Como a mídia em geral vem fazendo matérias contraditórias a respeito do Programa da Prefeitura RJ de Acolhimento de Crianças e Adolescentes Usuárias De Drogas, optamos por agrupar as matérias mais recentes por veículos e não em ordem cronológica. Esperamos assim que cada um dos nossos leitores possa tirar suas próprias conclusões a partir da linha editorial de cada um dos veículos.
A seguir o programa A Liga, veiculado em 27.03.2012 pela TV Band, editado por nós em torno desse programa. O programa completo está na aba a seguir, "Reportagens".
clique na figura para ver o vídeo
Recomendamos também que vejam o programa "Profissão Repórter", veiculado em 02.out.2012, parte 1 e 2, a seguir.
Aqueles que desejarem ter acesso a mais documentos, denúncias, vídeos, etc dirijam-se a aba anterior "CRIANÇAS E CRACK Pref. RJ".
Felicidades para todos e obrigado.
A seguir o programa A Liga, veiculado em 27.03.2012 pela TV Band, editado por nós em torno desse programa. O programa completo está na aba a seguir, "Reportagens".
clique na figura para ver o vídeo
Recomendamos também que vejam o programa "Profissão Repórter", veiculado em 02.out.2012, parte 1 e 2, a seguir.
Aqueles que desejarem ter acesso a mais documentos, denúncias, vídeos, etc dirijam-se a aba anterior "CRIANÇAS E CRACK Pref. RJ".
Felicidades para todos e obrigado.
_____
_____
_____
_______
______
Convênio com
ONG de matador é encerrado
______
O Dia 25.10.2012
http://odia.ig.com.br/portal/rio/dono-de-abrigos-do-crack-j%C3%A1-matou-42-1.506907
_____
O Dia 24.10.2012
____
____
Denúncia reacende debate sobre
internação compulsória de usuários de drogas
_____
_____
_____
O Dia 21.05.2013
Mais denúncia de
violência no Degase
Sete infratores
dizem que foram espancados sábado por agentes
Christina Nascimento
Flavio Araújo
Rio - Mais um caso
de denúncia de violência contra adolescentes infratores foi registrado numa
unidade do Degase (Departamento Geral de Ações Socioeducativas), sábado de
madrugada.
Desta vez, teria
acontecido no Centro de Internação Dom Bosco, antigo Padre Severino, na Ilha do
Governador. Sete menores, entre 16 e 17 anos, dizem que agentes os algemaram,
espancaram e, depois, às 5h, os obrigaram a tomar banho de água gelada.
Dois inquéritos
foram abertos: um administrativo, pela Corregedoria do Degase, e outro
criminal, pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).
Inicialmente, este
segundo aponta para lesão corporal. Porém, Márcio Florindo, advogado da família
de uma das vítimas, quer que os agentes respondam por tortura.
Os sete menores
espancados teriam imobilizado um agente em centro de internação de Belford Roxo
e, por isso, acabaram transferidos para a Ilha. Neste local, teriam sido
agredidos logo ao chegarem pelos ‘educadores’.
Rigor máximo
Desde domingo, O DIA
vem mostrando uma série de denúncias de tortura no Degase, que teriam ocorrido
no início do mês e que estão na mira da ALERJ e do Ministério Público.
Horas antes de o
caso dos sete jovens ser registrado na DPCA, o diretor do órgão, Alexandre
Azevedo, prometera rigor nas investigações.
Ele disse que haverá
nas próximas semanas melhorias estruturais e administrativas. Na quarta,
inaugurou unidade em Campos, para onde serão transferidos 80 menores.
“Em
julho, inauguraremos outra em Volta Redonda. No ano que vem, já estão orçadas e
licitadas algumas na Região Serrana e Niterói / São Gonçalo”.
JB 17.03.2013
Internação
compulsória de crianças usuárias de crack: só 25% de êxito
Levantamento
exclusivo no Rio mostra que de 200 acolhidas, só 50 voltaram à vida na
sociedade
Maria Luisa de Melo
Às vésperas de
completar dois anos, a internação compulsória de crianças e adolescentes no Rio
de Janeiro está surtindo pouco efeito na recuperação dos pequenos usuários de
crack e outras drogas. Levantamento obtido pelo Jornal do Brasil junto à
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social revela que apenas 24,88% das
crianças levadas forçadamente para abrigos tiveram êxito no tratamento. Ou
seja, das 200 crianças já acolhidas, apenas 50 alcançaram a tão falada
reinserção social.
Os dados indicam
ainda que outros 59,7% fugiram dos abrigos mantidos pela Prefeitura do Rio para
onde foram levados. Outra parcela - 15,42%
- refere-se aos transferidos para abrigos de outras cidades.
Há exatos dois anos,
diante do grande número de usuários de crack nas principais vias da cidade, a
Prefeitura do Rio começou as ações conjuntas nas cracolândias. Em maio de 2011,
deu o pontapé inicial à internação forçada de crianças. Pressionada pelo
Ministério Público do Rio de Janeiro, que avaliou a medida como ilegal para
adultos, a Prefeitura mudou a política de internação forçada e passou a adotar
a expressão "internação involuntária" (que prevê laudo médico para
justificar a internação). A medida culminou na internação involuntária de
adultos logo no início deste ano.
Famílias desestruturadas
são o desafio.
Para a diretora do
Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas (Nepad) da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), psicanalista Ivone Ponczek, diante do baixo
resultado, há que se questionar a abordagem no acolhimento de crianças e
adolescentes feito hoje nas ruas da cidade com participação da Polícia Militar.
Psicanalista alerta
para necessidade de mudança na abordagem e tratamento de crianças e jovens
usuários de crack
"O que vem
sendo feito pela Prefeitura é, no mínimo, questionável. Não é fácil recuperar
um usuário de drogas, mas a abordagem atual precisa ser questionada. Tratamento
não é punição, e a polícia só deve entrar no circuito em caso de clara ameaça
de agressão", diz a psicanalista.
Ivone ressalta ainda
que o principal desafio para reinserir as vítimas do crack é a situação
familiar atípica. "As famílias destas crianças e adolescentes são
completamente desestruturadas. É muito difícil recuperar uma criança quando a
família não tem base, e têm, muitas vezes, pais também usuários de
drogas", alerta.
Para Bernardo da
Gama Cruz, psicólogo do Nepad que há sete anos atende exclusivamente
adolescentes, a questão da vulnerabilidade social à qual está submetido este
grupo de usuários de crack não é o único empecilho para a recuperação dos
pequenos.
A cada 200 crianças
ou adolescentes internados, apenas 50 se recuperam. Outros 75% fogem
"A internação é
uma etapa considerada necessária, um recurso que se pode lançar mão em
determinada etapa do tratamento. Mas há a necessidade do tratamento continuar
depois da alta. Esta, sem dúvida, é uma grande dificuldade. A desintegração da
família, muitas vezes, impede a continuidade do tratamento e isto é
extremamente prejudicial", aponta Gama Cruz.
Para o presidente do
Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ), Pedro de Jesus,
há falhas na política aplicada pela Prefeitura.
"Há uma
importância grande na manutenção das equipes multidisciplinares de saúde, com
psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, médicos e etc. Já encontramos
muitas falhas nos abrigos visitadas logo no início da internação compulsória.
Mas hoje não sei se a Prefeitura já fez as mudanças que havia prometido",
questiona.
Veja detalhes dos dados
divulgados pela Prefeitura:
- O índice de sucesso corresponde a 24,88%, sendo:
- Reinserção na família de origem por determinação judicial: 18,41%
- Reinserção na família de origem sem determinação judicial: 1,99%
- Reinserção na família extensa por determinação judicial: 1,99%
- Transferência para família acolhedora por determinação: 0,50%
- Transferência para outro abrigo após término do acompanhamento: 1,99%
- O índice de evasão e/ou transferência equivale a 75,12%
- O índice de insucesso equivale a 59,7% (principal motivo: evasão)
- Transferência para outro abrigo 15,42% (crianças reencaminhadas para outras cidades e/ou que voltaram para os respectivos abrigos após evasão).
O Globo 19/12/2012
Crack: 120 crianças
estão internadas para tratamento contra o vício no Rio
Justiça dá 1ª decisão
favorável a internação compulsória de menor
Ana Cláudia Costa e
Renata Leite
Usuários de crack ocupam margens da Avenida Brasil, próximo ao Parque
União
Pablo Jacob / O Globo
RIO - A luta contra o
crack não é exclusiva de adultos. No Rio, pelo menos 120 crianças estão
atualmente internadas em cinco Centros Especializados de Atendimento à
Dependência Química e na Unidade Municipal Casa Viva, em Laranjeiras, segundo
dados da Secretaria municipal de Assistência Social. Na quarta-feira, a
Justiça se manifestou de forma favorável à internação compulsória de usuários
de crack, em decisão do desembargador Paulo Rangel. Ele indeferiu um pedido de
habeas corpus impetrado pela Defensoria Pública, que pedia a liberação de uma
usuária adolescente. Foi a primeira envolvendo um menor no Rio.
A internação compulsória de menores viciados em
crack foi iniciada com base num novo Protocolo de Abordagem Social. As crianças
e os adolescentes dependentes da droga são levados para tratamento por
assistentes sociais e psicólogos da Secretaria municipal de Assistência Social.
Para o órgão da prefeitura, a internação compulsória de menores é a grande
responsável hoje pela retirada de menores usuários de crack das ruas, onde
vivem vivem em situação de abandono e perigo. Nos abrigos, os viciados recebem
atendimento médico e acompanhamento de psicólogos, educadores, terapeutas
ocupacionais e assistentes sociais.
De acordo com a Secretaria municipal de Assistência
Social, o município tem hoje 178 vagas nos centros de tratamento. Depois de
serem recolhidos e levados para essas unidades, os menores passam por uma
avaliação, para que seja identificado o nível do vício de cada um. No período
em que permanecem internados nos centros de tratamento, eles passam por exames
para se saber se têm algum tipo de doença. É feita ainda uma avaliação
nutricional. Outra atividade é um trabalho de reaproximação com os pais e
outros parentes. Após o tratamento, o menor só é liberado e volta para casa se
ficar comprovado que foi matriculado numa escola.
A internação compulsória de adolescentes usuários
de crack está em vigor desde o ano passado. Em outubro deste ano, o prefeito
Eduardo Paes anunciou que ampliaria a medida também para adultos, o que gerou
polêmica. Em junho de 2011, a Justiça já havia determinado a primeira internação
compulsória de um adulto usuário de crack no Rio. Há uma discussão jurídica
sobre a constitucionalidade da medida, que o próprio Paes admite ser polêmica.
Viciados agora montam acampamento às margens da Avenida Brasil
O flagelo do crack na cidade fica bem evidente em
Ramos, onde usuários da droga montaram um verdadeiro acampamento, com barracas
e lonas usadas como abrigos, às margens da pista lateral da Avenida Brasil,
sentido Zona Oeste, próximo à Favela Parque União. Os viciados ocuparam um
aterro, do canteiro de obras do BRT Transcarioca. No local, eles usam drogas,
dormem, comem e tem relações sexuais. Por vezes, invadem a Avenida Brasil,
correndo o risco de ser atropelados e de provocar acidentes. Uma faixa da
pista, aliás — a que fica junto ao aterro —, foi interditada por cones.
Os usuários se concentravam antes na Praça do
Caracol, às margens da Avenida Brigadeiro Trompowsky, via de ligação com a Ilha
do Governador. Eles, no entanto, tiveram que deixar a praça às pressas na
semana passada, porque um grupo de homens invadiu o local e os agrediu a
pauladas. O caso foi confirmado por Paulo Silveira, integrante do movimento
“Respeito é bom e eu gosto”. Os mesmos agressores teriam teria jogado uma bomba
no local, avisando aos usuários que não queriam mais vê-los na praça.
