1.700 anos, onde era consumida como sedativo nos partos, e algumas sementes com uso indefinido foram achadas na região nepalesa de Mustang, há entre 2.200 e 2.500 anos, e em Pazyryk, na Sibéria, há entre 2.400 e 2.500 anos.
No entanto, a equipe de Russo não pôde desvelar como a maconha era consumida, já que não foram encontrados cachimbos ou outros utensílios de inalação junto à múmia, nem se o uso da maconha era freqüente nesta cultura.
  "A quantidade neste túmulo era substancial, 789 gramas. Seu uso poderia estar restrito aos xamãs, ou talvez, só os mais importantes dessa classe fossem enterrados com as ervas. Foram encontrados cannabis em duas das 500 tumbas escavadas. E restam mais de 2 mil", disse.
O descobrimento revela também características da misteriosa cultura Gushi, que floresceu a partir do século XIX a.C. no oeste da China.
"Os Gushi amavam suas vidas, e achavam que depois da morte sua alma continuaria vivendo em outro mundo. Mas não podiam se comunicar com os mortos diretamente, necessitavam de um xamã para isso. Talvez o cannabis fosse utilizado para isso", disse à Efe Jiang Hong-Em, da ACCS.
Sabe-se que o dono do cannabis, o xamã caucasiano, morreu nas proximidades das montanhas de Tianshan, já que seu esqueleto não apresenta um estado de conservação tão perfeito quanto os outros que estão nos 2.500 túmulos, favorecido por um clima extremamente árido e o solo alcalino.
Quanto aos Gushi, eram nômades caucasianos que falavam uma língua indo-européia, por isso que se acredita que se tratava de um povo original do Mediterrâneo Oriental ou da Ásia Central (segundo as teorias), que viveram há 4 mil anos nas bacias do Tarim e de Turpan.
Os Gushi acreditavam em deuses sincréticos, criavam cavalos e outros animais, cultivavam a terra e eram temidos por sua habilidade com o arco.   
As primeiras notícias escritas sobre essa cultura são chinesas, datam de cerca de dois mil anos atrás e os chamam de "a linhagem da lua", em alusão a seus ritos lunares de fertilidade, mas também de "cachorros bárbaros do Oeste", cavaleiros guerreiros que habitavam o deserto de Taklamakán.
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Estadão 26/10/2011
Estudo afirma que maconha causa 'caos cognitivo' no cérebro
Segundo pesquisa, após consumo da droga usuários apresentam alteração mental com resultados similares aos observados na esquizofrenial
WASHINGTON - O consumo de maconha está associado a alterações na concentração e na memória que podem causar problemas neurofisiológicos e de conduta, indicou nesta terça-feira um estudo publicado pela revista Journal of Neuroscience.
Os pesquisadores descobriram que a atividade cerebral fica descoordenada e inexata durante os estados de alteração mental com resultados similares aos observados na esquizofrenia.
O estudo, produzido por cientistas da Universidade de Farmacologia de Bristol, na Inglaterra, analisou os efeitos negativos da maconha na memória e no pensamento, o que pode provocar redes cerebrais "desorquestradas".
O doutor Matt Jones, um dos autores da pesquisa, equiparou o funcionamento das ondas cerebrais ao de uma grande orquestra na qual cada uma das seções vai estabelecendo um determinado ritmo e uma afinação que permitem o processamento de informações e que guiam nosso comportamento.
Para comprovar a teoria, Jones e sua equipe administraram em um grupo de ratos um fármaco que se assemelha ao princípio psicoativo da maconha, a cannabis, e mediram sua atividade elétrica neuronal.
Embora os efeitos nas regiões individuais do cérebro tenham sido muito sutis, a cannabis interrompia completamente as ondas cerebrais através do hipocampo e do córtex pré-frontal, como se as seções de uma orquestra tocassem desafinadas e fora de ritmo.
Jones indicou que estas estruturas cerebrais são fundamentais para a memória e a tomada de decisões e estão estreitamente vinculadas à esquizofrenia.
Os ratos se mostravam desorientadas na hora de percorrer um labirinto no laboratório e eram incapazes de tomar decisões adequadas.
"O abuso da maconha é comum entre os esquizofrênicos, e estudos recentes mostraram que o princípio psicoativo da maconha pode provocar sintomas de esquizofrenia em indivíduos sãos", explicou Jones.
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O Globo 20/10/2011
Genoma revela que propriedade alucinógena da maconha foi potencializada por homem
Renato Grandelle (renato.grandelle@oglobo.com.br)
RIO - Não fosse ela, a medicina teria evoluído mais lentamente, as caravelas demorariam mais para chegar às Américas e diversos tecidos jamais teriam sido criados. A cannabis, hoje demonizada em boa parte do mundo por seu uso como entorpecente, tem propriedades quase esquecidas nos últimos cem anos. E foram elas, potencializadas há séculos pelo homem, que fizeram da planta a mais recente a ter o genoma mapeado.
A pesquisa é assinada pelo bioquímico Jon Page e o biólogo Tim Hughes, respectivamente das universidades de Saskatchewan e Toronto, no Canadá. Em seu artigo à revista "Genome Biology", ambos qualificam a cannabis como uma "planta útil", que serve para alimentação, material de construção e remédio - embora todas esses serviços esbarrem em sua má reputação.
Segundo a dupla, a cannabis é usada medicinalmente há mais de 2.700 anos na Ásia Central - seu provável berço. Page e Hughes sequenciaram o DNA de uma potente linhagem de maconha para compará-lo a uma variedade do linho-cânhamo, uma planta da família das canabináceas.
A análise do genoma e do transcriptoma (genes que são ativados) dessas duas substâncias poderia explicar por que a maconha produz o tetrahidrocanabinol (THC), o composto psicoativo da cannabis ausente no cânhamo.
- Estudando os genomas, vê-se que a domesticação e o cultivo das sementes de maconha causaram a perda de uma enzima que, para ser produzida, "concorreria" no organismo com a produção de THC - explica Page.
Em outras palavras: entre enzimas que produziriam fibras e uma substância psicoativa, os agricultores fizeram a segunda opção.
Não que o homem tenha controlado todo este processo. Segundo Page, é provável que a cannabis tenha evoluido para produzir THC muito antes de ser descoberta. Mas a concentração dos níveis da substância, estes sim, foram patrocinados por nós.
- Imagino que os homens salvaram sementes de plantas que produziam alta quantidade de THC, quando perceberam o seu processo medicinal e de intoxicação - arrisca o bioquímico. - Com o tempo, isso levou a sementes com grande quantidade dessa substância. Claro que a distribuição global da maconha, nas últimas décadas, acirrou esta seleção.
Também foi neste período que a cannabis passou de mocinha a vilã. Segundo Page, há diversas propriedades da planta que poderiam voltar a ser exploradas.
- A cannabis provavelmente jamais será importante como o milho, o arroz ou outra planta que nos serve de alimento - reconhece. - Mas, como uma fonte de bioprodutos, creio que será muito valorosa. O estigma contra a planta começou no início do século passado, quando as sociedades tornaram-se mais preocupadas com os efeitos negativos de algumas drogas, incluindo a maconha. Antes disso, o cânhamo era cultivado em muitos países do mundo, principalmente como uma fonte de fibras.
O uso medicinal da cannabis já foi identificado em textos de milhares de anos atrás de China, Grécia e Pérsia. A planta era receitada para um leque de sintomas, de insônia a problemas gastrointestinais - mas, sobretudo, como analgésico. A planta permaneceu como principal modo conhecido para aliviar a dor até a invenção da aspirina. Tanto assim que, em 1937, quando os Estados Unidos aprovaram uma lei para banir o uso da maconha, os protestos mais enfáticos vieram da Associação Médica Americana.
Nas décadas seguintes, a maconha continuou, embora timidamente, marcando presença em uma série de tratamentos. Foi sugerida para combater a perda de apetite entre pacientes com Aids e até prescrita para o combate ao alcoolismo. Mas as pesquisas não aterrissaram no Brasil - aqui o seu uso é proibido para qualquer finalidade.
De acordo com Hughes, que também participou da pesquisa canadense, a cannabis chegou a ser eleita por estudiosos de plantas como uma das mais bem sucedidas intervenções genéticas em vegetais na História.
- Mas não há qualquer registro sobre isso, visto que é quase impossível estudá-la, devido às proibições - queixa-se. - Além desse, havia outro motivo para abordar a cannabis: um amigo meu, biotecnólogo, me disse que a canabinoide representa um dos mais simples e eficazes produtos naturais não explorados que poderia ser usado para artigos farmacêuticos.

