domingo, 18 de julho de 2010

Manifesto

Clique na imagem e tenha uma bela surpresa.


respeito é Bom e eu gosto!
Aprendi que só podemos olhar para o outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.
Gabriel Garcia Marques
Frase usada em presídios do RJ no início da década de 1980.


                   Prezados,
Sou um cidadão como outro qualquer, pai de 4 filhos, cada um com características próprias, motivos de alegrias, tristezas, preocupações como a de qualquer outro pai.
Ser pai para mim é a realização de um sonho e, com certeza, algo que não me arrependo de ter feito na vida.
Essa paixão por ser pai me leva a estudar / pesquisar sobre o “Exercício da Paternidade”, tendo organizado um ciclo de debates a respeito em 1997, o que originou um livro com 26 artigos de especialistas de diversas áreas (seu original encontra-se disponível aqui no blog em sessão própria para quem desejar lê-lo, imprimí-lo, divulgá-lo, enfim fazer uso dele), diversas entrevistas, palestras nacionais e internacionais, consultoria para o UNICEF, etc.


A partir de vivências familiares e da constatação que, infelizmente, minha família já não é uma exceção, ficou evidente que a questão das drogas não seria resolvida individualmente, mas somente coletivamente.
A OMS estima que 60% da população brasileira (aproximadamente 110 milhões de brasileiros) é atingida direta ou indiretamente pela compulsividade, manifestada através de sintomas diversos como o uso abusivo de drogas, jogos, internet, comida, trabalho, alcoolismo, etc.
Pesquisa recente com ex-obesos que passaram por cirurgias de redução do estomago demonstrou que um alto índice dos que  fizeram a cirurgia se entregaram a outra forma de manifestação da compulsividade (alcoolismo em sua grande maioria) por não terem sua questão de fundo tratada adequadamente. 
Segundo pesquisa do Ministério da Saúde a principal demanda das famílias brasileiras é por um programa que os oriente quanto à compulsividade e, principalmente, ao uso abusivo de drogas (ver matéria completa na sessão reportagens aqui do blog).
Já a pesquisa desenvolvida pela USP / UNESCO apontou que as escolas brasileiras são os principais pontos de difusão e comercialização de drogas, gerando uma das maiores demandas do coletivo escolar brasileiro: um programa de capacitação continuado que os habilite a atuar com essa questão.
Como não podia deixar de ser, a compulsividade interfere diretamente na produtividade dos trabalhadores, o que tem levado as empresas a não pouparem esforços para tratar funcionários de todos os escalões.
De acordo com matéria publicada em 17/07/2011 pelo Jornal Folha de São Paulo, o número de trabalhadores licenciados pelo INSS no primeiro semestre de 2011 "cresceu 22% em relação ao mesmo período de 2010 por problemas causados por uso de drogas ilícitas como cocaína e abuso de remédios sedativos e estimulantes, como antidepressivos e ansiolíticos (para controle da ansiedade).
Dos executivos, 15% usam substâncias psicoativas, segundo pesquisa do HCor (Hospital do Coração) com 829 pessoas de abril de 2009 a março de 2010, obtida com exclusividade pela Folha."
Para completar, o fenômeno do aquecimento global nos traz a necessidade de consumirmos apenas o necessário, obrigando-nos a abrir mão da compulsividade de consumir (vídeo a seguir).
Pelos motivos expostos e por diversos outros mais, especialistas estimam que a compulsividade será uma das principais epidemias a ser combatida no século XXI.
Reportagens em nossas mídias nos alertam diariamente para a gravidade da situação, mas continuamos a acompanhá-las perplexos e inertes, sem saber como agir e a quem recorrer (links abaixo)
   
Aqueles que são aprisionados por uma das inúmeras formas de manifestação da compulsividade, quando identificados, são classificados de Portadores de Distúrbios Psicossociais (PDPs).
Historicamente a sociedade tem optado por ignorar os PDPs, seus Familiares e Afins, até porque os envolvidos, devido à cultura reinante há séculos, se colocam numa posição como se estivessem em dívida com a sociedade, ficando sem vez e voz, retroalimentando um ciclo perverso que, cada vez mais, os empurra para a margem da sociedade, "marginalizando-os" literalmente. 
As famílias, ao serem responsabilizadas pela sociedade, se sentem envergonhadas / humilhadas, como se o fato de termos entre nossos integrantes um Portador de Distúrbio Psicossocial fosse um sinal inequívoco do nosso fracasso.
Com a vergonha surge a impotência, com a impotência a ausência da denúncia e sem a denúncia o poder público acaba por priorizar outras questões, relegando ao ostracismo 60% da nossa população!
“Primeiro entraram em nosso jardim e roubaram uma flor.
Nós não dissemos nada.
Depois o mais frágil deles entra em nosso quintal e mata nosso cão.
Nós não dissemos nada.
Depois conhecendo nosso medo, roubaram a lua, e arrancaram-nos a voz da garganta.
E como não dissemos nada, não podemos dizer mais nada.”
Vladimir Maiakóvski
Cansado de falar e não ser escutado, de ver uma geração de brasileiros sendo aniquilada (hoje a idade média do preso brasileiro é em torno de 22 anos enquanto que há 30 anos atrás era de 40 anos) e de presenciar distorções absurdas como, por exemplo, no Estado do Rio de Janeiro o Hospital Penitenciário tem um serviço específico para compulsivos, com atendimento médico, terapêutico e fornecimento de remédios, mas não existem clínicas para tratamento de compulsivos antes de se tornarem criminosos e menos ainda uma política pública de prevenção a compulsividade, me engajei no movimento "respeito é Bom e eu gosto!".
Simplesmente não posso pensar pelos outros, nem para os outros, nem sem os outros.
Paulo Freire
Não queremos eleger nem algozes nem vítimas, mas somente exigir que os direitos dos Portadores de Distúrbios Psicossociais, Familiares e Afins, como cidadãos que somos, sejam respeitados, inclusive para que melhor possamos cumprir com nossas responsabilidades.
ser livre não é fazer o que se queira; é ser senhor de si, saber agir pela razão, praticando o dever.”
Émile Durkheim
Nosso objetivo imediato é construir uma base sólida de apoio com instituições, personalidades, mídias, etc. que tragam representatividade ao nosso movimento. Agradecemos desde já indicações e apoios.
“É preciso sonhar, mas com a condição de crer em nosso sonho, de comparar escrupulosamente nossos sonhos com nossa realidade.
Sonhos, acredite neles.”
Lenin
Abraço e felicidades a todos,
Paulo Silveira