Antes da agressão, segundo Paulo Silveira, uma
equipe de voluntários do seu movimento social esteve na cracolândia e entregou
aos viciados camisetas com os dizeres “Eu quero me tratar, mas onde?”.
Os agressores levaram todas as camisetas. Um
usuário, que se identificou apenas como Miguelzinho, contou que os homens
vestiam preto e bateram em todo mundo na cracolândia. Outro viciado disse que o
grupo era composto por milicianos. Após o ataque, os dependentes foram para a
Favela Parque União, mas, intimidados por traficantes, se transferiram para as
margens da Avenida Brasil.
Paulo Silveira disse temer uma chacina na região.
— Acredito que, se a situação continuar como está,
é inevitável que uma chacina, no estilo da que ocorreu na Candelária, venha a
acontecer nesse local. A aglomeração desses usuários de drogas na região vem
incomodando muita gente.
A cracolândia do Parque União, que fica às margens
da Avenida Brasil, tem sido alvo constante de operações. Após um mês de ações
consecutivas na localidade, foram realizados 657 acolhimentos, sendo 588
adultos e 69 crianças e adolescentes. De acordo com a prefeitura, o trabalho na
região vai continuar por tempo indeterminado.
No entanto, as ações do poder público vêm surtindo
pouco efeito. Segundo a Secretaria municipal de Assistência Social, apenas 10%
dos viciados recolhidos aceitam ajuda. Os outros 90% fogem dos abrigos e voltam
às cracolândias. Para dificultar o retorno, os assistentes sociais retiram as
roupas, cobertores, cadeiras e outros pertences deixados pelos usuários no
momento da fuga.
O Dia 5.11.2012
ONG de 'matador' tem contrato de R$ 34 milhões
em Guapimirim
Casa Espírita Tesloo tem contrato para fornecer funcionários — são 280 — para a prefeitura de Guapimirim
Casa Espírita Tesloo tem contrato para fornecer funcionários — são 280 — para a prefeitura de Guapimirim
Rio - Muito além da filantropia. Cuidar dos enfermos e desamparados
deixou de ser a única especialização da Casa Espírita Tesloo. Presidida pelo
rei dos confrontos armados do Rio — o major reformado da PM Sérgio Pereira de
Magalhães —, a organização pulou a cerca da utilidade pública e abocanhou outro
contrato milionário: além dos três convênios com a Prefeitura do Rio para
cuidar dos menores abandonados e famílias em situação de risco, a ONG é
responsável por treinar e fornecer mensalmente um corpo de 280 funcionários à
Prefeitura de Guapimirim.
Um contrato que ultrapassa os R$ 34,8
milhões e entrou na lista dos negócios suspeitos da Prefeitura de Guapimirim,
investigados pelo Ministério Público e pela Polícia Civil na Operação ‘Os
Intocáveis’. O trabalho levou à cadeia por irregularidades e desvio de verbas
públicas, em agosto, o então prefeito Renato Costa Mello Júnior, o Júnior do
Posto, dois secretários e o presidente da Câmara de Vereadores, Marcelo Emerick
(PPS), o Marcelo do Queijo.
O convênio com a Tesloo, por 12 meses,
foi publicado no Diário Oficial de Guapimirim no dia 5 de janeiro deste ano e
prevê que a casa espírita forneça mão de obra “técnica especializada para todas as
secretarias municipais”. Os serviços são os mais diversos: desde gente para o
quadro administrativo e de apoio nas escolas e creches até os garis e
motoristas, além de gerentes e pessoal de suporte contábil e jurídico.
O valor mensal do contrato da Tesloo
alcança os R$ 2,9 milhões — média de R$ 10,3 mil por funcionário — e prevê o
pagamento pela hora trabalhada. No caso de motorista, por exemplo, o município
desembolsa R$ 13,93 a hora - o que equivaleria a um salário fantástico de R$
111,44 pelo dia com oito horas de serviço.
O atual secretário de administração de
Guapimirim, Fernando Braga, admitiu que não sabe os valores pagos aos
servidores pela Tesloo. “Não sei. O garis fazem muita hora-extra. Se o valor é
muito alto, é por causa dos encargos sociais que estão embutidos no contrato”,
acredita Braga. Os garis, como os motoristas de Guapimirim, dizem que recebem
bem menos: R$ 1 mil por mês.
Secretário
justifica valores elevados
O secretário de administração Fernando
Braga admite que o contrato com a Tesloo foi uma espécie de máscara para
terceirizar o funcionalismo público. Era para atender a exigência do Ministério
Público — de regularizar os funcionários contratados sem concurso ou vínculo
empregatício.
Sobre os valores elevados do contrato
com a Tesloo, o secretário justifica o volume generoso de recursos com o
pagamento dos encargos trabalhistas. “Não é só o salário, tem INSS, FGTS e
outros custos”, analisa Braga, que não soube precisar o total gasto com os
demais servidores do município.
A investigação da Delegacia de Repressão
e Combate ao Crime
Organizado (Draco) listou as contratações como suspeitas de fraude. Na
apuração, alega que o prefeito Júnior do Posto, inclusive, desviava das funções
os funcionários terceirizados. Um deles era lotado na padaria suspeita de ser
fachada para a fraude na compra de farinha.
Operação em agosto prendeu o prefeito Junior do Posto, dois secretários
e o presidente Câmara de Vereadores | Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
As irregularidades encontradas na
prefeitura de Guapimirim incluíam o superfaturamento nos preços. O caso da
compra de carnes para a merenda escolar que, além de cara, nem sempre
terminavam na dispensa das creches e escolas, mas em açougues do município. As
fraudes, ainda em apuração, envolvem 16 pessoas e o grupo é acusado de desviar,
através de licitações fraudulentas, mais de R$ 1 milhão por mês.
TERRENO E
MÓVEIS DOADOS
As amizades que movem barreiras. A
apuração da ligação com a milícia de Sulacap e Magalhães Bastos do major
reformado Sérgio Magalhães traz à tona o Centro Poliesportivo Tenente-Coronel
Garcia. Presidida pelo colega de farda, o sargento Ipólito Pereira Campos, a
área esportiva fica dentro da área do Batalhão de Cavalaria de Guarda, na Vila
Militar.
O Exército assinou, em 2003 e renovou
até 2013, o contrato de “Cessão de Uso Não Oneroso” para a comunidade ter uma
opção de lazer. Realmente foi erguido um campo de futebol e uma área para
atividades comunitárias, além de cursos básicos. Mas uma faixa generosa do
terreno ganhou um lava a jato, que não faz parte do contrato.
Os negócios tocados pelo major Sérgio
Magalhães — autor de 42 mortos em supostos tiroreios —, também deram à Tesloo
frutos e bondosas doações. A maior veio da Agência Nacional do Cinema (Ancine):
foram R$ 272 mil em diversas mobílias fornecidas à Casa Espírita, em outubro do
ano passado, logo após a extensão do contrato da ONG com a Prefeitura do Rio. O
negócio foi assinado pelo diretor-presidente da agência, Manoel Rangel Neto.
Outra doação à casa espírita veio da
Prefeitura do Rio. De acordo com o levantamento do Tribunal de Contas do
Município, a Tesloo ganhou uma lista interminável de material permanente para
servir os centros de atendimento aos dependentes químicos. Só tem um pequeno
detalhe: não há nenhuma cláusula no contrato com o termo de doação. Ao TCM, a
Secretaria Municipal de Assistência Social respondeu que a Tesloo deve
apresentar, ao final do contrato, o termo de compromisso em devolver o material
à prefeitura.
______
O Dia 30.10.2012
Após
escândalos noticiados pelo DIA outra instituição assume nesta terça-feira
abrigos, com corpo técnico da Tesloo, para cuidar de jovens dependentes por 180
dias
JOÃO ANTONIO BARROS
Rio - A Prefeitura do Rio deu o primeiro tiro nos contratos
da ONG do major reformado da PM Sérgio Pereira de Magalhães Júnior. A
Secretaria Municipal de Assistência Social retirou nesta segunda-feira das mãos
da Casa Espírita Tesloo o gerenciamento dos cinco centros para tratamento de
160 crianças e adolescentes dependentes químicos.
O fim do convênio não encerra o
atendimento aos menores abrigados: outra instituição filantrópica assume hoje,
em caráter emergencial, os espaços físicos dos abrigos e o corpo técnico
da Tesloo para cuidar dos jovens pelo prazo de 180 dias.
Pega de surpresa com o escândalo
envolvendo o presidente da casa espírita — como O DIA revelou, Sérgio
Magalhães é investigado por ligações com o grupo de milicianos de Sulacap e
matou 42 pessoas em supostos tiroteios —, além do pedido do Tribunal de Contas
do Município para não renovar os contratos com a Tesloo, a Prefeitura do Rio
foi obrigada a intervir e passou os últimos cinco dias procurando outra ONG
para manter o atendimento às vítimas das drogas, principalmente do crack.
Usuários consomem crack em frente ao
Parque União, na entrada da Ilha do Governador
Foto: Alexandre Brum / Agência
O Dia
Outros contratos de R$ 80 milhões
O contrato da Secretaria de Assistência Social
com a Tesloo para gerir os cinco centros para dependentes químicos começou em
2009 e previa o pagamento de R$ 7,5 milhões para atender 160 menores.
Outros convênios com a prefeitura, desde
2005, somam R$ 80 milhões de repasses à ONG, que ainda detém quatro contatos,
no valor de R$ 40 milhões, para ajudar na gestão de abrigos a menores e em
ações sociais com famílias vitimizadas.
Apesar de receber em média R$ 28 mil por
menor em 2011, o serviço da Tesloo foi reprovado nas inspeções feitas pela
Comissão de Direitos Humanos da Alerj e do Ministério Público.
Falta de funcionários especializados e
superfaturamento nos preços de alimentos e produtos de limpeza são
falhas constantes anotadas nas fiscalizações.
O relatório do MP destacou que os
técnicos não tiveram acesso ao cardápio impresso nos abrigos, não havia
frutas, legumes ou carnes na despensa no dia da inspeção e o almoço servido era
de feijão, arroz, angu e moela de frango.
Entre os problemas anotados, o MP
destaca a prescrição igual de remédios para todos os internos e a repetição da
receita por longos períodos sem avaliação clínica. E conclui que a Tesloo tem
‘apresentado histórico de dificuldade para cumprir a legislação’.
Contrato foi feito sem licitação
pública
O contrato da Tesloo não renovado pela
Prefeitura do Rio foi firmado sem licitação pública, em outubro de 2009. No
primeiro momento, era apenas para cuidar de 20 meninos e 40 meninas
usuários de drogas.
Em setembro do ano passado, ganhou
reforço fenomenal: passou para 160 menores atendidos, em virtude da
intensificação do combate ao crack.
O aumento na demanda esbarrou na
ineficiência do serviço. A ponto do Ministério Público pedir numa ação civil
pública a redução no número de menores abrigados num dos centros — a Casa Ser
Criança — para os iniciais 20 meninos, ao invés dos 40 que atualmente são
atendidos.
Cardápio inadequado
Os técnicos do Ministério Público
detectaram uma série de irregularidades nos centros administrados pela Tesloo.
A falta de capacitação dos funcionários, crianças sem escola e instalações
precárias foram unânimes nos cinco abrigos.
Foto: Reprodução
Até a rotatividade de pessoal, provocada
pelo atraso no pagamento, e a falta de fiscalização da Prefeitura do Rio foram
diagnosticados pelo MP.