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Maconha aumenta o risco de psicose, diz pesquisa

A pesquisa é mais uma prova de que o uso da maconha contribui para formas de psicoses como a esquizofrenia.
Pessoas que consumiram maconha na adolescência ou no início da vida adulta enfrentam maior risco de apresentar sintomas de psciose mais tarde, afirma um estudo recém-divulgado.
A pesquisa, realizada pelo professor Jim van Os, da Universidade de Maastricht, da Holanda, foi feita na Alemanha, e contou ainda com pesquisadores da Suíça e do Reino Unido.
A psicose é uma desordem mental na qual o indivíduo perde o contato com a realidade.
O estudo, publicado na revista especializada British Medical Journal, acompanhou um total de 1.923 pessoas ao longo de um período de dez anos.
Apesar de as relações entre maconha e psicose já serem conhecidas, ainda não estava claro se era a maconha que desencadeava os sintomas dessa condição ou se as pessoas se sentem propensas a consumir a droga devido a seus sintomas. A pesquisa indica que a primeira hipótese é a mais provável.
Estudo
Os participantes da pesquisa tinham entre 14 e 24 anos. Eles foram avaliados em períodos distintos para aferir possíveis relações entre o uso de maconha e de manifestações de sintomas psicóticos.
O primeiro período estudado foi feito três anos após o início da pesquisa. A segunda amostragem ocorreu oito anos depois que a pesquisa começou. E a conclusão ocorreu dez anos após o começo do estudo.
Os pesquisadores colocaram os que já fumavam maconha em um grupo e excluíram os que apresentavam um quadro pré-existente de psicose, para que pudessem melhor estabelecer as ligações entre novos usuários de maconha e a apresentação de sintomas da doença.
A pesquisa também teria mostrado que aqueles que já fumavam maconha na época do começo da pesquisa enfrentariam riscos mais elevados de apresentar sintomas psicóticos persistentes.
Aumento
O estudo concluiu que o uso de maconha aumenta ''significativamente'' a incidência de sintomas psicóticos, mesmo quando outros fatores, como situação sócio-econômica, o uso de outras drogas e de condições psiquiátricas estão em jogo.
Além de afirmarem que o uso da maconha é um fator de risco para o desenvolvimento de sintomas psicóticos, os cientistas envolvidos com a pesquisa disseram também que ''o uso repetido de maconha pode aumentar o risco de sofrer desordens psicóticas por ter impacto na persistência dos sintomas.
De acordo com Robin Murray, professor de pesquisa psiquiátrica do Instituto de Psiquiatria do Reino Unido, a pesquisa representa ''mais um tijolo no muro de provas'', de que o uso da maconha contribui para formas de psicoses como a esquizofrenia.
Segundo Murray, a pesquisa é um dos dez estudos similares que apontam nessa mesma direção.
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Nova York deteve 140 pessoas por dia em 2010 por posse de maconha

Substância é o principal motivo de detenções na cidade, com 15% do total, de acordo com dados da Aliança de Política de Drogas

NOVA YORK - Em média 140 pessoas foram detidas por dia em Nova York durante 2010 por posse de pequenas quantidades de maconha, o que transforma a substância no principal motivo de detenções na cidade, com 15% do total.
Os dados foram divulgados nesta sexta-feira pela Aliança de Política de Drogas, que se baseou em informações da divisão do estado de Nova York dos Serviços de Justiça Criminal correspondentes a 2010. De acordo com o levantamento, foram registradas 50.383 detenções por posse de maconha em Nova York no ano passado, 8% mais que em 2009.
De acordo com a organização, que defende a legalização da maconha, o aumento das detenções tem origem na política empreendida pelo prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, desde que assumiu o cargo em 2002.
Desde então, foram detidas na cidade 350 mil pessoas, das quais 70% eram menores de 30 anos e 86%, pessoas negras ou de origem latina, apesar de, segundo a organização, os jovens brancos serem os maiores consumidores da droga.
Mesmo que a posse de menos de 25 gramas de maconha em Nova York não seja considerada delito, mas uma falta (que pode gera uma multa de US$ 100, mas não detenção nem pena de prisão), ter a droga à vista das pessoas é considerado um delito menor.
A organização denuncia que muitas das detenções são de pessoas flagradas com maconha nos bolsos e que acabam detidos sob a acusação de terem mostrado a substância em público. 
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Vale a pena ler...

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TABAGISMO
R7 03.06.2013
Cigarro vicia tanto quanto heroína e crack.
Em todo o mundo, seis milhões de pessoas morrem por ano vítimas do cigarro. Só no Brasil 130 mil morrem em decorrência de doenças relacionadas ao tabagismo, ou seja, 13% das mortes no País. Nesta sexta-feira (31), em que se comemora o Dia Mundial sem Tabaco, o psiquiatra Thiago Fidalgo, coordenador do setor de adultos e adolescentes do Proad da Unifesp afirma que, ao lado da heroína e do crack, o tabaco é uma das drogas com maior potencial de causar dependência.
Quase 6 milhões de mortes
ocorrem anualmente por conta do tabaco
Além disso, o médico afirma que o tratamento é um dos mais difíceis. A duração média é de três a quatro meses, mas a vigilância deve ser mantida a vida toda.
— O índice de recaídas é altíssimo. As taxas de sucesso, usando medicação, terapia e grupo de apoio, são de 50%. Nosso objetivo é ajudar a pessoa em seu esforço para abandonar o vício.
Doenças
De acordo com pneumologista e professor da Unifesp, José Jardim, existem mais de 50 doenças relacionadas ao cigarro.
— Sabemos que o tabagismo é a principal causa dos problemas respiratórios, chegando a causar danos irreversíveis no tecido pulmonar em 45% dos casos. O cigarro é sempre o vilão, seja causando doenças pelas suas próprias substâncias, como a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) ou baixando a imunidade do fumante, permitindo, assim, que a pessoa contraia tuberculose, infecções pulmonares, fibrose pulmonar, entre outras.
A DPOC é uma doença de evolução progressiva e que engloba a bronquite e o enfisema pulmonar. Ela se desenvolve a partir da exposição prolongada dos brônquios (estrutura que leva o ar para dentro dos pulmões) às substâncias tóxicas contidas em fumaças. Em 80% dos casos, a fumaça do cigarro é a principal causa. No Brasil, cerca de cinco milhões de sofrem de DPOC no Brasil, sendo a 5ª causa de morte no País, com 35 mil por ano.
— Atualmente, sabemos que existem 4.720 substâncias no cigarro, das quais cerca de 60 são cancerígenas. Inalar essa fumaça não causa somente problemas respiratórios, mas aumenta o desenvolvimento de vários tipos de câncer como o de mama.
Ainda de acordo com o especialista, o cigarro também influencia a vida social e até profissional dos fumantes, já que são proibidos de fumar em locais fechados, precisam interromper seu trabalho para procurar um espaço aberto, diminuindo sua produtividade e concentração. Nas horas de lazer, a pessoa precisa se afastar e procurar os “fumódromos”, ou, muitas vezes, ir até a rua, atrapalhando o convívio com aqueles que não fumam.
Fumante passivo pode ter câncer
Os fumantes passivos também sofrem as consequências do tabagismo, de acordo com Fidalgo. Elas podem desenvolver câncer ou ter infarto.
— Embora todos saibam que a nicotina deve ser evitada durante a gravidez, os maiores riscos para o bebê em desenvolvimento continuam sendo os associados ao tabagismo. Existem diversas pesquisas que comprovam, por exemplo, a associação do fumo e do fumo passivo durante a gestação com o desenvolvimento de TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) na criança que ainda vai nascer.
Pesquisas de consumo revelam que as variações na forma de embalagem, tamanho e método de abertura do maço do cigarro influenciam o aumento das vendas. Para o médico, a indústria deveria expor os danos causados pelo tabaco com mais eficácia. Segundo o psiquiatra, a estratégia gradual (reduzir o número de cigarros consumidos por dia) não deve durar mais de duas semanas.
— O mais importante é marcar uma data para que seja seu primeiro dia de ex-fumante. Existem outros métodos que podem ser tomados. O ideal é sempre procurar ajuda de um especialista.
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RBA 31.05.2013
DIA MUNDIAL SEM TABACO
Com vídeo e comunicado, ONU e OMS cobram fim da publicidade de cigarro
Entidades aproveitaram o Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado hoje (31), para cobrar de todos os países a proibição de propagandas.
São Paulo - A Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde aproveitaram hoje (31), Dia Mundial Sem Tabaco, para lançar uma ofensiva contra a publicidade de cigarro em todo o mundo. As duas organizações divulgaram um comunicado pedindo aos governos que sejam proibidas todas as formas de publicidade, promoção e patrocínio do tabaco.
Além disso, a OMS divulgou globalmente uma campanha audiovisual que trata do tema (assista vídeo abaixo).
Segundo o comunicado, a medida ajudará a reduzir esta ameaça à saúde global, que todos os anos mata cerca de 6 milhões de pessoas em todo o mundo. “O uso do tabaco é uma das principais ameaças para a saúde humana, matando metade das pessoas que o utilizam”, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. “Quando a gente reduzir a exposição das pessoas à publicidade do tabaco, podemos reduzir a probabilidade de que elas comecem a usar o tabaco”, disse.
O tabaco é um fator de risco importante para doenças não transmissíveis, como câncer, doenças cardiovasculares, diabetes e doenças respiratórias crônicas. Até 2030, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que ele vai matar mais de 8 milhões de pessoas a cada ano, com quatro em cada cinco dessas mortes ocorrendo em países de baixa e média rendas.
 “O uso do tabaco está no topo da lista de ameaças universais à saúde e, no entanto, é totalmente evitável”, disse a diretora geral da OMS, Margaret Chan. “Os governos devem fazer do tema a sua principal prioridade de modo a dar um fim à manipulação sem pudor que a indústria do tabaco promove para jovens e mulheres, em particular, para recrutar a próxima geração de viciados em nicotina.”
Uma pesquisa da OMS demonstrou que a proibição da publicidade de tabaco é uma das maneiras mais eficazes de reduzir o tabagismo, com os países que já introduziram essas medidas apresentando redução de 7% no consumo de tabaco, em média. Entre os beneficiários estão os jovens, principais alvos da publicidade do cigarro, já que a maioria dos fumantes começou antes dos 20 anos. Em todo o mundo, 78% dos jovens entre 13 e 15 anos relatam exposição regular a alguma forma de promoção do tabaco.
A OMS destacou que a legislação precisa ser abrangente, uma vez que existem várias maneiras de alvejar os potenciais fumantes — incluindo a inserção de produtos do tabaco em filmes e na televisão, o envolvimento de formadores de opinião para influenciar as pessoas, a distribuição de produtos de marca que atraem os jovens, além do amplo uso da mídia, tais como aplicativos móveis pró-tabaco e discussões online com os membros da indústria do tabaco que se apresentam como consumidores para influenciar conversas.
Controle do tabaco
Por meio de um comunicado, Ban Ki-moon e Margaret Chan pediram aos países para que atuem de acordo com seus compromissos no âmbito das Convenção - Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) e implementem proibições abrangentes de toda e qualquer promoção, publicidade e patrocínio da indústria do tabaco.
A convenção exige que as partes introduzam uma proibição abrangente de todas as formas de publicidade, promoção e patrocínio dentro de cinco anos a contar de sua entrada em vigor em cada um dos países que são parte. Adotada em 2003, a CQCT possui atualmente 176 partes, cobrindo 88% da população mundial.
Relatório da OMS sobre a epidemia global do tabaco de 2011 mostra que apenas 19 países atingiram o mais alto nível de resultados na proibição da publicidade, promoção e patrocínio de tabaco. Segundo o estudo, mais de um terço dos países possuem restrições mínimas ou não possuem qualquer tipo de restrição.
Assista à campanha divulgada pela OMS:


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Nossos Tons 05.01.2013
HIV: Fumo diminui em até cinco vezes a expectativa de vida
Grande parte do aumento da expectativa de vida observada em pacientes HIV+ na última década - fora as drogas anti-retrovirais -, de acordo com um estudo feito na Dinamarca, pode ser atribuída a uma redução no hábito de fumar.
De acordo com Aidsmap, edição online da revista "Clinical Infectious Diseases", o fumo tem tido um impacto negativo maior sobre o prognóstico de pacientes HIV+ do que outros fatores relacionados ao HIV.
Na pesquisa feita com 2.921 adultos HIV+, os autores calcularam que os não fumante de 35 anos tinha uma expectativa de vida de 78 anos. Isso comparado com uma expectativa de vida de 69 para ex-fumantes e de apenas 63 para fumantes. O risco de morte relacionado ao HIV foi até cinco vezes maior para fumantes, em comparação com pacientes HIV+ que nunca fumaram. Pacientes HIV+ fumantes também tiveram um aumento do risco de mortalidade por qualquer causa, de até quatro vezes.
Estudos anteriores mostraram também que indivíduos HIV+ são mais susceptíveis ao tabagismo do que os seus pares soronegativos. Segundo a "British Heart Foundation", mais de um terço dos homens gays do Reino Unido são fumantes, em comparação com a média nacional, que é de 21%.
Os autores da pesquisa dinamarquesa acreditam que suas descobertas têm implicações importantes para os cuidados dos portadores do vírus HIV, mostrando a importância do apoio e aconselhamento no abandono do hábito de fumar.
Segundo o estudo: "A perda de anos de vida associados ao tabagismo foi maior do que a associada com o HIV". "Fumantes infectados pelo HIV, com engajamento de longo prazo no tratamento, perdem mais anos de vida para o tabagismo do que para o HIV." Doenças que são potencialmente relacionadas ao tabagismo, tais como doenças cardiovasculares e câncer, estão sendo vistas com maior frequência em pessoas que vivem com o vírus.
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29/08/2012 Agência Brasil
Brasil gasta mais de R$ 20 bilhões para tratar doenças relacionadas ao tabaco.