Chamou atenção a falta de carnes e
frutas no cardápio e, na falta de médico, a repetição da receita médica — sempre
com remédios psicotrópicos. Na ação civil pública, em agosto deste ano, a
promotora Karina Fleury pede a proibição no aumento de vagas e que limite o
atendimento de jovens nos centros especializados no tratamento químico.
Arte: O Dia
_______
O Dia 28.10.2012
http://odia.ig.com.br/portal/rio/internos-sofrem-castigos-f%C3%ADsicos-e-qu%C3%ADmicos-em-centro-administrado-pela-tesloo-1.508114
http://odia.ig.com.br/portal/rio/internos-sofrem-castigos-f%C3%ADsicos-e-qu%C3%ADmicos-em-centro-administrado-pela-tesloo-1.508114
Internos
sofrem castigos físicos e químicos em centro administrado pela Tesloo
JOÃO ANTONIO BARROS
Rio - "Chegou o bombeiro, chegou o bombeiro! Vamos
acordar!" Os gritos, seguidos de baldes de água fria lançados sobre o
rosto das crianças, funcionam como despertador para os 44 meninos internados na
Casa Ser Criança, em Guaratiba.
Em um dos cinco centros de atendimento a
dependentes químicos administrados pela Casa Espírita Tesloo, o batismo matinal
serve como recado para os jovens não demorarem a sair da cama, como lembra o
estudante C., 13 anos.
A lição foi tirada dos três meses que
passou internado na ‘casa do terror’, como internos chamam o abrigo, aonde o
menor chegou para se livrar do vício da cocaína e aprendeu que a desobediência
poderia levá-lo a receber castigos físicos.
Casa Ser Criança, em Guaratiba, pertence
à Tesloo | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Nenhuma moleza para C., que acordava
entorpecido por um coquetel de quatro a cinco remédios — dois deles ingeridos à
noite — e viu um colega ser amarrado e lançado na
piscina como sanção por atraso. Não morreu por sorte.
Desacordado, teve que ser levado ao
posto de saúde do bairro. A reclamação dos pais, desta vez, fez a direção da
clínica se mexer, como lembra Monique Barbosa, mãe do menino J., que aos 11
anos passou pelo abrigo: “Transferiram o funcionário para outro setor e
esvaziaram a piscina”.
As histórias da "falta de
jeito" em lidar com menores usuários de drogas ilustram a ação civil
pública que a defensora Eufrásia Souza, da Coordenadoria de Defesa dos Direitos
da Criança e do Adolescente, move na Justiça do Rio contra a internação
compulsória.
“Falta gente especializada”, detalha
Eufrásia, que numa visita aos centros gerenciados pela Tesloo se impressionou
ao ver jovens dopados estirados no chão. Cobrou uma explicação do enfermeiro e
soube que o psiquiatra da ONG prescreveu os remédios e, o mais surpreendente,
por telefone.
“Só há um psiquiatra para todos os
abrigos. Ele passa uma vez por semana em cada um. Na emergência, os enfermeiros
ligam e ele passa o remédio”, informa a
defensora. O chamado SOS — doses elevadas de tranquilizantes — também é
ministrado como castigo para os fujões.
A constatação aparece no relatório da
inspeção feita pela comissão multidisciplinar, a pedido da Comissão de Direitos
Humanos da Assembleia Legislativa.
Além de administrar os mesmos remédios a
todos os pacientes, eles detectaram que, nos casos de fugas e ‘rebeldia’, os
menores recebiam duas injeções de Haldol (antipsicótico) e Fenergam
(antialérgico). É o castigo químico.
Acolhimento compulsório é criticado pela defensora Eufrásia de Souza:
"Falta gente especializada"
Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Menores em abrigo não frequentam
escolas
Enquanto sobram lições de abuso, falta
frequência escolar aos menores abrigados nos centros da Casa Espírita Tesloo.
De acordo com a defensora Eufrásia de Souza, poucos são os menores em
tratamento de desintoxicação matriculados na rede pública, apesar de a
internação dos jovens durar no mínimo três meses.
Obrigar a matrícula de todos os
abrigados faz parte da carta de exigências proposta em ação civil na Justiça
pela promotora Karina Fleury, da Vara da Infância e Juventude da Capital. A
Tesloo nega os casos de maus-tratos e a administração generalizada de
medicação, além das falhas na educação.
Histórico conturbado
A Casa Espírita Tesloo é presidida pelo
major reformado da PM Sérgio Pereira de Magalhães Júnior, o xerife do
recolhimento compulsório. Levantamento do DIA mostrou
que o oficial participou das mortes de 42 pessoas entre 1999 e 2002, ocorridas
em supostos tiroteios com bandidos.
Os laudos cadavéricos das vítimas
apresentam sinais de tiros disparados a curta distância na cabeça e peito. O
oficial é investigado na 33ª DP (Sulacap) por envolvimento com o grupo de
milícia de Magalhães Bastos e Sulacap. Sérgio nega a suspeita e diz que as
mortes foram em legítima defesa.
Relatório relata punições sofridas por
internos | Foto: Reprodução
Relatório lista punições
O relatório da Comissão de Direitos Humanos da Alerj aponta que, em caso
de fuga, os menores atendidos nos centros administrados pela Tesloo são
castigados. Uma das "penas" é a aplicação de injeção com o chamado
"SOS".
A medicação, que faz os jovens dormirem até por um dia inteiro, é
prescrita pelo psiquiatra, que normalmente aparece nos abrigos uma vez por
semana. Mas foram verificados casos de que os jovens têm os pés e as mãos
amarrados.
O Dia 27.10.2012
http://odia.ig.com.br/portal/rio/contrato-de-ong-de-matador-n%C3%A3o-ser%C3%A1-renovado-1.507846
http://odia.ig.com.br/portal/rio/contrato-de-ong-de-matador-n%C3%A3o-ser%C3%A1-renovado-1.507846
Contrato
de ONG de matador não será renovado
Prefeitura
segue orientação do TCM sobre a Tesloo
JOÃO ANTONIO BARROS
Rio - Com os dias contados. A Secretaria Municipal de
Assistência Social vai seguir a recomendação do Tribunal de Contas do Município
para não renovar nem assinar novos contratos com a Casa Espírita Tesloo. A
única indefinição é o destino dos
160 meninos e meninas atendidos nos cinco centros de atendimento a dependentes
químicos.
Como o contrato, no valor total
de R$ 7.556.000, expira na próxima segunda-feira, a Prefeitura do Rio estuda
uma solução para manter os jovens em tratamento.
Nesta sexta-feira, o corpo
jurídico e técnico da secretaria passou o dia reunido tentando saídas para
manter os menores abrigados. Um das alternativas é selecionar novas
instituições religiosas, mas esbarra na falta de vagas disponíveis. Outra saída
seria manter a Tesloo por um período curto até selecionar o novo parceiro.
A Casa Espírita Tesloo é presidida pelo major reformado da PM Sérgio
Pereira, que matou 42 pessoas em confronto com supostos bandidos | Foto: Carlos
Moraes / Agência O Dia
Neste caso, usaria o argumento
jurídico de não causar prejuízo às crianças para driblar temporariamente a
decisão do TCM. A Casa Espírita Tesloo é presidida pelo major reformado da PM
Sérgio Pereira de Magalhães Júnior, que entre 1999 e 2002 matou 42 pessoas em
confronto com supostos bandidos.
Como O DIA denunciou, em alguns
casos as vítimas apresentavam sinais de tiros a curta distância na cabeça e no
peito. A ONG tem outros quatro contratos em vigência com a Prefeitura do Rio,
no valor de R$ 30 milhões. Outros três convênios, no valor total de R$ 15,6
milhões, já foram concluídos, mas não terminou a prestação de contas.
A recomendação do TCM é para
impedir a prefeitura de renovar ou assinar novos contratos até o fim da
auditoria nas contas apresentadas pela Tesloo.
Na análise preliminar, os
técnicos do tribunal verificaram indícios de superfaturamento de preços e serviços contratados que
deixaram de ser realizados.
Um dos itens que chamaram a
atenção foram os aluguéis pagos pelas casas onde funcionam os centros da ONG.
Apesar de localizadas em bairros pobres da Zona Oeste, os valores chegam a R$
13 mil.
Fim das
verbas e multa se exigências forem ignoradas
Termina no fim de novembro o
prazo de 90 dias para que o Município do Rio
de Janeiroe a ONG Casa Espírita Tesloo se adequem às exigências para o
atendimento aos menores usuários de drogas acolhidos nos cinco Centro de Apoio
ao Dependente Químico (CADQ).
Caso as adequações não sejam
cumpridas, a Justiça determina a suspensão do repasse das verbas e multa diária de R$ 1 mil. As
instituições estão vinculadas à ONG, com verba repassada pelo município. A
prefeitura recorreu.
Abrigos funcionam em casas alugadas por valores superiores aos de
mercado. Além disso, alguns contratos não foram apresentados ao Tribunal de
Contas do município | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Ação Civil Pública foi impetrada
em agosto pela promotora Karina Fleury, da 7ª Promotoria da Infância e
Juventude, com base em vistoria feita com equipe do MP.
Segundo a promotora, a Tesloo
precisa, entre outras exigências, fazer o plano individualizado de cada criança
e 100% do atendimento de Saúde Mental e na rede pública de ensino. Cabe ao
município fiscalizar e avaliar o cumprimento dos termos do convênio.
_______
O Dia 26.10.2012
http://odia.ig.com.br/portal/rio/ong-de-matador-recebe-r-28-mil-por-viciado-em-crack-internado-1.507380
http://odia.ig.com.br/portal/rio/ong-de-matador-recebe-r-28-mil-por-viciado-em-crack-internado-1.507380
ONG de matador
recebe R$ 28 mil por viciado em crack internado
Dono da Tesloo
diz que matou 42 em legítima defesa
JOÃO ANTONIO BARROS
Rio - As casas amplas, bom quintal, mas com aspecto de
abandono, paredes descascadas e desbotadas, localizadas em bairros pobres do
Rio de Janeiro ganharam perfil de Zona Sul. Pelo menos na planilha da Casa
Espírita Tesloo. Na prestação de contas à Prefeitura do Rio de Janeiro, a ONG
justificou o pagamento mensal de R$ 13 mil com o aluguel de três humildes
imóveis onde funcionam os centros especializados de atendimento à dependência
química, em Guaratiba. No bairro de Cinco Marias — onde estão os abrigos — uma
residência simples e espaçosa custa R$ 60 mil e os aluguéis nunca ultrapassam
os R$ 1 mil. E olha que a prefeitura paga — e muito — para cuidar das crianças
e adolescentes vítimas das drogas: só no ano passado desembolsou R$ 3,5 milhões
— em média R$ 28 mil por menor — à Tesloo.
A suspeita de irregularidades nos
aluguéis dos imóveis — onde nem o contrato de locação foi apresentado — e o
elevado custo para manter as crianças nos abrigos foram algumas das razões que
levaram o presidente do Tribunal de Contas do Município, Thiers Vianna
Montebello, a recomendar esta semana à Secretaria Municipal de Assistência
Social que não faça novos contratos e nem renove os atuais convênios mantidos
com a Casa Espírita Tesloo.
O prazo é até a conclusão da auditoria
nas contas da ONG, presidida pelo major reformado da PM Sérgio Pereira de
Magalhães Júnior — um recordista em autos de resistência e que acumula 42
mortes em confronto com supostos bandidos, como O DIA mostrou
ontem com exclusividade.
Os contratos da Tesloo com a Prefeitura
do Rio, todos sem licitação, somam R$ 80 milhões desde 2005. Oito estão em
vigência e, destes, três, em fase final, ainda dependem da prestação de contas.