Foto 1 de 14 - A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) lança, neste Dia Nacional de Combate ao Fumo (29), a cartilha "Menos cinzas... Mais verde! Reduzindo bitucas... Salvando vidas!", disponível para download no link: http://prevencao.cardiol.br/campanhas/pdf/gibi_tabaco_2012.pdf. O material mostra quais os malefícios do tabaco não só para a saúde, mas também para o meio ambiente Divulgação/Sociedade Brasileira de Cardiologia
No Distrito Federal (DF), por exemplo, a arrecadação, em média, é R$ 6,2 milhões mensais 
O Brasil gastou 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011 para tratar doenças relacionadas ao tabaco, conforme levantamento feito pela organização não governamental Aliança do Controle do Tabagismo (ACT). Os gastos somaram quase R$ 21 bilhões no ano passado. O Dia Nacional de Combate ao Fumo é lembrado nesta quarta-feira (29) em todo o país.
De acordo com os dados da ACT,  82% dos casos de câncer de pulmão no país são causados pelo fumo. Outros problemas de saúde também são provocados pelo cigarro: 83% dos casos de câncer de laringe estão relacionados ao tabagismo, 13% dos casos de câncer do colo do útero e 17% dos casos de leucemia mieloide.
No Distrito Federal (DF), por exemplo, a arrecadação, em média, é R$ 6,2 milhões mensais com a venda de cigarros (o valor corresponde a 25% do preço por maço). Por outro lado, o governo local gasta R$ 18 milhões por mês com o tratamento de doenças vinculadas ao fumo, segundo o pneumologista e coordenador do Programa de Controle do Tabagismo da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Celso Rodrigues.
Para o médico, os números mostram o impacto do vício na saúde. De acordo com Rodrigues, o tabagismo cria dependência química, física e psicológica, o que influencia no tratamento. “É muito importante que a pessoa entenda a relação dela com o cigarro. Ela tem que entender por que fuma, por que deseja parar de fumar e onde está a dificuldade, por que não parou até agora”, explica.
A secretaria oferece terapia em grupo, durante um ano e três meses, em 62 unidades de saúde e em 47 empresas habilitadas a atender funcionários interessados em parar de fumar. Ações de prevenção e promoção de saúde também são promovidas em escolas.
Em média, 500 fumantes iniciam o tratamento nas unidades de saúde a cada mês. Cerca de 400 pacientes conseguem deixar o fumo, sendo que 200 têm recaídas durante a terapia - quando os pacientes são orientados a buscar a secretaria novamente caso voltem a fumar.
O cigarro vicia porque o principal componente – a nicotina –  faz com que o cérebro libere dopamina, hormônio que dá uma sensação agradável. O organismo do fumante passa a pedir doses maiores de nicotina para que a sensação se repita e a pessoa sente necessidade de fumar cada vez mais.
Os males causados pelo fumo não são apenas relacionados ao sistema respiratório. Segundo Mônica Andreis, vice-diretora da ACT, as pessoas ligam o cigarro somente ao câncer de pulmão. “Ele também causa câncer de bexiga, boca, língua, faringe, problemas de fertilidade e derrame cerebral.”
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Público 10.05.2012
Tabagismo na gravidez associado à obesidade infantil
Catarina Gomes
A relação entre os hábitos tabágicos e o baixo peso à nascença está estudada (Foto: Pedro Vilela)
 A lista de malefícios associados ao consumo de tabaco durante a gravidez já vai longa. Vários estudos têm demonstrado que os filhos de mães que fumaram durante a gestação também têm maior risco de sofrerem de obesidade na infância.
O porquê desta associação ainda está por deslindar, refere Sérgio Soares, um dos autores de um estudo de revisão científica sobre o tema publicado na revista Expert Review of Obstetrics & Gynecology.
A relação entre os hábitos tabágicos e o baixo peso à nascença está estudada e as razões são conhecidas, refere Sérgio Soares, médico e director da clínica de fertildade Instituto Valenciano de Fertilidade IVI-Lisboa, que tem investigado a relação entre tabaco e fertilidade. No caso do baixo peso, sabe-se que” a nicotina prejudica a fisiologia da placenta”, fazendo com que a quantidade de sangue que chega à placenta seja menor e que haja menos oxigenação.
Os dados que assinalam a associação entre tabaco e obesidade estão plasmados em cada vez mais estudos mas ainda será preciso mais pesquisa para perceber se existe uma relação de causa e efeito, diz. 
Por enquanto, existem dois caminhos possíveis de explicação, diz. Um deles aponta para possíveis razões orgânicas, podendo haver alterações metabólicas em resposta a condições intra-uterinas adversas, mas as explicações podem também ser de ordem familiar, refere Sérgio Soares, isto porque também foi encontrado uma relação entre a obesidade e o facto de o pai da criança fumar. “É uma hipótese” mas o facto de ambos os pais fumarem pode ser “indicativo de circunstâncias familiares, pode haver padrões genéticos desconhecidos, padrões comportamentais, dietas alimentares [associados a essa família]”. 
O artigo, publicado em Março, analisou 172 trabalhos científicos nesta área e é também da autoria de Marco Belo, da Clínica Viara, investigador da cidade brasileira de Belo Horizonte e José Bellver, da clínica IVI em Valência e da Faculdade de Medicina da Universidade de Valência.
Sérgio Soares lembra que no campo da procriação medicamente assistida o consumo de mais de dez cigarros por dia reduz a probabilidade de sucesso na transferência de embriões de óptima qualidade, mesmo quando se trata de ovócitos doados por dadoras não fumadoras.
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Estadão 30.05.2012
Brasil gasta R$ 21 bi com tratamento de doenças relacionadas ao tabaco
Robson Fernandjes/AE
Levantamento da Aliança de Controle do Tabagismo se refere apenas a 2011 e resulta da análise de dados de 15 enfermidades, como doenças cardíacas e câncer de pulmão.
Lígia Formenti
O Brasil gastou no ano passado R$ 21 bilhões no tratamento de pacientes com doenças relacionadas ao cigarro, revela estudo inédito financiado pela Aliança de Controle do Tabagismo (ACT). O valor equivale a 30% do orçamento do Ministério da Saúde em 2011 e é 3,5 vezes maior do que a Receita arrecadou com produtos derivados ao tabaco no mesmo período. Pesquisa inglesa recente aponta que o fumo é o maior responsável pelo câncer no mundo
O estudo demonstra ainda que o tabagismo é responsável por 13% das mortes no País. São 130 mil óbitos anuais (350 por dia). Os resultados são fruto da análise de dados de 15 doenças relacionadas ao cigarro. Quatro delas - cardíacas, pulmonar obstrutiva crônica, câncer de pulmão e acidente vascular cerebral - responderam por 83% dos gastos.
Os custos, segundo uma das coordenadoras do estudo, a economista da Fundação Oswaldo Cruz Márcia Teixeira Pinto, são referentes às despesas tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto na saúde suplementar.
"Há tempos buscamos números que indiquem o impacto do tabagismo na economia do País", diz a diretora executiva da ACT, Paula Johns. Um dos argumentos recorrentes da indústria do fumo para frear medidas de prevenção ao tabagismo é a alta arrecadação de impostos, além da alta quantidade de empregos concentrada na atividade.
No debate mais recente, feito durante a discussão da resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para proibição de aditivos ao cigarro, a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) apontou que em 2010 a indústria recolheu R$ 9,3 bilhões de tributos e gerou receita de R$ 4,1 bilhões.
"Não concordamos com o número apresentado por eles de arrecadação. Mesmo assim, é mais do que a metade do gasto com doenças. Sem falar nos problemas familiares que a doença acarreta e no sofrimento causado pela morte", afirma Paula.
Paula diz que os números mostram que ainda há muito o que ser feito no combate ao tabagismo. Entre reivindicações está a regulamentação da lei que proíbe fumo em locais públicos fechados e a da proibição de propaganda nos locais de venda.
Em 2005, a pesquisadora Márcia Pinto já havia feito um estudo precursor. Na época, a avaliação era de que os gastos com o tratamento de doenças era de R$ 338 milhões. "Estávamos ainda engatinhando nessa área. A metodologia era diferente." Ela lembra que foram avaliados gastos apenas no setor público do Rio.
Embora bastante expressivos, Paula diz que não se espantou com resultados. "A estimativa é de que a cada US$ 1 arrecadado com impostos de cigarro sejam gastos US$ 3 no tratamento."
Diferenças. Márcia, que conduziu o trabalho com André Riviere, do Instituto de Efectividad Clinica y Sanitaria, da Argentina, afirma que fumantes no Brasil vivem pelo menos cinco anos a menos do que os não fumantes - e a diferença é maior entre homens. Mulheres dependentes do cigarro têm, em média, 4,5 anos a menos de vida do que as não fumantes e 1,32 a menos do que as ex-fumantes.
Entre homens, a perda é de 5,03 anos em relação ao tempo médio de vida dos não fumantes e de 2,05 dos ex-fumantes.
Ao saber da pesquisa, Romeu Schneider, da Câmara Setorial do Tabaco, afirmou que os números não refletem a realidade. "Eles são campeões de chute. Durante 20 anos falaram que o cigarro causava 200 mil mortes. Não há como saber o que foi provocado pelo cigarro, o que foi causado por outras doenças."
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Entenda como cada forma de consumo do tabaco é prejudicial à saúde
Charutos, cachimbos e narguilés apresentam tantos riscos quanto o cigarro.
O Dia Mundial sem Tabaco (31 de Maio) serve para incentivar as pessoas a abandonar um vício que só traz malefícios. De acordo com a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada pelo Ministério da Saúde, o percentual de fumantes no país passou de 16,2% em 2006 para 14,8% no ano passado. De acordo com o Ministério, é a primeira vez que esse índice fica abaixo dos 15%.
No entanto, é comum os fumantes largarem o cigarro industrializado e partirem para outras formas de consumo do tabaco, como charutos, cachimbos, narguilés e cigarrilhas, que também são perigosas. "As pessoas tem uma ideia de que apenas cigarro industrializado é que faz mal, porém todas as formas de fumo são derivadas do tabaco e nenhuma delas é segura ou isenta de dano", afirma a psicóloga Sabrina Presman, conselheira da Associação de Estudos sobre Álcool e Drogas.
As doenças relacionadas ao tabaco são diversas: aumento do ritmo cardíaco, infarto agudo do miocárdio, derrame cerebral, angina, elevação do colesterol ruim (LDL), menopausa precoce, gastrite, úlcera gástrica, enfisema pulmonar, bronquite crônica, doença obstrutiva arterial periférica, tromboangeite obliterante, obstrução progressiva das artérias que pode culminar em amputação e câncer no fígado, rins, coração e pulmões, além dos sintomas agudos como irritações nasais, na garganta e nos olhos, tonturas e dor de cabeça. Entenda como cada forma de consumo de tabaco é nociva à saúde e largue de vez todos os vícios!
Cigarro industrializado
De acordo com o pneumologista Elton Rosso, consultor da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, todo componente do cigarro é nocivo à saúde. Além disso, as concentrações de nicotina costumam ser menores do que as de outras formas de consumo do tabaco, sendo necessário fumar mais cigarros para abater o vício, ou seja, ter contato com ainda mais componentes tóxicos.
Cigarros ditos mentolados, que são aqueles com sabor, como menta e cravo, também devem ser evitados. Elton Rosso afirma que os aditivos presentes nesse cigarro não amenizam o efeito nocivo do tabaco, mais ainda não é possível medir as consequências do consumo desses aditivos. "Não sabemos como esses produtos são adicionados ao tabaco, já que é uma informação confidencial", afirma o pneumologista. "Por isso, é difícil dizer quais são as consequências da ingestão dessas substâncias." 
Narguilé
Um estudo da Universidade de Brasília (UnB) afirma que uma sessão de narguilé de 80 minutos equivale a nada menos do que fumar 100 cigarros. De acordo o pneumologista Elton, o fumo utilizado no narguilé contém as mesmas substâncias tóxicas do tabaco - nicotina, alcatrão, monóxido de carbono e metais pesados. "No entanto, ele possui uma concentração maior de nicotina, tornando o risco de dependência maior", diz.
Além disso, o usuário de narguilé pode tornar-se rapidamente fumante de cigarro, porque fica viciado facilmente na nicotina. "Ao contrário do que dizem, a água do narguilé não filtra a fumaça, somente a deixa mais fria, o que inclusive potencializa o aparecimento de doenças", declara o pneumologista. Enfraquecimento dos dentes e câncer na boca são os principais males decorrentes do narguilé, sendo que os riscos de desenvolver problemas de saúde são iguais aos do cigarro, ainda que a pessoa não fume com frequência. 
Cachimbo
"A imagem do cachimbo está associada no inconsciente das pessoas como símbolo de elegância e gerador de inteligência, comportamento que pode levar ao vício", diz Elton Rosso. O cachimbo é feito com a mistura de dois tipos de tabaco, a Nicotiana tabacum e a Nicotiana rústica, e não é envolvido em papel ou qualquer outro aditivo, salvo os fumos para cachimbo que contêm sabor.