O relatório do TCM indica
irregularidades em quase todos os convênios firmados para administrar os
centros de acolhimentos de dependentes químicos, como superfaturamento em
alimentos e nos produtos de limpeza e higiene. Há suspeita do uso de recibos
falsos para encobrir desvios de verba, como a compra de cinco molhos de salsa
por R$ 64,50, e possíveis notas fiscais frias — emitidas pela Cerealista
Amazonas Ltda com a descrição de produtos que ela nunca comercializou.
A análise dos técnicos do TCM mostram
que a Casa Espírita Tesloo apresenta custo incompatível com os serviços
prestados. E anexam a vistoria feita pela Prefeitura do Rio nos abrigos de
Guaratiba e Campo Grande, quando diagnosticou a falta de prontuários e guias de
recolhimento atualizados dos menores internados, ausência de médicos listados
como funcionários e a precária manutenção dos prédios e do mobiliário dos
centros.
Freixo critica falta de profissionais
do ramo na ONG
A reportagem de O DIA, com a denúncia do
envolvimento do major reformado Sérgio Pereira de Magalhães Júnior na morte de
42 pessoas em supostos confrontos, repercutiu ontem na Assembleia Legislativa.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos, o deputado Marcelo Freixo (Psol)
considera que a Tesloo, apesar de gerir cinco centros especializados em
dependência química, é dirigida por pessoas sem especificidade e sem quadro
técnico compatível com a necessidade do enfrentamento ao crack.
“Não é um valor pequeno (contratos entre
a ONG e a prefeitura). Tudo se justifica pelo drama que o crack representa aos
olhos da opinião pública. E não se pode justificar tudo em função do dano
causado por uma droga — não há nem um estudo que aponte o número de pessoas
viciadas em crack no Rio, hoje”, criticou, em plenário.
Abrigos funcionam em casas alugadas por
valores superiores aos de mercado. Além disso, alguns contratos não foram
apresentados ao Tribunal de Contas do município
Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Para a deputada Janira Rocha (Psol), a
política de internação compulsória de jovens usuários de drogas é “fachada para
a higienização da cidade”. Segundo ela, a Secretaria de Assistência Social
exibiu pesquisa mostrando que 18% dos jovens recolhidos nas ruas eram usuários
de drogas. Janira revelou que o governo empregou este ano menos da metade da
verba destinada ao tratamento de dependência química. “Dos R$ 29 milhões
aprovados, 36% foram usados, segundo alertou o deputado André Corrêa em debate
no plenário. E para 2013, a proposta orçamentária do governo é reduzir 40% da
verba”, afirmou ela.
Recadastramento virou apenas um
relatório
Um dos convênios da Tesloo na lista
negra do Tribunal de Contas não é sobre atendimento a usuários de drogas, mas
para a atualização de 408 mil famílias do cadastro único, feito pela prefeitura
dos programas sociais do governo federal, como o Bolsa Família. A ONG, que
nunca prestou este tipo de serviço, ganhou o contrato de R$ 9.687.841,10, em
setembro de 2011. Após sete meses do prazo final da entrega dos documentos, a
Tesloo enviou apenas um relatório incompleto e com menos da metade da tarefa
realizada. Não constava nem a quantidade de funcionários contratados para a
execução do trabalho.
Major alega que matou 42 em legítima
defesa
O major reformado Sérgio Magalhães
alegou ontem que as 42 mortes citadas na edição do DIA ocorreram em confronto e
que agiu em legítima defesa. Garantiu que na 33ª DP (Realengo) ratificou sua
posição contrária à ação de milícias e que criou a Tesloo para ajudar a
reverter o “quadro degradante da dependência química” no Rio. Sobre a
orientação do TCM para a prefeitura não renovar os contratos com a Tesloo, a
ONG explicou que não se pronunciará enquanto não for notificada pela Secretaria
de Assistência Social. Ontem, o prefeito Eduardo Paes não quis comentar a
reportagem.
__________

http://odia.ig.com.br/portal/rio/dono-de-abrigos-do-crack-j%C3%A1-matou-42-1.506907
Dono de
abrigos do crack já matou 42
Presidente de
instituição que recebe verba pública para gerir centros para dependentes
químicos, major reformado da PM tem no currículo tiroteios que levaram 42 à
morte em três anos.
JOÃO ANTONIO BARROS
Rio - Os tiros a curta distância na cabeça e no antebraço de
dois adolescentes, de 16 e 17 anos, mortos num suposto tiroteio, há 12 anos,
sintetizam bem o histórico profissional do homem contratado pela Prefeitura do
Rio para cuidar de 178 jovens usuários de crack. No caminho inverso
do filantropo presidente da Casa Espírita Tesloo — a cogestora dos cinco
centros especializados em dependência química —, os anos de serviço na Polícia
Militar fizeram do major reformado Sérgio Pereira de Magalhães Júnior, 42 anos,
um colecionador de confrontos armados. Em quatro anos de combate nas favelas, o
oficial viu tombar nos tiroteios que protagonizou ao menos 42 pessoas, entre
1999 e 2002.
Sede da Tesloo: fundada em 2002 por um
grupo de amigos e parentes do major Magalhães | Foto: Carlo Wrede / Agência O
Dia
A fama de operacional e destemido valeu
a Sérgio Magalhães o título de ‘xerife’ de Magalhães Bastos, onde foi criado e
montou a base para seu serviço social. A reboque, virou alvo de investigação,
determinada pela Chefia de Polícia Civil em 2008, por suspeita de integrar grupo
de milícia na Zona Oeste. O major foi ouvido duas vezes em inquérito na 33ª DP
(Sulacap) para apurar a ligação de policiais com grupo que domina as
comunidades Sobral e Vila Brasil.
Na lista dos investigados, há três
velhos conhecidos de rua do major Júnior — como Sérgio Magalhães aparece na
denúncia e, curiosamente, é chamado pelos amigos no bairro. São eles os irmãos
Ítalo e Ipólito Pereira Campos, e Jailton Campos, todos PMs e que participaram
de mais de uma dezena de trocas de tiros com supostos traficantes, sempre sob a
supervisão do oficial, nos tempos de 22º BPM (Maré) e 14º BPM (Bangu).
Nem todos os usuários de crack são atendidos nos abrigos. Só os que
querem receber ajuda clínica | Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
Sérgio Magalhães e os irmãos Campos
formaram uma trinca do barulho nos quartéis e com um gosto pelo atacado: dos 23
autos de resistência registrados pelo major PM nas delegacias do Rio
de Janeiro e batalhões onde trabalhou, em pelo menos um terço
houve mais de uma vítima. Em um só episódio, na Favela da Coreia, em 2001,
foram cinco mortes. E mais: a precisão dos tiros do oficial é impecável. Quase
sempre os supostos criminosos foram atingidos na cabeça e no peito.
Rápido no gatilho
A rapidez com o gatilho nas operações
policiais se mostrou eficiente também
na administração da Casa Espírita Tesloo. Sérgio fundou a instituição em 2002
com um grupo de amigos e parentes. Até hoje, a mãe do oficial e o irmão, cabo
da PM, têm cargos na ONG e a mulher, Sabrina Fernandes, faz parte do grupo
administrativo.
Em três anos, Sérgio Magalhães fincou o
pé na Prefeitura do Rio e não saiu mais.
Mesmo sem qualificação, conseguiu
angariar R$ 1,8 milhão em verbas para cuidar dos menores abandonados e famílias
desamparadas. Mas o pulo do gato veio mesmo em 2009. De lá para cá, o combate
ao crack e o acolhimento de crianças e adolescentes injetaram R$ 78 milhões na casa
espírita e deram ao major o título de rei da internação compulsória.
Reforma por invalidez não freou troca de tiros
Amigos em Magalhães Bastos e na Justiça.
Ítalo e Ipólito Campos são testemunhas em ação na 4ª Vara de Fazenda Pública em
que o major pede à PM o reconhecimento da reforma por doença adquirida no
trabalho. Magalhães alega que em operação na Favela Nova Brasília, em 2003,
caiu de uma casa e feriu duas vértebras. Parecer do setor de neurocirurgia do
Hospital da PM, assinado pelo urologista Frederico Antônio Capper, atestou
invalidez permanente.
O problema cervical, no entanto, não o
impediu de entrar em favela e atirar em bandidos. Em 2007, foi chamado em casa
por amigo, de madrugada, e foi sozinho à Favela do Fumacê, em Realengo,
recuperar carro roubado. Na 33ª DP, Magalhães afirmou que só rumo à delegacia
notou o corpo de um homem no banco traseiro. Em 2011, saiu de moto e recuperou
veículo de outro amigo, em Deodoro. Na ação, trocou tiros com Patrick da Silva
e Silva, que morreu com duas balas na cabeça.
Tiros
certeiros na cabeça e no peito
Nos laudos cadavéricos dos mortos em
confronto com o major, mais de 60% das vítimas foram atingidas na cabeça, no
peito e no antebraço. As marcas sinalizam tentativa da vítima de se defender
com o braço diante da arma. Foi o que aconteceu com Leonardo Mendonça Leocádio,
16 anos, e Juliano Domingos Monteiro, 17, mortos na Favela 48, em Bangu, em
2000. O primeiro levou três tiros no pescoço, um na cabeça e quatro no braço
direito. O amigo, dois no peito e dois no braço direito.
A maioria das 42 mortes ainda são
investigadas nas delegacias ou no Ministério Público: seis viraram inquéritos
arquivados e 23 desses autos de resistência, elogio na ficha funcional.
Nossos comentários a respeito da matéria
a seguir publicada pelo jornal O Dia
Prefeitura maquia resultados
de seu programa de internação compulsória de crianças e adolescentes.
Algumas reflexões sobre os dados fornecidos pela Prefeitura do seu
programa de internação compulsória de crianças e adolescentes SUPOSTAMENTE
usuárias de crack e publicados na matéria do Jornal O Dia a seguir.
1.
De acordo com a Resolução SMAS Nº 20
de 27.05.2011 que criou e regulamentou o programa em questão (http://doweb.rio.rj.gov.br/sdcgi-bin/om_isapi.dll?&softpage=_infomain&infobase=30052011.nfo)
seu objetivo era:
Art. 3º - São objetivos do Serviço
Especializado em Abordagem Social:
I - construir o processo de saída das
ruas e possibilitar condições de acesso à rede de serviços e benefícios
assistenciais;
II - identificar famílias e indivíduos
com direitos violados, a natureza das violações, as condições em que vivem,
estratégias de sobrevivência, procedências, aspirações, desejos e relações
estabelecidas com as instituições;
III - promover ações de sensibilização
para divulgação do trabalho realizado, direitos e necessidades de inclusão
social e estabelecimento de parcerias;
IV - promover ações para a reinserção
familiar e comunitária.
Sendo assim, esse
programa deve ser avaliado a partir do universo de jovens que foram encontrados
pela Prefeitura nas ruas da cidade (690 jovens) e qual o
resultado obtido em relação a todos eles (50 “recuperados”), o que
representa uma taxa de 7% de o objetivo do
programa fosse somente afastá-lo do uso abusivo de drogas.
Como o objetivo do
programa era a reinserção social e familiar e somente 20% voltaram ao
convívio familiar e não temos notícias quanto aos demais, o resultado do
programa fica ainda mais comprometido.
2.
Se levarmos em consideração que uma pesquisa realizada pela própria
SMAS com as crianças e adolescentes internadas pela Prefeitura somente 18% era usuária de
crack (ver quadro a seguir), o que representa 36 indivíduos num universo de 201 internos, sendo que alguns dos internos jamais consumiram droga
alguma, sendo lícita ou ilícita, é impossível avaliarmos o resultado de tal
programa a partir dos dados constantes na matéria em questão e aqui transcritos.