Fumantes de cachimbo podem achar que correm menos riscos porque não estão tragando a fumaça, mas o pneumologista Elton afirma que "há evidências científicas de que, mesmo sem a pessoa tragar, tanto o charuto quanto cachimbo podem ser tão nocivos quanto o cigarro". As chances de a pessoa ficar viciada em cachimbo não são muito diferentes das do cigarro e esse tipo também está associado ao aumento da mortalidade por câncer de pulmão, laringe, esôfago e outros graves problemas na cavidade oral. 
Charuto
Quem fuma charuto apresenta um aumento de 45% no risco de desenvolver doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e 27% mais chances de sofrer de doenças cardíacas. "O charuto mantém as folhas do tabaco inteiras e não possui filtro, intensificando os danos", diz Elton Rosso.
A conselheira Sabrina Presman, da Associação de Estudos sobre Álcool e Drogas, explica que a folha usada no charuto é queimada ao sol, diferente dos cigarros industrializados, nos quais a folha é queimada em um forno a altas temperaturas. "Essa diferença altera o pH da folha, fazendo com ela seja absorvida pela mucosa da boca em vez de pelo pulmão", explica Sabrina. Por conta disso e pela falta de filtro, o risco de o fumante desenvolver câncer de boca aumenta em relação ao cigarro industrializado.
Cigarro de palha
Também conhecido por palheiro, pó ronca ou paiol, o cigarro de palha é artesanal e muito presente na cultura brasileira, sendo comum encontrá-lo em regiões rurais, onde as comunidades tradicionais ainda preservam o costume de montar o cigarro com o fumo de corda picado. Em áreas urbanas, o cigarro de palha é montado com o fumo industrializado à venda, que é equivalente ao fumo do cigarro.
A diferença desse tipo para o cigarro industrializado é que o fumo é envolto em palha em vez do papel e não possui qualquer tipo de filtro, sendo a forma mais nociva de inalação da fumaça." A palha não permite a passagem de ar de dentro para fora do cigarro e torna as tragadas mais intensas e concentradas", afirma Sabrina Presman. O consultor da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia Elton Rosso complementa que um cigarro de palha equivale a fumar três cigarros industrializados, elevando portanto o risco de dependência e aparecimento de doenças como câncer de pulmão, rins e estômago, além de infarto agudo do miocárdio e enfisema pulmonar. 
Cigarrilha
Esse tipo de fumo é como uma versão mais curta e estreita do charuto. Ao contrário dos cigarros, que são envolvidos em papel, as cigarrilhas são envolvidas em folhas de fumo. "Os teores de nicotina deste produto são mais elevados, desencadeando maior dependência e mais chances de desenvolver doenças relacionadas ao tabaco", afirma Elton Rosso. De acordo com o pneumologista, não se fala muito nesse tipo porque o consumo não é tão comum quanto o do cigarro. "Mas devem ser evitados da mesma forma", lembra. 
Fumo de corda
Chamado também de fumo de rolo ou fumo crioulo, o fumo de corda é um tipo de tabaco torcido e enrolado, normalmente utilizado para confeccionar cigarros de palha, mas que também pode ser consumido mascando-se pequenos pedaços. As folhas são enroladas para formar a corda, que é curada ao sol durante 60 a 90 dias e torcida várias vezes. "Quando mascado, o fumo de corda libera a nicotina diretamente na mucosa da boca do usuário, aumentando o risco de câncer nessa região", explica Elton Rosso. Os níveis de dependência são iguais aos do cigarro de palha, tanto na sua forma mascada quando inalada.
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O Globo 31.05.2012
Inca: 37% dos casos de câncer previstos para este ano estão relacionados ao tabagismo
Homens Brasileiros podem até 10 anos por causa de tumores relacionados ao cigarro, diz pesquisa.
Viviane Nogueira
Rio - Com base nas estimativas de câncer para 2012, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulgou ontem, no dia mundial sem tabaco, que 37% dos casos da doença previstos para este ano têm relação com o tabagismo. Quando avaliados por região, os percentuais dos cânceres causados pelo tabaco, comparados com todos os casos novos para esse ano são: 45 % nas mulheres e 34% nos homens do Norte; 38% nas mulheres e 33% nos homens do Nordeste; 40% nas mulheres e 35% nos homens do Centro-Oeste; 33% nas mulheres e 38% nos homens do Sudeste e 35% nas mulheres e 43% nos homens do Sul. Se for considerada a expectativa de vida de 80 anos, os homens do Sul do país podem perder até dez anos de vida devido aos tumores relacionados ao fumo.
Neste dia mundial sem tabaco, o tema “Fumar: faz mal pra você, faz mal pro planeta” foi adaptado da proposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a realidade do país enfocando os danos causados pela cadeia de produção do tabaco e os malefícios à saúde da população. Segundo dados da OMS, o tabaco mata cerca de seis milhões de pessoas por ano e, desses, cinco milhões são fumantes e ex-fumantes, mas aproximadamente 600 mil são fumantes passivos. Uma pessoa morre a cada seis segundos em decorrência do fumo e metade dos usuários atuais vai morrer por alguma doença relacionada ao tabaco. O fumo é a maior ameaça à saúde pública que o mundo já enfrentou. No Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam 18,8% de fumantes — 22,7% homens e 16% mulheres.
Segundo pesquisa da organização não-governamental (ONG) Aliança de Controle ao Tabagismo (ACT), as doenças causadas pelo cigarro custam R$ 21 bilhões. Considerando que o setor do tabaco pagou, em 2011, R$ 6,3 bilhões em impostos federais, segundo a Receita Federal, o país gasta cerca de três vezes e meia mais do que arrecada com cigarros e outros produtos de tabaco. Esse montante equivale a 0.5% do PIB do país em 2011.
Hábito precoce
Segundo o pneumologista e sanitarista Alberto José de Araújo, diretor do Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo e presidente da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), quem fuma geralmente tem contato com o primeiro cigarro entre 12 e 14 anos, e 80% desses adolescentes já são dependentes aos 18 anos. Quanto mais cedo se começa, quanto maior a quantidade de cigarros e quanto mais envolvidos os aspectos emocionais e comportamentais, mais difícil é parar de fumar.
— A nicotina, principal substância do cigarro, é considerada a dependência química mais forte, levando em conta drogas lícitas ou não. E essa dependência se estabelece de forma muito rápida entre a experimentação e a entrada na rotina do indivíduo. Por isso é mais fácil parar se o fumante encarar a dependência como doença e contar com ajuda para combater o vício — explica. — Fumar é também um hábito, um vício, mas é acima de tudo uma doença.
Depois de entender a doença, o ideal é procurar um médico para testar o grau de dependência, fazer algumas avaliações de motivação, conversar sobre que condições e doenças podem melhorar com o abandono do cigarro e, por fim, marcar uma data para parar de fumar.
— Isso é muito importante psicologicamente e é fundamental pensar na data, não no que vem depois. Quem marca a data para os 30 dias seguintes está mais pronto, de acordo com a nossa experiência — diz o médico.
Daí em diante, para amenizar os sintomas de abstinência das primeiras duas semanas (sudorese, dor de cabeça, alterações de humor e no ritmo cardíaco, em alguns casos até depressão) os especialistas recomendam o uso de repositores de nicotina em adesivo, goma de mascar, pastilha ou comprimido, de acordo com o histórico de cada paciente.
Recaídas e aumento de peso
Do total de fumantes que fazem tratamento para deixar o cigarro, cerca de 30% recaem e cerca de 60% das recaídas acontecem nos três primeiros meses de tratamento. Vencida esta etapa, o índice cai para 17% a 20% no período de um ano e para 1,5% após 12 meses, segundo dados de um estudo com 820 pacientes em tratamento, realizado pelo Programa de Assistência ao Fumante (PAF), coordenado pela cardiologista Jaqueline Scholz, diretora do Programa Ambulatorial de Tratamento do Tabagismo do Instituto do Coração (Incor), que analisou dados de 2008 e 2009 dos pacientes e apresentou as conclusões em março, no congresso da Sociedade para Pesquisa de Nicotina e Tabaco, nos Estados Unidos.
De 568 pacientes acompanhados durante um ano, 73% ganharam em média 5kg, 17% mantiveram o patamar inicial e 10% ficaram mais magros. Mas 85% dos pacientes disseram que deixar de fumar melhorou sua condição clínica e qualidade de vida, segundo a cardiologista.
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Estadão 31.05.2012
Estudo revela que ansiedade atinge 85% dos fumantes no País
Além desse fator, que contribui de forma crucial para a dependência, cerca de 40% dos fumantes também apresentam sintomas leves ou moderados de depressão
Um estudo realizado pelo Serviço de Psicologia do Hospital do Coração (HCor), em parceria com o Ministério da Saúde, avaliou a melhor técnica para combater o tabagismo no Brasil. Cerca de 40% dos pacientes avaliados apresentaram sintomas leves ou moderados de depressão e mais de 85% dos pacientes apresentaram sintomas de ansiedade média ou alta.
"Observamos que a ansiedade deve ser tratada para obter êxito no combate ao tabagismo, por isso a importância do acompanhamento psicológico. Ela foi a principal responsável pela alta na taxa de não cessação do tabagismo durante o estudo", diz Silvia Cury Ismael, Gerente do Serviço de Psicologia do HCor e responsável pela implantação do estudo.
Foram selecionados 208 pacientes fumantes, sendo 112 mulheres e 96 homens. Os pacientes foram divididos em dois grupos e receberam acompanhamento entre junho e dezembro de 2011. O primeiro recebeu apenas adesivos de nicotina, para substituir o cigarro. O segundo grupo, além da reposição de nicotina por meio de adesivos, receberam acompanhamento psicológico.
Entre os pacientes avaliados, foi observado que 26,5% possuíam hipertensão, 36,8% já fizeram algum tipo de tratamento para o tabagismo e 30,9% possuem dependência elevada.
Durante o estudo, os pacientes passavam quinzenalmente por consultas com os médicos da pesquisa que avaliavam questões relacionadas ao tratamento para cessação do tabagismo como efeitos colaterais, sintomas de abstinência, recaídas e dúvidas em relação ao uso da medicação. "Também foi realizado a medição do monóxido de carbono antes e ao final do tratamento de reposição. As consultas eram realizadas no HCor, quinzenalmente, por três meses", diz Silvia.
"Atualmente estamos realizando o seguimento telefônico dos pacientes tratados, mas ainda não temos dados finais da abstinência destes pacientes. Durante o acompanhamento médico, foi verificado que alguns pacientes já apresentavam comorbidades que podem piorar ou trazer problemas de saúde mais severos caso não haja a cessação do tabagismo. Outro dado observado é que morar com outros fumantes, que é considerado um fator de risco de recaída já citado em outros estudos, é observado em 75% dos participantes", finaliza Silvia Cury.
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Agência Brasil 10/04/2012
Percentual de fumantes no país fica pela primeira vez abaixo dos 15%, revela pesquisa.
Paula Laboissière
A pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada hoje (10) pelo Ministério da Saúde, indica que o percentual de fumantes no país passou de 16,2% em 2006 para 14,8% no ano passado. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, elogiou os resultados e lembrou que é a primeira vez em que o índice fica abaixo dos 15%.
É uma queda importante e mostra a correção de algumas medidas do governo, do Congresso Nacional, [no sentido] de reforçar a luta contra o tabagismo”, disse, ao destacar ações como a proibição de fumódromos e a criação de espaços livres do tabaco.
EVOLUÇÃO DA PREVALÊNCIA DE FUMANTES NA POPULAÇÃO BRASILEIRA
Dados mostram que a frequência de fumantes continua maior entre os homens: 18,1% contra 12% entre as mulheres. Ainda assim, a população masculina lidera a redução do tabagismo no país, já que 25% deles declararam ter deixado de fumar, contra 19% entre as pessoas do sexo feminino. A tendência de queda no consumo entre os homens foi constatada em todas as faixas etárias e independentemente do grau de escolaridade.
A quantidade de pessoas que abandonam o hábito de fumar, de acordo com o ministério, aumenta com o avançar da idade. A frequência de ex-fumantes chega a ser quase cinco vezes maior entre homens com mais de 65 anos. Entre as mulheres, a maior queda foi verificada na faixa etária dos 55 aos 64 anos (30%).
Outro aspecto positivo apontado pelo estudo é a queda do índice de homens que fumam mais de 20 cigarros por dia – o chamado fumante pesado. A proporção passou de 6,3% em 2006 para 5,4% em 2011.
Em relação ao fumo passivo, a pesquisa Vigitel indica que 11,8% dos brasileiros não fumantes moram com pelo menos uma pessoa que fuma dentro de casa. Além disso, 12,2% das pessoas que não fumam convivem com algum colega fumante no local de trabalho.
Adultos entre 18 e 24 anos são os que mais sofrem com o fumo passivo em casa (17,7%). No trabalho, a frequência de homens atingidos pelo fumo passivo é 17,8%, mais do que o dobro da registrada entre as mulheres, 7,4%.
Dados mostram ainda que, quanto maior o acesso à informação, menor a chance de a pessoa começar a fumar. O percentual de fumantes entre pessoas com até oito anos de estudo ficou em 18,8%, contra 10,3% entre pessoas com 12 anos ou mais de estudo.
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EUROPA PRESS MADRID 29/02/2012
El cáncer de pulmón aumenta en mujeres "porque dejar de fumar engorda"

"Este año habrá 5.000 nuevas enfermas" aseguran en el Segundo Simposio de Cáncer de Pulmón en Mujeres







Marcha de mujeres contra el câncer
La incidencia del cáncer de pulmón en mujeres "ha aumentado un 20%" en España en los últimos seis años, según ha explicado la doctora del Hospital Universitario Vall D'Hebron de Barcelona Enriqueta Felip, en la previa del II Simposio de Cáncer de Pulmón en Mujeres de la Asociación para la Investigación del Cáncer de Pulmón en Mujeres (ICAPEM), que se celebra este martes en Madrid.
La especialista ha subrayado que "en 2006 se produjeron 3.000 nuevos casos de mujeres con cáncer de pulmón", mientras que la doctora del Hospital Ramón y Cajal de Madrid, Pilar Garrido, ha asegurado que "este año habrá 5.000 nuevas enfermas por este tumor". Además, para este 2012 también se estima que 20.000 hombres sean diagnosticados con esta patología.
Las causas de este notable incremento del hábito tabáquico en mujeres -que ICAPEM ha intentado averiguar a través de una encuesta propia realiazada aleatoriamente a 1.000 personas- son variadas, pero Garrido encuentra una en que "piensan que engordan si no fuman". A su juicio, "no puede ser más importante tener una figura delgada que los riesgos de producirse un cáncer de pulmón".
Por otra parte, las mujeres que ya fuman no consiguen dejarlo porque al hacerlo aumentan de peso y desisten en su intento. Esta situación queda demostrada con el dato de que "el 70% de las fumadoras de entre 30 y 44 años han intentado dejarlo sin éxito", afirma la doctora del Hospital de la Santa Creu I Sant Pau, Margarita Majem.
Sin embargo, Garrido cree que las féminas "también engordan con el embarazo y no pasa nada". Además, recuerda que fumar "puede producir otros tumores que se tardarían en relatar". El cáncer de laringe o el de esófago son algunos de ellos", especifica.
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G1 11/01/12
Fumar tabaco danifica mais o pulmão do que maconha.
Autor também considera outros aspectos e não defende consumo.
Para médica brasileira, pesquisa era aguardada.
Tadeu Meniconi
Fumar maconha é menos danoso ao pulmão do que consumir os cigarros tradicionais, de tabaco, segundo um estudo norte-americano publicado nesta terça-feira (10) pela revista científica “Journal of the American Medical Association”.
A pesquisa usou uma base de dados de fumantes – de maconha e tabaco – pelo período de 20 anos. Entre os que consumiram tabaco, houve redução da capacidade pulmonar. Já entre os fumantes de maconha, não houve perda; pelo contrário, o volume de ar que cabe nos pulmões aumentou um pouquinho.
Stefan Kertesz, autor do estudo, disse ao G1 que o consumo da maconha envolve mecanismos mais complexos, não só no corpo como um todo, mas também nos aspectos morais e culturais, e que seu trabalho não deve servir como uma defesa da droga.
“Não faz sentido olhar para o consumo da maconha apenas pelo ponto de vista do pulmão”, disse o pesquisador da Universidade do Alabama, em Birmingham.
Fumaça menos tóxica?
Kertesz explicou que o estudo foi feito com usuários leves e moderados, que consomem até 20 “baseados” por ano. “A maior parte das pessoas que fumam muita maconha também fuma tabaco”, argumentou o cientista.
Claramente, há substâncias tóxicas na fumaça da maconha"
Stefan Kertesz, autor do estudo
Ele ressaltou também que a base de dados usada era de adultos saudáveis, e que, por isso, viciados acabaram sendo naturalmente excluídos. “Quem fuma muito também tem problemas sociais, como perder emprego, o que também afeta a saúde”, ponderou.
O fato de que o pulmão não foi afetado não significa que a fumaça da maconha seja benigna. “Claramente, há substâncias tóxicas na fumaça da maconha”, esclareceu Kertesz.
Uma diferença clara entre os que consomem as substâncias é a quantidade de cigarros. “O típico comportamento do fumante de tabaco significa mais fumaça para dentro do pulmão”, afirmou o pesquisador.
Estudo era aguardado
Marta Jezierski, diretora do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), órgão ligado à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, diz que um estudo como esse já vinha sendo aguardado pelos especialistas.
Segundo ela, a ideia de que a maconha faz menos mal à saúde do que o cigarro circula como um mito. “Havia suspeitas, mas não havia um estudo que confirmasse”, disse a médica.
A verdade é que os dois fazem mal à saúde. A maconha pode provocar infertilidade, esquizofrenia, perda de memória e câncer de testículo. Já o tabaco aumenta o risco de quase todos os cânceres, em especial os do sistema respiratório, e também representa maior possibilidade de doenças cardiovasculares.
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Pesquisa OMS