3.
Por fim, é importante realçar que uma norma internacional determina
que programas de reinserção social e/ou de acolhimento de usuários de qualquer
tipo de droga seja feito somente após 5 anos o término do
processo de intervenção junto ao indivíduo, período necessário para que o
processo se consolide efetivamente. Como esse programa da Prefeitura foi
implantado em 31 de março de 2011, é impossível avaliar seus resultados nesse
momento.
Sem mais, atenciosamente,
Paulo Silveira
O Dia 24.10.2012
Programa tirou
do vício 25% de jovens internados
Para especialistas, preocupante é o baixo
índice dos que voltaram para as famílias: 20%
FRANCISCO EDSON ALVES / VANIA CUNHA
Rio - Enquanto a discussão da internação involuntária de
adultos viciados em crack gera polêmica, o sucesso na
recuperação de crianças e adolescentes usuários de crack levados para
tratamentos contra a vontade nos cinco Centros Especializados de Atendimento à
Dependência Química da prefeitura é de 25%.
Dos 201 menores de 18 anos já acolhidos
compulsoriamente entre maio de 2011 até agosto deste ano, segundo a Secretaria
Municipal de Assistência Social,
50 conseguiram se livrar do vício. O índice é considerado razoável por
especialistas. O preocupante, porém, é que somente 20% deles — com e sem
determinação judicial —, voltaram para suas famílias.
Nesta terça-feira, a proposta do
prefeito Eduardo Paes de internação compulsória, como O DIA mostrou com exclusividade na
sexta-feira, voltou a dividir opiniões.
Desde 2011, em 104 ações, 4,3 mil
adultos e 690 crianças foram acolhidos no Rio |
Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
A prefeitura afirmou que irá recorrer a
lei federal que permite a internação de adultos com base em laudos
psiquiátricos. Iniciativa semelhante está em teste em Maceió, Alagoas, mas lá
os pacientes têm que ter autorização das famílias.
“O índice de 25% de sucesso não é ruim,
levando-se em conta que a porcentagem considerável é de 30% em relação a drogas
em geral”, afirmou Jairo Werner, doutor em saúde mental e coordenador do
premiado projeto Restaurando Esperança, do Instituto de Pesquisas Heloisa
Marinho (Iphem).
Segundo a Secretaria de Assistência
Social, o índice de evasão e transferências dos menores dos centros de
atendimentos chegou a 75% desde o ano passado. A secretaria não informou, no
entanto, qual o tempo médio de internação de meninos e meninas, alegando que
‘depende de cada caso’.
Nos cinco centros municipais existem
hoje 178 vagas disponíveis para internações para crianças e adolescentes. Desde
março do ano passado, foram acolhidos 690 jovens. Apesar da quantidade,
atualmente 123 estão internados.
Lei prevê
internação forçada com laudos
A prefeitura vai se basear na Lei
Federal 10.216, que permite, através de laudo psiquiátrico, internação de
adultos viciados. Há três tipos de internações: voluntária (por vontade
própria), involuntária (sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiros)
e compulsória (determinada pela Justiça).
“Em crise, o usuário não consegue tomar
decisões”, alega Eduardo Paes. Dario Sousa, especialista em Sociologia Urbana
da Uerj, classifica a iniciativa como ‘política cínica e desumanizadora’, que
pode abrir ‘precedentes perigosos’.
“Em outras situações, o prefeito poderá
se achar no direito de tomar decisões pelos cidadãos”, justifica Sousa. Beatriz
Adura, psicóloga e integrante da Frente Estadual de Drogas e Direitos Humanos e
do Núcleo Estadual da Luta Antimanicomial, também protesta.
“A Lei é clara: a internação, em
qualquer modalidade, só é indicada quando os recursos extra-hospitalares se
mostrarem insuficientes. Querem passar com a carroça na frente dos bois”.
Margarida Pressburger, presidente da
Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, por sua vez, diz ser a favor da
internação involuntária. “Algo tem que ser feito. Mas tem que haver estrutura
de saúde melhor”.
Especialista no tratamento de
dependentes químicos, Analice Gigliotti não é contra a medida, mas ressalta que
é preciso oferecer bom tratamento aos pacientes. “A cada 15 pessoas internadas,
é preciso dois a três psicólogos, um médico de plantão por dia, no mínimo dois
enfermeiros”, enumera.
O Globo 25.10.2012
ONG que mantém abrigo contra crack não
pode renovar contrato
TCM suspeita de irregularidades nas
contas. Responsável é PM investigado por crimes
Luiz Ernesto Magalhães
RIO — A prefeitura do Rio se vê diante de um impasse para manter abertas
160 das 178 vagas que dispõe em abrigos especializados para tratar de crianças
e adolescentes viciados em crack — ou seja, 90% do total. O contrato da
Secretaria municipal de Assistência Social com a Casa Espírita Tesloo, que
oferece as vagas em cinco unidades, vence na próxima segunda-feira e não será
renovado. A ONG é alvo de uma inspeção especial do Tribunal de Contas do
Município (TCM) por causa de suspeita de irregularidades na prestação de contas
e da qualidade dos serviços oferecidos aos menores. Por essa razão, o TCM
encaminhou na última terça-feira ofício à prefeitura recomendando que não
renove contratos da entidade até a conclusão das investigações.
Na quinta-feira, o jornal “O Dia”
revelou que a entidade é dirigida pelo major reformado Sérgio Pereira de
Magalhães Júnior. O oficial é citado em 23 autos de resistência que resultaram
em 42 mortes durante operações em áreas carentes, entre os anos de 1999 e 2002.
Na da 33ª DP (Realengo), há um inquérito que investiga o suposto envolvimento
de Sérgio Pereira com milícias. Procurado pelo GLOBO, o major reformado não
retornou as ligações.
A Secretaria de Assistência Social havia
marcado uma concorrência entre entidades sem fins lucrativos para garantir a
manutenção das 160 vagas em abrigos justamente para a segunda-feira — as 18
vagas restantes para os menores são em instalações próprias do município. As
entidades selecionadas deverão precisar de algum tempo para se preparar, mas
pela decisão do TCM, o contrato atual com a Tesloo sequer poderia ser
prorrogado. Em meio ao impasse, a prefeitura busca uma alternativa para evitar
a descontinuidade no atendimento.
Segundo levantamento da vereadora Andrea
Gouvea Vieira (PSDB), a Tesloo firmou contratos no valor de R$ 79,8 milhões com
a prefeitura desde 2005, dos quais já foram pagos R$ 42,5 milhões. Hoje a Casa
Espírita Tesloo mantém cinco contratos com a prefeitura administrando direta ou
indiretamente 310 vagas para menores de rua. Deste total, 150 em contratos que
só vencem em 2014. Além das 160 vagas para dependentes de crack, oferece mais
52 em abrigos para adolescentes e crianças que não usam a droga.
____
Agência Brasil - 27/08/2012
Denúncia reacende debate sobre
internação compulsória de usuários de drogas
As recentes denúncias sobre o tratamento inadequado de crianças e adolescentes
usuários de drogas, em quatro abrigos do Rio de Janeiro, reacendeu a antiga
polêmica em torno do modelo ideal de tratamento. De um lado, alguns
especialistas temem o retorno do modelo manicomial para usuários de drogas. De
outro, psiquiatras e representantes do governo justificam a necessidade da internação
involuntária.
Para alguns especialistas, o tratamento involuntário de crianças e
adolescentes usuários de drogas, como do crack, é uma alternativa legal
necessária. O psiquiatra Marcelo Ribeiro, professor do Departamento de
Psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), acredita que a
internação involuntária é a saída para algumas situações em que o usuário de
droga perde o discernimento e a capacidade de decisão.
“O que existe é uma parcela de pessoas que tem problema agudo com a
droga. Nesses casos a internação, compulsoriamente ou voluntariamente, salva vidas”,
disse ele, acrescentando que a medida é “um dispositivo de saúde publica
importante, mas tem diferenciação”.
O professor critica o tempo e as condições com que a alternativa
tem se caracterizado. Ribeiro afirma que o tempo de internação não pode se prolongar
por meses, como o que foi constatado nas unidades no Rio.
“No Rio de Janeiro as crianças ficam meses. Em relação a isso, sou
contrário. Mas, aquilo não é internação compulsória é serial killer a
manutenção de uma pessoa internada e ficar lá durante meses”, avaliou.
A medida foi adotada no Rio de Janeiro em maio do ano passado, sob
fortes críticas de movimentos ligados aos direitos da infância e aos direitos
humanos. Na época, representantes do governo da capital fluminense argumentaram
que a ação do Poder Público tinha como objetivo garantir a integridade física
dos jovens. A justificativa foi respaldada, inclusive, em artigos do Estatuto
da Criança e Adolescente, que asseguram o direito à vida e à integridade
física. Para o governo local, seria inadmissível permitir que crianças e
adolescentes usuárias de crack continuassem nas ruas, vulneráveis à
prostituição e outros crimes sem que as autoridades agissem.
A internação compulsória está presente também em Belo Horizonte e
em São Paulo.
O especialista em psiquiatria pela Universidade de Londres ainda
contrapõe às correntes críticas quando se trata do financiamento das
comunidades terapêuticas. “É um espaço de internação baseada no convívio,
muitas vezes com viés espiritual. Este modelo também salva vidas para alguns
pacientes. Às vezes, viver um período em uma comunidade com estrutura e regras
é importante”, explicou.
O presidente da Comissão de Segurança Pública da Ordem dos
Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP), Arles Gonçalves Júnior, explica que
a internação compulsória está prevista em lei nacional [Decreto 891, de 1938] e
independe da decisão dos governos locais. Segundo ele, o Poder Público tem o
dever de “salvar a vida”. Mas a defesa do advogado limita-se, segundo ele
mesmo, à questão jurídica.
“O país não tem condições de oferecer este serviço hoje. A saúde
pública precisa se estruturar para atender, de forma digna, estas pessoas. Não
posso pactuar com esta postura de pegar as pessoas à força e internar onde não
vai ter o tratamento correto”, disse, destacando a falta de vagas para
atendimento.
A alternativa apontada pelo advogado para que o Estado ofereça
condições adequadas de tratamento seriam parcerias com a iniciativa privada. “E
tem que fiscalizar para que não haja desvio de dinheiro e para que o tratamento
aconteça realmente. O problema é que apesar de estar nas leis, os órgãos não
fiscalizam.”
Para o coordenador da Comissão Nacional de Direitos Humanos do
Conselho Federal de Psicologia, Pedro Paulo Bicalho, o que tem acontecido onde
existe a política de internação compulsória é uma “atitude de recolhimento com
a máscara do acolhimento.”
21.09.2012 rev Época
ONG
que trata usuários de crack é acusada de desviar verba
Parceira da prefeitura do Rio de Janeiro
no programa de internação de viciados, a ONG Tesloo está sob suspeita de
irregularidades
MAURÍCIO MEIRELES
Um dos mais controversos programas de
combate ao crack completará
um ano e meio de atividade. Adotado pela prefeitura do Rio de Janeiro, em maio
de 2011, como resposta ao avanço de uma epidemia com graves impactos sociais, é
o único no país que prevê internação compulsória de menores viciados. O caso do
Rio conta com o apoio do governo federal e é apontado como inspiração para
programas de combate ao crack em todo o Brasil – país que lidera o consumo de
cocaína fumada no mundo, segundo uma pesquisa da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp).
SUPERFATURAMENTO
Um menor viciado em crack é recolhido numa rua do Rio de Janeiro.
(Foto: Fábio Teixeira / Ag. O Globo)
(Foto: Fábio Teixeira / Ag. O Globo)
Uma
investigação do Tribunal de Contas do Município (acima) aponta irregularidades
num contrato de R$ 9,5 milhões
Boa parte dos recursos municipais
destinados ao programa está indo para a conta de uma ONG suspeita de
superfaturar compras e de não executar parte dos serviços, de acordo com o
Tribunal de Contas do Município (TCM) e com fiscais da própria prefeitura. A
gravidade das suspeitas levou o Ministério Público do Rio de Janeiro a
instaurar um inquérito para investigar o caso. A ONG chama-se Casa Espírita
Tesloo. Fundada em 2002 por Sergio Pereira de Magalhães Junior, um PM
reformado, com sede em Magalhães Bastos, na Zona Norte do Rio, tornou-se a principal
parceira da prefeitura carioca na área social. A entidade administra três dos
quatro abrigos municipais usados para o acolhimento compulsório de viciados,
mas sua atuação vai além do crack. Desde 2005, a Tesloo assinou convênios que
somam R$ 80 milhões. Pelo menos metade já foi paga à entidade. Essa profícua
parceria com o Poder Público não aparece na página da ONG na internet. Nela,
lê-se que toda doação é bem-vinda, pois a Tesloo diz que não recebe “nenhum
subsídio garantindo a continuidade dos serviços por nós prestados à
comunidade”.
Nos serviços prestados à comunidade com
recursos públicos, a Tesloo falha. ÉPOCA teve acesso a um relatório sigiloso em
que o TCM analisa um contrato de R$ 9,5 milhões, de 2009, e aponta a existência
de superfaturamento – envolvendo compra de produtos de limpeza e higiene, além
de comida, para as casas de acolhimento mantidas pela ONG. Os fiscais
encontraram também notas fiscais irregulares e recibos suspeitos. Outro
convênio, de R$ 6 milhões, assinado no ano passado, também apresentou
problemas. A Tesloo deveria registrar e atualizar informações de 408 mil
famílias no Cadastro Único dos programas sociais do governo federal. Entregou
um relatório incompleto, com pouco mais da metade do objetivo cumprido.
Ao visitar os abrigos da Tesloo, em 2009 e 2010, fiscais da Secretaria de
Assistência Social relataram um cenário desolador: armários, camas e banheiros
quebrados e sujos. Crianças dormiam no chão. A Casa Ser Criança, na Zona Oeste
do Rio, não tinha psicólogo. Os fiscais constataram que um dos psiquiatras
contratados nunca tinha ido ao abrigo. A internet e o telefone estavam
cortados, por falta de pagamento. Em 23 de março de 2010, a coordenação
encarregada da Casa Ser Adolescente, abrigo para viciados em Campo Grande,
também na Zona Oeste, informou aos fiscais que a Tesloo não repassava os
recursos para o bom funcionamento da unidade.
ÉPOCA visitou, no mês passado, a Casa Ser Adolescente. A chácara de um piso,
com quartos e mobiliário simples, tem paredes com pintura descascada e janelas
gradeadas. A piscina estava suja e sem proteção, como no relato feito dois anos
antes por fiscais da prefeitura. Um relatório do Ministério Público do Rio de
Janeiro sobre visitas realizadas nos dias 4 e 5 de setembro revela, em fotos,
armários de ferro quebrados e sem portas. O abrigo Bezerra de Menezes, também
mantido pela Tesloo e o primeiro visitado pela blitz do Ministério Público,
apresentava mato acumulado nos jardins, colchões no chão e privadas sem
assento.
Apesar do histórico problemático, a
Secretaria de Assistência Social continuou fechando novas parcerias com a
Tesloo. Assinou, neste ano, mais quatro convênios, num valor total de R$ 30,2
milhões, terceirizando o atendimento social e centros de acolhimento. Diante da
gravidade dos fatos descobertos, o Tribunal de Contas do Município decidiu
passar o pente-fino em todos os convênios da Tesloo com a prefeitura. A direção
da ONG não respondeu ao pedido de entrevista de ÉPOCA e repassou a demanda à
prefeitura. A Secretaria Municipal de Assistência Social afirmou, em nota, que
“as deficiências do atendimento (nos abrigos da Tesloo) foram informadas
à Tesloo no dia da fiscalização para as soluções cabíveis” e que esse é “um
procedimento de rotina”. Para resolver o problema do superfaturamento nas
compras, a Secretaria informa ter fixado limites de preço para a compra de
alimentos, uma tentativa de coibir generosidade com dinheiro alheio. Diz ainda
que tomará “todas as medidas cíveis e penais, se for o caso”. Que as eventuais
irregularidades descobertas não atrapalhem uma causa tão importante quanto o
combate à epidemia de crack.
18/08/12 O Globo
‘Redução de danos para a plateia ver’, diz promotor
Metodologia do programa e abrigos carioca são criticados
RIO - A metodologia adotada pelo programa federal “Crack, é possível vencer”, conhecida como política de redução de danos, é mais um alvo de críticas. Não por não ser adequada, mas por não estar sendo implantada como era esperado.
Médicos, pesquisadores e promotores que atuam na área afirmam que o que se vê no trabalho de campo é bem diferente do que se faz em outros países que seguem essa mesma filosofia de combate às drogas — já reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Enquanto na Holanda o governo distribui seringas a viciados em heroína para diminuir o compartilhamento de agulhas e, consequentemente, a incidência de hepatite e aids, por exemplo, no Brasil faz-se a remoção contínua dos dependentes que padecem nas ruas. Um exemplo de que discurso e prática vêm se distanciando.
— Aqui, é contra a lei o Estado fornecer drogas. E não temos substâncias que substituem o crack. Então nossa redução de danos é para a plateia ver — diz Marcos Kac, promotor que coordena a seção de Justiça Terapêutica do Ministério Público Estadual do Rio.
— O Brasil está investindo muito dinheiro num negócio que comprovadamente não dá certo. A remoção continuada de viciados das ruas não funciona sozinha e tratar apenas quem se apresenta voluntariamente é pouco — diz Florencia Balestra, pesquisadora do Instituto Igarapé. — Se a taxa de recuperação dos viciados que querem se tratar é baixa, imagina daqueles que são obrigados.
Desde 31 de março de 2011, a Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio fez 94 ações em cracolândias cariocas. Nelas, foram registrados 4.706 acolhimentos. O GLOBO pediu aos envolvidos no programa federal dados oficiais sobre a reincidência de dependentes. Nenhum forneceu.
Na sexta-feira, um grupo compostos por profissionais dos conselhos regionais de Psicologia e Serviço Social do Rio, da PUC-Rio, do grupo Tortura Nunca Mais, da ONG Projeto Legal e da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) também apontaram problemas nos locais de tratamentos que funcionam na cidade. Num relatório feito com base numa visita realizada a quatro abrigos mantidos pela Casa Espírita Tesloo, que fica na Zona Oeste e é conveniada da prefeitura, o grupo aponta uma lista de deficiências. Entre elas, a “medicalização diária e generalizada”. Segundo o relatório, os dependentes dos quatro abrigos tomam por padrão quatro remédios diferentes todos os dias, além de injeções de Haldol e Fenergan (os chamados ‘Sossega Leão’).
— Haldol é um sedativo que diminui a atividade psíquica anormal como alucinações e delírios — diz o psiquiatra Jairo Werner. — Fenergan é um antialérgico que evita os efeitos colaterais do Haldol. O uso contínuo deles pode gerar sequelas como tremores.
Procurados pela reportagem, os administradores da Tesloo não retornaram.
______
18/08/12 O Globo
Combate ao crack anda a passos lentos
Programa do governo federal esbarra na baixa adesão dos estados e na dificuldade de atendimento
Cristina Tardáguila / Vera Araújo
RIO - Na última quarta-feira, depois de ver o filho de 15 anos quebrar o espelho de casa durante uma crise de abstinência de crack, a faxineira X., de 49 anos, moradora da Zona Oeste do Rio, tentou buscar ajuda por telefone. Ligou para a Clínica de Recuperação Michelle de Moraes, em Santa Cruz, mas ninguém atendeu. Discou para o Centro Estadual de Assistência sobre Drogas (Cead), em São Cristóvão, e o telefone tocou sem parar. Tentou o Instituto Philippe Pinel, em Botafogo, mas também não teve resposta. Discou ainda para a Secretaria de Saúde de Niterói e, por 25 minutos, conversou com uma psicóloga. Desabafou, mas desligou sem solução. Quase chorando, X. apelou para o 1746, número da prefeitura do Rio conhecido por sanar questões que vão do controle de roedores a entulho. Da atendente, X. recebeu um protocolo e uma promessa: em dois dias o município retornaria. O prazo já expirou.
A via-crúcis de X. ao telefone aconteceu depois de ter recorrido ao Conselho Tutelar, à Vara da Infância e Adolescência e até à igreja evangélica. Também já havia pedido ajuda ao Hospital Lourenço Jorge, na Barra, onde levou o filho, mas não encontrou amparo. Há cinco meses, X. luta para salvar o adolescente, mas a situação só faz piorar.
— Até água eu tenho que pôr na boca dele — conta. — Tenho que trocar o lençol e bater o colchão toda hora, pois ele cisma que tem pregos. Tenho vergonha de dizer, mas dá vontade de chegar para um juiz e falar: “Já que vocês não me ajudam, vou abandoná-lo”.
A agonia de X. é comum. O crack avança pelo Brasil, e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, fala em “epidemia” nacional. Em dezembro do ano passado, a presidente Dilma Rousseff lançou com status de prioridade um programa federal para fazer frente à questão. Com orçamento de R$ 4 bilhões divididos entre os ministérios da Saúde, Justiça, Educação e Desenvolvimento Social, o programa “Crack, é possível vencer” vai até 2014 e tem como metas aumentar a oferta de tratamento, enfrentar o tráfico e ampliar a prevenção.
Nos primeiros oito meses, no entanto, pouco foi feito no quesito tratamento. Nas duas últimas semanas, O GLOBO solicitou, mas não obteve do Ministério da Saúde o número de atendimentos feitos pelo programa. O ministério alega que a contagem será feita a cada 12 meses e que a primeira será em março de 2013. Enquanto isso, ressalva, o controle é feito por visitas dos gestores às cidades contempladas.
Só um centro infanto-juvenil pronto
A execução orçamentária também anda devagar. Documento da Secretaria de Comunicação da Presidência da República informa que, de dezembro a março, o Ministério da Saúde autorizou o repasse de R$ 41,5 milhões. Ao todo, até 2014, a pasta terá direito a R$ 2 bilhões. O ministério diz que de dezembro de 2011 a junho de 2012 “executou R$ 378,6 milhões”, 19% do total.
A baixa adesão ao programa é outro ponto sensível. Só 12 estados aderiram ao programa. São Paulo, por exemplo, ainda não figura na lista oficial.
No que diz respeito às metas, o programa também avançou pouco. Dados do Ministério da Saúde apontam que, dos 3.600 mil leitos que seriam criados ou qualificados até 2014, só 79 funcionam. Das 188 unidades de acolhimento infanto-juvenil, só uma saiu do papel (em Vitória, no ES). Dos 323 consultórios de rua prometidos, só 74 abriram.
Entre as ações já realizadas, destaca-se, no entanto, o treinamento de mão de obra. Em todo o país, foram capacitados 13 mil auxiliares de enfermagem e 177 mil agentes comunitários de Saúde, além de 500 profissionais de nível superior e 30 mil alunos de graduação.
— O programa está indo muito bem, tomando como base que as metas são ambiciosas — defende Leon Garcia, coordenador adjunto de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do ministério: — Antes o problema das drogas era visto isoladamente. Hoje, estão envolvidos vários ministérios.