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Estadão 03/11/2011

Nicotina pode abrir a porta para consumo de cocaína, diz estudo

De acordo com pesquisadores, uso crônico da substância pode mudar parâmetros cerebrais e aumentar a vulnerabilidade do corpo aos efeitos da droga mais pesada

Tiago Queiroz/AE
Segundo estudo, há uma combinação de fatores que ocasionam mudanças no cérebro do fumante
A nicotina provoca mudanças no cérebro que podem abrir a porta para o consumo de cocaína, revela um estudo publicado nesta última quarta-feira, 2, na revista "Science Translational Medicine".
Estudos anteriores relacionaram o consumo de álcool e tabaco com o uso progressivo de outras drogas, como a maconha, mas agora o professor Amir Levine, da Universidade de Colúmbia, analisou a base biológica deste efeito e descobriu em um estudo com ratos que a nicotina aumentou a resposta à cocaína.
A resposta do animal foi mais positiva para cocaína quando os ratos que foram "pré-tratados" com nicotina depois receberam doses de nicotina e cocaína ao mesmo tempo.
Os pesquisadores sugerem que a nicotina aumenta a habilidade da cocaína para aceder e aumentar a expressão do gene FosB, que codifica uma proteína que é um fator de transcrição, ou seja, que regula muitos outros genes por sua vez envolvidos na resposta conductual perante a cocaína, explicou à Agência Efe Ruben Baler, do Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos Estados Unidos.
Baler apresenta também junto com a diretora deste Instituto, Nora Volkow, um estudo em perspectiva relacionado com o de Lavine, centrado nas mudanças epigenéticas (processos genéticos que não envolvem mudanças na sequência de DNA do animal) da nicotina.
Baler indicou que o tema geral tem a ver com a teoria de que as drogas são usadas em sequência, "primeiro as pessoas começam a usar uma droga que seja mais leve e pouco a pouco tendem a usar drogas mais pesadas, mais perigosas".
Segundo o pesquisador, porém, "não está claro por que há uma sequência, se acontece por uma mudança morfológica que vai ocorrendo no cérebro e torna a pessoa ser mais vulnerável ao uso de drogas mais pesadas, ou se simplesmente a pessoa usa o que é mais acessível no início e depois usa outra coisa mais pesada".
Para Baler, "possivelmente é uma combinação de ambos os fatores", já que há evidências de que ocorrem mudanças estruturais funcionais em vários níveis no cérebro, de modo que o animal é mais sensível à cocaína.
"O que este estudo mostra de maneira bastante contundente em um modelo animal é que o uso crônico da nicotina durante sete dias de exposição muda basicamente parâmetros muito importantes no cérebro, o que faz com que o animal seja mais vulnerável e sensível aos efeitos da cocaína".
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JN 30/08/2011
OMS: metade dos fumantes vai morrer por doença ligada ao tabaco
Em uma pesquisa feita em 14 países que representam metade da população mundial, o Brasil se destacou como o segundo país com menor percentual de fumantes: 18%. Isso representa quase a metade do que era há 22 anos.
Segundo os dados oficiais, são cerca de 25 milhões de fumantes no Brasil.
 “Nós queremos reduzir ainda mais essa proporção. O nosso alvo em primeiro lugar são as mulheres, os jovens e as pessoas de mais baixa escolaridade”, diz o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
O problema não é só dos fumantes. Quem está em volta também sofre; 24 milhões de pessoas no Brasil são fumantes passivas dentro de casa.
As restrições ao fumo não são as mesmas no Brasil inteiro, já que muitos estados e municípios têm leis específicas sobre o cigarro bem mais severas do que a atual legislação federal, que é de 15 anos atrás. A lei federal proíbe o fumo em recintos fechados coletivos, mas autoriza áreas para fumantes, conhecidas como fumódromos.
Sete estados já têm legislação própria com proibição total ao fumo em qualquer ambiente fechado. Um projeto de lei em discussão no Congresso quer levar a restrição para todo o país.
 “Somente uma proibição integral do tabagismo nos ambientes fechados é eficaz para proteger a saúde da população”, defende Felipe Mendes, técnico da Comissão de Controle do Tabaco.
A OMS afirma que metade dos fumantes vai morrer por alguma doença relacionada ao tabaco. No Brasil, são 200 mil mortes por ano devido ao tabagismo, segundo o Instituto Nacional de Câncer.
 “Fumante é uma pessoa que vai ter mais pneumonia, mais tuberculose, mais infecções respiratórias altas, como sinusite. Outras substâncias também no cigarro vão levar a alterações oculares. O cigarro também pode levar à cegueira. Osteoporose também é muito frequente”, alerta o médico do INCA Ricardo Meirelles.
No caso do câncer, mesmo para quem já está doente por consequência do cigarro, os médicos alertam sobre a importância de parar de fumar.
 “O resultado do tratamento do câncer em um paciente que para de fumar logo após o diagnóstico é melhor. Ele vai ganhar em qualidade de vida e em sobrevida se ele parar de fumar”, aponta Cristina Cantarino, médica do Inca.
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O Globo 29/08/2011
No Dia Nacional de Combate ao Fumo, confira uma lista de tratamentos para quem quer parar de fumar
RIO - Estima-se que cinco milhões de pessoas morrem por ano no mundo por doenças decorrentes do tabagismo, 200 mil só no Brasil, segundo informações do Ministério da Saúde. Ainda em escala global, 70% dos óbitos por câncer de pulmão acontecem por causa do cigarro e 42% no caso das doenças respiratórias, números importantes de serem lembrados nesta segunda-feira, Dia Nacional de Combate ao Fumo. O governo brasileiro tem ampliado as ações para atrapalhar a vida de quem insiste neste hábito. Na última semana, foi regulamentada a Medida Provisória 540/2011, que prevê aumento na carga tributária dos cigarros, além da fixar preço mínimo de venda no varejo.
A meta é reduzir a frequência de fumantes em diferentes grupos, incluindo adolescentes e adultos. Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde em 2010 apontou 15% de fumantes na população adulta do Brasil. Já um levantamento que estuda os indicadores entre os adolescentes revelou que 6,3% dos estudantes do 9º ano (13 a 15 anos de idade) relataram ter fumado nos 30 dias anteriores à entrevista.
Ainda nesta segunda, o Ministério lança um estudo sobre a situação do tabagismo, que traz informações novas a respeito dos avanços do hábito de fumar no país.
Para quem já experimentou as mazelas de se viciar no cigarro e agora pensa em parar, Vera Colombo, da Divisão de Tabagismo no Instituto Nacional do Câncer (Inca), lista as três alternativas disponíveis hoje que são recomendadas pelo Ministério da Saúde. Segundo Vera, de 90% das pessoas que tentam parar de fumar, apenas 3% conseguem fazer isso sozinhas.
- O tabagismo tem um componente psicológico e de condicionamento. Os medicamentos não tratam esses aspectos, que precisam ser trabalhados. A pessoa tem que entender que a tentativa de parar provoca reações, lentidão, sonolência, irritação. É preciso aprender a lidar com esses sintomas, que levam em torno de três semanas para sumir - explica ela.
Confira abaixo a lista de tratamentos para fumantes validadas pelas autoridades no país:
Goma de mascar: Ela é dura, como um chiclete velho. Depois de um tempo de mastigação, a pessoa a coloca do lado da boca, e é quando a nicotina passa a ser liberada. A periodicidade de uso depende da necessidade do indivíduo. Não precisa de prescrição médica.
Adesivos: são repositores de nicotina. O indivíduo recebe a substância, mas fica livre de todas as outras muito nocivas à saúde. Ela vai se diluindo até a pessoa conseguir parar de fumar. Isso dura em torno de três meses. O adesivo precisa ser trocado a cada 24 horas. Também não requer prescrição médica.
Bupropiona: É um antidepressivo que foi descoberto por acaso. Os pacientes faziam uso da medicação e paravam de fumar. Precisa de prescrição médica.
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G1 DF 22/07/2011
Distrito Federal tem mais de 60 centros de combate ao tabagismo
Em 2010, cerca de 4 mil pessoas fizeram o tratamento para deixar de fumar.
Segundo especialista, o cigarro é uma das maiores fonte de doença.