O município do Rio, onde X. vive, recebeu R$ 20 milhões do programa. Com a verba, a Secretaria Municipal de Saúde diz que 30 de seus 120 profissionais de Saúde mental foram treinados em 2011 e que outros 50 serão beneficiados até o final deste ano. Além disso, foram criados dois centros de atenção psicossocial, três consultórios de rua e duas emergências psiquiátricas — no hospital Lourenço Jorge e na Policlínica Rodolfo Rocco, em Del Castilho.
De acordo com a Secretaria de Saúde, X. não conseguiu ser atendida ao ligar para o Pinel porque a linha do instituto estava com defeito. Responsável pelo Cead e pela clínica de Santa Cruz, a Secretaria Estadual de Assistência Social diz que a falta de informação contribuiu para o não atendimento.
— Em caso de surto, deve-se recorrer à polícia ou ao Samu — diz Leonardo Pecoraro, do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas.
Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde de Niterói não explicou por que não pôde atender ao adolescente.
17/08/2012 G1
Relatório denuncia encarceramento e dopação de menores em abrigos do Rio.
Conselhos de psicólogos e assistentes sociais elaboraram documento. Profissionais põem em xeque a política de recolhimento compulsório.
Os conselhos regionais de Psicologia (CRP-RJ) e Serviço Social (CRESS-RJ) do Rio de Janeiro divulgaram relatório, nesta sexta-feira (17), em que apontam encarceramento e dopação de crianças e adolescentes nos abrigos da Prefeitura do Rio. Os conselhos visitaram quatro abrigos na Zona Oeste da cidade, onde crianças e adolescentes são recolhidos compulsoriamente por conta do uso de álcool e drogas, especialmente o crack.
Os conselhos consideram o quadro "preocupante" e põem em xeque a política de recolhimento compulsório do município.
Entre outros pontos críticos, o relatório cita: "isolamento, medicalização descontrolada, falta de informações sobre resultados, orientação religiosa, confusão entre saúde e assistência e violação de diretrizes dos ministérios da Saúde (MS) e de Desenvolvimento Social (MDS)".
Segundo o relatório, as unidades são geridas pela ONG Casa Espírita Tesloo, que seria presidida por um policial militar reformado e teria os contratos questionados pelo Tribunal de Contas do Município (TCM). O valor dos contratos somaria R$ 67 milhões somente na gestão de Eduardo Paes, alerta o documento.
As entidades que participaram das fiscalizações alertam para o regresso à "lógica manicomial de internação no Rio de Janeiro e para uma “confusão deliberada entre saúde e assistência”.
Além dos dois conselhos, participaram das visitas e da elaboração do documento o Núcleo de Direitos Humanos da PUC-Rio, o Grupo Tortura Nunca Mais e a ONG Projeto Legal, além da Comissão de Direitos Humanos e de organismos de prevenção e combate à tortura da Assembleia Legislativa. Um total de 27 profissionais participou do trabalho. As visitas foram feitas em maio de 2012, em quatro abrigos especializados, em Campo Grande e Guaratiba.
Sobre o isolamento e encarceramento, o documento diz: "Há uma limitação para contato telefônico com a família que varia entre apenas um ou dois dias por semana, dependendo do abrigo, bem como apenas um ou dois dias para visitação. As crianças e adolescentes passam o dia inteiro no abrigo, com raríssimas atividades externas, e ficam proibidos até mesmo de ir à escola".
O relatório denuncia a “medicalização diária e generalizada" nas quatro instituições vistoriadas. "As equipes foram informadas que os garotos abrigados tomam, por padrão, quatro tipos diferentes de medicamentos diariamente, além de injeções compostas por Haldol e Fenergan (os chamados ‘SOS’ ou ‘Sossega Leão’)", diz o documento. Os profissionais afirmam também que medicamentos iguais são usados na mesma dosagem em meninos de diferentes idades e complexões físicas, "sem que sejam levados em conta aspectos psicológicos e socioculturais".
A reportagem do G1 procurou a Secretaria municipal de Assistência Social, que ficou de dar uma resposta, mas até o fechamento desta reportagem não havia dado o retorno.
_______
_______
23.07.2012 O Dia
De cada 10 mulheres recolhidas em
cracolândias no Rio, oito estão grávidas.
PAMELA OLIVEIRA
Rio - Tainá e Luciana (nomes fictícios), 19 anos. A mesma
idade, a mesma história. Elas mergulharam no crack e engravidaram Uma luta
contra a dependência química e sonha em reaver o filho, que vive em abrigo. A
outra perdeu a batalha: fugiu de clínica já com barrigão.
A gestação que surge a partir da vida
que escoa no vício é realidade cada vez mais comum no Rio. Hoje, de cada dez
mulheres apreendidas nas cracolândias, oito estão grávidas, segundo estima Ana
Carolina Freitas, educadora que atua nas operações da Secretaria Municipal de
Assistência Social.
A notícia da gravidez não afasta a
mulher da droga. Muitas sequer percebem que esperam bebês e são surpreendidas
com a revelação já no fim da gestação, geralmente prematura, afirmam
assistentes sociais.
“A maioria das garotas que recolhemos
nas cracolândias estão grávidas. Elas não sabem quem são os pais porque
geralmente se prostituem para ter pedras de crack e não se cuidam. Às vezes, a
gente recolhe a mulher com um barrigão e, meses depois, ela está novamente lá.
Quando perguntamos, ela diz que o bebê ficou na maternidade ou está com o
Conselho Tutelar. O crack para elas é mais forte do que a maternidade”, conta
Ana Carolina.
Perda da guarda
O DIA revelou neste domingo que o uso de
crack por mães e pais já fundamenta a maioria dos pedidos de destituição do
poder familiar feita pelo Ministério Público estadual no Rio de Janeiro.
Em caso de bebês afastados de suas
famílias pela Justiça, a frequência é ainda maior, alcança 90% dos
casos.Internada em maio com cinco meses de gestação na Clínica Ricardo Iberê
Gilson, em Valença, Tainá sucumbiu à agonia da abstinência.
Sem poder ingerir os mesmos medicamentos
e dosagens que outros pacientes, por conta da gravidez, fugiu com o filho na
barriga pela terceira vez.
Ela fora internada após apelo da família
à Justiça. Tainá abandonara o lar para viver em cracolândias e não sabe quem é
o pai da criança.
Luciana visita Victor toda semana no abrigo. Em luta contra o crack, ela
se esforça para poder recuperar a guarda
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
“Acho que meu filho vai ser meu
companheiro contra a droga. Espero uma vida melhor para ele. Quero muito ficar
com meu filho, cuidar dele”, disse ela na semana de sua internação. A
manutenção da guarda da criança estava condicionada a um relatório que a
instituição teria que enviar à Justiça quando nascesse.
“A última informação que a família dela
tem é a de que ela estaria em São Paulo. Ela ligou para a mãe para dizer que
não era para se preocupar porque estava bem. Não sabemos se a criança já
nasceu. A mãe dela está desesperada”, conta Rozane Gonçalves Pinto, diretora da
clínica.
Ela revela que Tainá atravessava o
período mais difícil do tratamento quando abandonou tudo.
Luta em nome do filho
O crack levou Luciana para as ruas.
Mesmo quando soube da gravidez, continuou na cracolândia do Jacaré, de onde foi
levada, às pressas, para dar à luz Victor (nome fictício), no Hospital Geral de
Bonsucesso, há seis meses.
Ela descobriu a gestação ao ser
socorrida num posto de saúde. “Na época, eu não queria ter um bebê. Continuei
usando crack”, desabafa a jovem, que visita Victor toda semana na Casa de
Passagem Ana Carolina, em Bonsucesso.
Desde que ele nasceu e foi para o
abrigo, ela luta contra a droga: “Tudo que eu quero é levar meu filho comigo.
Antes, eu não pensava no futuro, era só a droga”.
Psicóloga da casa, Celina Freitas
acompanha a evolução de Luciana, que se diz livre do vício: “No início, ela
vinha do Jacaré, suja, com fome. Hoje, tem outra postura, é apaixonada por esse
filho e isso está ajudando muito”.
Em busca da guarda
Hoje sem a guarda do filho, Luciana pode
recuperá-la se provar sua recuperação. “Nada impede que isso ocorra. Se a
mulher abandonou o recém-nascido na maternidade, não o procurou e só voltou
três meses depois, para mim é um caso irreversível porque você não vira as
costas para um filho e volta depois. Mas se essa mãe não fugiu do hospital e
começa a fazer tratamento contra a droga, é um caso diferente”, explica a
promotora Ana Cristina Macedo.
Algumas dessas mães não viveram a vida
toda na rua, têm família que pode ajudá-las a se livrar do vício, pondera a
promotora.
“Tivemos o caso de uma mulher que era
esclarecida e queria muito aquele filho. Ela ficou no hospital, ajudou as
enfermeiras, foi protetora. Na audiência, eu fiquei até comovida. Então você vê
que a maternidade pode fazer a pessoa mudar. É possível, mas não é a maioria”,
revela Ana Cristina.
26.07.2012 O Dia
ONGs que acolhem viciados e são investigadas por receberam R$ 103 milhões da prefeitura
ADRIANA CRUZ
Rio - Elas atuam na acolhida a dependentes químicos e
moradores de rua, têm contratos questionados pelo Tribunal de Contas do
Município (TCM), mas já receberam R$ 103.631.471,57 dos cofres públicos da
Prefeitura do Rio em três anos.
As ONGs Tesloo, Obra de Promoção dos Jovens e Central de
Oportunidades são acusadas de superfaturamento na compra de alimentos. Nesta
quarta-feira em ação de combate ao crack nas favelas do Jacarezinho e Pica-pau,
66 pessoas foram recolhidas, entre elas, mais uma grávida.
No Jacarezinho, agentes flagraram homens dormindo nas ruas
Foto: Rodrigo Melo de Carvalho / SMAS
Desde de domingo, O DIA mostra que gestantes
viciadas abandonam os filhos na maternidade ou perdem a guarda deles. O uso de
crack pelos pais é a principal motivação das ações do Ministério Público
estadual de destituição do poder familiar. Nos
processos que envolvem bebês, o índice chega a 90%. A estimativa é que 80% das
mulheres retiradas de cracolândias estejam grávidas.
Desperdício
Enquanto o número de usuários de crack
se multiplica, há desperdício de dinheiro público em contratos de ONGs que
cuidam de dependentes.
A Casa Espírita Tesloo é a recordista de
convênios com a Secretaria de Assistência Social (SMAS). O órgão informou que
são R$ 79,2 milhões em contratos de 2009 a este ano: R$ 37 milhões já foram
pagos.
A ONG pagou R$ 64,50 por cinco molhos de
salsa ano passado, 10 vezes a mais que o cobrado em supermercados. A Tesloo
apresentou notas fiscais de compras de alimentos que não eram
vendidos pelo seu fornecedor, a Cerealista Amazonas Ltda. O Ministério Público
investiga a entidade.
Um contrato, R$ 29 milhões
A ONG Obra de Promoção dos Jovens ocupa
o segundo lugar no ranking de contratos com SMAS. São R$ 56,3 milhões dos quais
R$ 29,6 milhões já foram pagos.
A entidade também teve irregularidades
na prestação de contas identificadas pelo TCM, como o desperdício na compra de
alimentos. “Não existe corrupção sem o envolvimento de servidores, operadores
de ONGs e empresas”, disse Cláudio Rangel, professor de Administração Pública
da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Outra grávida
recolhida em cracolândia
Principal cracolândia da cidade, o
Jacarezinho já foi alvo de 28 operações de combate à droga em um ano e meio.
Nesse período, 1.667 pessoas foram recolhidas pela Secretaria Municipal de
Assistência Social. Na ação de ontem, mais uma grávida foi encontrada pelos
agentes.
Na segunda-feira, três gestantes foram
retiradas de outros pontos de consumo na Zona Norte. Uma delas jamais tinha
feito pré-natal, não sabia o tempo de gestação e nem quem é o pai de seu filho.
Desde 31 de março de 2011, quando
começaram as operações conjuntas da secretaria com órgãos de segurança, houve
94 ações em cracolândias cariocas. Foram acolhidos 4.706 pessoas que vagavam
nesses locais, das quais 663 eram crianças ou adolescentes.
__________
25.07.2012 O Dia
Ministério
Público vai investigar ONG
Adriana Cruz e Diogo Dias
Rio - Ministério Público estadual abriu inquérito civil para
investigar os contratos da Casa Espírita Tesloo com a Secretaria de Municipal
de Assistência Social.
Como O DIA revelou nesta
terça-feira, relatório do Tribunal
de Contas do Município constatou irregularidades em dois convênios da
organização não governamental, como superfaturamento na compra de alimentos.
Cinco molhos de salsa que custam R$ 6,50
foram adquiridos por R$ 64,50. Só este ano, a secretaria assinou mais dois
convênios com a Tesloo no valor de R$ 23,5
milhões para o acolhimento de menores dependentes químicos e moradores de rua.
O tribunal identificou ainda
irregularidades em convênios com a Associação Projeto Roda Viva Construção da
Cidadania da Criança, Obra de Promoção dos Jovens e
Central de Oportunidade.
Na prestação de contas da Central de
Oportunidades, há três faturas de telefone no valor de R$ 20.476,98. Para os
inspetores do TCM, não há justificativa para a despesa, que sequer está
prevista no convênio.
Operação em Manguinhos retirou 88 das
ruas
Com um cigarro nas mãos, uma criança de
8 anos assistia com naturalidade uma operação em cracolândias da Zona Norte.
“Isso aqui não é crack, doutor. É só um
cigarrinho comum”, argumentou a um dos policiais o menino acolhido. A ação
retirou ontem 16 menores e 71 adultos das favelas do Jacarezinho, Manguinhos e
Arará, em Benfica, entre eles três gestantes. Armada, uma delas foi presa.
O número de grávidas em cracolândias
impressionou os agentes. Segundo eles, a quantidade deve ser ainda maior já que
muitas viciadas não sabem que esperam um bebê.
Como O DIA tem
mostrado ao longo da semana, grande parte abandona ou perde a guarda do filho
ao dar à luz.
O uso de crack pelos pais já é a
principal motivação das ações de destituição de poder familiar, segundo o
Ministério Público estadual.
Durante a ação, gestante de 22 anos foi
presa com uma amiga por tráfico de drogas, associação para o tráfico e posse
ilegal de arma de uso restrito. A polícia encontrou com elas uma pistola
calibre 9mm, 2 carregadores municiados, 611 pedras de crack e 66 sacolés de
cocaína.
Grávida foi retirada da cracolândia de
Manguinhos por assistentes sociais durante ação da Polícia Civil
Foto: Tânia Rego / ABR
“Essa gestante não sabe quanto tempo tem
de gravidez e não faz ideia de quem é o pai. Ela disse que não procurou médico
para o pré-natal. A criança já nasce vítima do crack”, lamenta um policial
civil que prefere não ser identificado.
“O garoto de 8 anos que vimos lá parecia
vivido, acostumado com aquele mundo. As crianças são vítimas. Muitas veem a
família caída por causa da droga”, comenta o delegado Marcello Braga Nunes,
titular da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), responsável pela
operação.
Policiais da especializada contam que
muitas crianças buscam refúgio nas cracolândias por sofrerem maus-tratos em
casa. “Elas preferem ficar na rua porque sofrem agressões ou são abusadas por
familiares”, relata policial que participou da operação.
______
G1 RJ 18/07/2012
Consumo de crack se espalha pelas ruas do RJ
Cerca de 3 mil usuários buscam a droga em 11 cracolândias da cidade. Polícia diz que proibição do uso nas favelas espalha o movimento nas ruas.
O consumo de crack está se espalhando pelas ruas do Rio. Principalmente, depois que traficantes começaram a proibir o consumo em algumas favelas da cidade para evitar a ação da polícia nas comunidades.
Às 8h30, muitos usuários de crack estão num sono pesado depois de passar horas consumindo drogas, na cracolândia do Jacarezinho, no Jacaré, no subúrbio do Rio, a maior da cidade. Eles dormem em qualquer canto: junto aos carros, no meio do lixo, amontoados, como mostra reportagem do RJTV.
Aos poucos eles acordam e dão início à mesma rotina do vício: usam um copo de plástico como cachimbo, e um isqueiro para queimar a pedra.
Os pontos de consumo se espalharam para além do Jacarezinho. Pessoas totalmente dependentes da droga foram flagradas em ruas de Bonsucesso, Higienópolis e Benfica, no subúrbio, onde fumam ao lado dos moradores.
Um levantamento feito pela Secretaria municipal de Assistência Social identificou cerca de três mil usuários de crack que ficam perambulando pelas ruas em busca da pedra mais barata. Ainda de acordo com o mapeamento, o Rio tem atualmente, pelo menos, 11 cracolândias em diferentes bairros da cidade.
Se antes a linha do trem, em Manguinhos, no subúrbio, por exemplo, era um local muito visado pelos usuários, agora, com as obras de suspensão dos trilhos, um antigo caminho do trem se transformou, ao lado da Rua Leopoldo Bulhões, se transformou em território de usuários da droga. Por causa da chuva nesta quarta-feira (18), muitos montaram barracas embaixo do viaduto.
Na rua, dois jovens, um deles de uniforme escolar, passam o copo plástico de um para o outro. Uma pesquisa feita pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas (Nepad), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) ouviu 61 adolescentes com idades entre 12 e 18 anos. Todos dependentes de drogas.
Os números relacionados ao crack espantam. Segundo a pesquisa, 66% eram usuários da pedra, 25% fumavam maconha e 5% eram dependentes de cocaína. Ainda de acordo com a pesquisa, para sustentar o vício do crack eles chegam a gastar R$ 740 por semana.
Eles muitas vezes assaltam motoristas e pedestres: 63% dos dependentes de crack assumem roubar a mão armada para conseguir dinheiro rápido. Nas redondezas de uma cracolândia, há sempre histórias de crimes praticados por dependentes de crack.
“Tentaram me pegar a carteira, eram garotos, não eram adultos não”, disse um homem que não quis se identificar.
“Tentaram me pegar a carteira, eram garotos, não eram adultos não”, disse um homem que não quis se identificar.
Segundo a polícia, a expansão das cracolândias está ligada à restrição imposta por traficantes. De acordo com os agentes, muitos criminosos começaram a proibir o consumo nos arredores das favelas. Seria uma forma de evitar problemas com a polícia perto da comunidade.
A equipe do RJTV conversou com um PM que confirma a proibição em comunidades do Conjunto de Favelas da Maré e de outras regiões da cidade.
“Os próprios cracudos, vulgo cracudo, estavam usando o entorpecente lá dentro e roubando as próprias pessoas da favela. por isso foi proibido. Favela da Maré, Parque União, Manguinhos, Jacaré, todo local que tem crack, está havendo essa represália em relação a isso”, disse o PM.
Imagens mostram uma mulher aparentemente grávida, que saiu da Favela do Jacarezinho. E só começa a fumar a pedra quando já está distante da comunidade, junto com outras quatro pessoas. O consumo do crack cada vez mais se espalha pela cidade.
Proibição de consumo nas favelas
A delegada Valéria Aragão, da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), diz que ainda está observando se os usuários foram proibidos por traficantes de consumir crack nas comunidades,.
“Não podemos esperar que o tráfico cumpra com a sua palavra. Eles não estão fazendo isso por uma preocupação moral e com a saúde dos usuários, mas sim por uma visão empresarial do seu lucro. Eles estão vendo se vale a pena correr o risco de operações policiais que são atraídas para as comunidades”, disse a delegada que compara a lucratividade do crack com a venda de maconha e cocaína.
Segundo a delegada, o usuário do crack – diferentemente de usuário de outras drogas, que faz o uso controlado de substâncias – é compulsivo. Eles chegam a fumar 30 pedras por dia. Ela diz que o número de usuários de crack está crescendo e, embora eles tenham uma sobrevida curta, a substituição dos dependentes é rápida.
Valéria Aragão diz que a polícia vem fazendo ações de inteligência no combate ao crack, que às vezes não têm resultados rápidos, mas que são mais eficazes. Na semana passada foram feitas três operações, nas favelas do Jacarezinho, Manguinhos e Mandela, com prisão de seis traficantes e apreensão de cinco mil pedras de crack.
“Temos informações de que ao menos a maior facção criminosa do Rio está se mobilizando para interromper a venda do crack, após o término de seus estoques, justamente para evitar as ações policiais tão constantes. Eles querem evitar essa visibilidade toda que o usuário do crack traz, que consome a pedra ostensivamente, escancaradamente, atacando populares”, destacou a delegada.
Daphne Braga, da Secretaria municipal de Assistência Social (SMAS) destaca que crianças e adultos são acolhidos compulsoriamente e levados para abrigos, quando encontrados em situação de rua. Ela diz que vai ampliar o atendimento aos usuários, com o apoio da polícia.
Ninguém olha para a privação dessas mães. São excluídas da sociedade e não têm direito nenhum respeitado. O estado apenas volta os olhos para essas mães no momento de condená-las e puní-las.
ResponderExcluirÉ assim que querem resolver o problema do crack, que é apenas um mero detalhe na vida dessas mães.
Que tal desenvolver ainda mais seu raciocínio Helô?
Excluiré o crack que está "tirando" crianças das famílias?
ResponderExcluirComo?
Por exemplo essa parte da reportagem:
“Segundo ela, antes do crack, as ações de destituição do poder familiar eram motivadas por maus-tratos, violência física e sexual: “Agora, isso tudo vem acoplado ao crack. A pessoa passa a ser agressiva e negligente por causa da droga. Antigamente, era negligente porque era. Ou porque bebia ou usava cocaína. Não tenho mais nada disso. Agora é crack”.”
Na minha leitura, isso afirma que a pobreza, miséria e falta de recursos e falta presença do Estado ANTES, acabou abrindo espaço para a dependência de crack dos genitores. E o Estado chega com a polícia e conselho tutelar quando a situação já está insustentável e é de fato, necessária a separação da família.
Outra parte que quero comentar:
“O consumo do crack na gravidez e todas as consequências da droga, como a desnutrição das mães, deixa herança ingrata para bebês: problemas respiratórios, sífilis congênita e HIV (vírus da Aids).”
Desnutrição nas mães tem mais a ver com miséria e falta de recursos que com crack. Ações de Redução de Danos poderiam ter oportunizado aproximação de agentes que estariam atentos à alimentação, hidratação e profilaxia quanto a DSTs ANTES.
A ação do crack no organismo humano é de fato, devastadora. Preocupo-me, porém, com afirmações que personificam a substância como se ela tivesse vontade própria, e colocam na conta dela toda a miséria, abandono e falta de ação pública, que nos acompanham desde antes da década de 90 (chegada do crack), e é possível dizer, que oportunizam a popularização desse produto de ação tão eficiente e rápida para quem consome, além do custo competitivo - barato (o crack).
Obrigado Aline.
ExcluirCaso vc tenha algum artigo sobre o tema, nos envie.
Felicidades!