Os fumantes do Distrito Federal que querem largar o vício passam a contar a partir desta sexta-feira (22) com mais um local para buscar ajuda. O Centro de Saúde 11, na Asa Norte, está com as inscrições abertas para o Programa de Controle ao Tabagismo. Essa é a 61ª unidade de tratamento de saúde do DF que está preparada para receber fumantes.
Segundo o coordenador do programa, Celso Rodrigues, o tratamento que dura um ano é gratuito e feito em grupos até 20 pessoas. No primeiro mês, há reuniões semanais de 1h30. No segundo e terceiro mês, os encontros são quinzenais e a partir do quarto mês de tratamento eles passam a acontecer uma vez por mês.
Nessas reuniões, profissionais de saúde conversam com os fumantes para saberem o que os levou ao cigarro. “O básico é o paciente entender a relação que tem com o cigarro porque ele o incorpora como um ritual da vida, como tomar banho e comer. Então, damos dicas de como trabalhar para se livrar desse hábito”, diz Rodrigues.
As conversas são complementadas com consultas com pneumologistas, nutricionistas e dentistas. “A pessoa pode melhorar a saúde, diminuir a ansiedade e fazer um tratamento dentário para tirar o tom amarelado dos dentes deixado pelo cigarro”, afirma o médico. Pastilhas de nicotina, adesivos e antidepressivos também são gratuitos, mas só são recomendados após avaliação médica.
De acordo com a Secretaria de Saúde, o programa funciona para cerca de 60% dos participantes. Ele conta também que a procura tem sido cada vez maior. Em 2001, ano de implementação do projeto, aproximadamente 400 pessoas foram tratadas. No ano passado, esse número chegou a quatro mil.
Doenças
De acordo com Celso Rodrigues, problemas de saúde como infarto agudo do miocárdio, derrame, enfisema pulmonar e todo tipo de cânceres do adulto tem alguma relação com o cigarro.
“Nas unidades de doença coronária, cerca de 90% dos pacientes estão lá por conta do cigarro. Na unidade de pneumologia, o mais comum é enfisema, pneumonia ou câncer. Isso mostra que o cigarro é a maior fonte de doença atual do ser humano”, afirma.
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Cigarro aproxima adolescente da Maconha

Adolescentes que começam a fumar por volta dos 12 anos têm 26 vezes mais chances de experimentar e desenvolver o hábito de consumir maconha ou outra droga ilícita aos 17 anos. De acordo com estudo financiado pela academia da Filândia para Programas de Pesquisa sobre o uso e dependências de substâncias psicoativas, a relação entre cigarro e o consumo de precoce de outras drogas pode ser motivado por problemas comportamentais, como a impulsividade e a hiperatividade.
Durante a análise dos dados, a equipe finlandesa levou em consideração fatores como gênero, consumo de álcool pelo adolescente e pela família, número de amigos fumantes, conhecidos que já tiveram contato com drogas e comportamentos agressivo entre os garotos. "Nossa descoberta corrobora a hipótese do portão de acesso, que afirma que substâncias lícitas, como o cigarro e o álcool, são apenas um passo prévio ao consumo de drogas ilícitas", diz Tellervo Korhonen, uma das responsáveis pelo estudo.
A pesquisadora acrescente ainda que o cruzamento de fatores comportamentais com os genéticos também pode esclarecer a ligação entre cigarro e drogas. "Essa é uma hipótese válida e, por isso, queremos ir mais a fundo nos estudos", diz. "A impulsividade pode levar o jovem a experimentar mais coisas. Se ele tem acesso ao cigarro, por exemplo, é bem provável que tenha vontade de prová-lo bem cedo. Esse pode ser um caminho para experimentar mais e mais coisas, como a maconha", diz Tellervo.
Nossa observação:
         Interessante essa pesquisa porque um dos argumentos para se mater a proibição do comércio da maconha é que ela induz o uso de outras drogas.
          Partindo desse princípio, o comércio do cigarro deveria ser proibido também, pois ele induz o uso da maconha q irá induzir o consumo de outras drogas.
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01.03.2011

Baladas levam meninas ao fumo

Isis Brum / Laís Catassini
A estudante Veridiana Lima tinha 13 anos quando experimentou seu primeiro cigarro, durante uma balada com amigas. “Desde então, nunca mais parei”, diz ela, seis anos depois. Nesses ambientes noturnos, o risco de uma menina paulistana começar a fumar aumenta 14 vezes. Já os meninos da cidade ficam oito vezes mais suscetíveis nessa mesma situação.
Os dados compõem o artigo Diferenças de gênero no consumo de tabaco entre adolescentes, publicado pela revista americana BMC Public Health e divulgados ontem no Brasil. Sua autora, a pesquisadora Zila Sanchez, do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), se baseou em entrevistas com 2.691 estudantes do ensino médio de 28 escolas particulares da capital, sendo 95% deles das classes A e B.
A pressão do grupo e a relação com a família interferiram no comportamento de Veridiana e na adesão ao vício da maioria dos jovens ouvidos pela pesquisa. “Estava com duas amigas na balada e outros amigos chegaram já oferecendo o cigarro. Meus pais fumam e, quando eu disse que estava fumando também, eles falaram: ‘ai, que decepção’” conta a menina. Entre as garotas que fumam, 76% vão a baladas ao menos uma vez por semana, índice que sobe para 83% para os rapazes.
De acordo com a pesquisa, a influência do grupo pesa ainda mais para os garotos. Entre as meninas, outro cenário chama a atenção: a relação entre o vício e a fragilidade emocional da adolescente, principalmente em relação aos vínculos familiares. Segundo o levantamento, 40% das entrevistadas que declararam ter fumado no último mês afirmaram que raramente recebem atenção dos pais. Já entre as que não fumaram nesse período, apenas 20% demonstraram essa insatisfação afetiva.
“O relacionamento familiar é fundamental para motivar não só o uso de cigarro, mas especialmente o de álcool, droga lícita, consumida cada vez mais cedo”, observa o médico herbiatra Maurício de Souza Lima, do  Hospital das Clínicas de São Paulo (HC).
Para os meninos, a carência afetiva não aparece como fator de risco para o tabagismo. De acordo com Lima, para o adolescente, o cigarro, como as outras drogas, ajuda a se descontrair, a vencer a timidez. Ou seja: se torna um elemento de sociabilidade e também de bem-estar – já que a nicotina libera dopamina no cérebro, um hormônio ligado à sensação do prazer e da satisfação.
“Cada cigarro parece um escape”, define Stella Regina Martins, diretora do Programa de Atendimento ao Tabagista do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), órgão da Secretaria de Estado da Saúde. Segundo ela, resistir à sedução do tabaco nessa faixa etária é ainda mais difícil quando a indústria oferece cigarros com sabores e aromas. “Cada um deles equivale de três a cinco cigarros normais, em relação à quantidade de nicotina.”
Dependência psicológica
O estudo mostra ainda que a maioria dos jovens fuma apenas na balada e por isso não se considera viciada. “Eles acreditam que fumar só aos fins de semana, por exemplo, não faz mal algum”, afirma Zila. Na amostra da Unifesp, 14% dos estudantes ouvidos se declararam fumantes e, desses, 11% usam tabaco apenas aos sábados e domingos.
A boa notícia é que os fumantes temporários têm mais chances de reabilitação, já que há uma dependência “comportamental ou psicológica do cigarro, mantida pela força do grupo ou do hábito”, segundo Stella, do
Cratod. “Com estímulo certo, param”, diz ela.
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